quinta-feira, 28 de junho de 2007

"Cidadão Kane" de Orson Welles - 1941

"A ascensão de um mito da imprensa americana, de garoto pobre no interior a magnata de um império dos meios de comunicação. Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst." - Extraído do site Adorocinema.
Finalmente assisti a esse clássico cinematográfico. Nossa, como eu já tinha ouvido falar desse filme, mas por algum motivo obscuro e misterioso (hehe) eu ainda não havia assistido.
Achei a fotografia cin. fantástica, adquirida através das milhares técnicas diferentes, conseguidas através de milhares de movimentos de câmera diferentes. O cara é foda!
Assisti na aula de Narrativa Cinematográfica para avaliarmos um exemplo de Focalização Externa Múltipla, (se não me engano). Isso acontece quando o "narrador" parece saber mais que os personagens. (Considerando-se o jornalista investigativo do filme). E múltipla porque a história é tecida por vários personagens que contam, no seu ponto-de-vista, o que aconteceu.
Ok. Confusões a parte, a trama reúne peças de um quebra-cabeça que é montado através da narrativa de cada interrogado sobre a vida de Kane. O mistério gira em torno da última palavra antes de sua morte "Rosebud"que a meu ver, faz referência a época em que Kane se sentiu mais feliz. Alguém que teve tudo que quis e perdeu tudo que teve.
O filme tem tiradas, frases que parecem ditados, e uma bela montagem. Lá no meu íntimo, por estar muito ansiosa, achei o filme um pouco demorado, mas só lá no íntimo. hehe

Não tenho tanto a dizer, preciso assistir mais filmes e ler muito mais pra formar opiniões melhores e bem estruturadas. O filme vale a pena e "."

segunda-feira, 25 de junho de 2007

"A menina santa" de Lucrecia Martel - 2004

Dirigido por Lucrecia Martel. Drama. Argentina, 2004.
Bom, gosto muuuito dos filmes argentinos. Gosto das tramas e dos diálogos. E esse filme não escapa do meu gosto.
Fiquei intrigada quanto ao título, porque ele parece bem irônico. Quem seria santa no filme afinal?! Nenhuma das adolescentes, nem a mãe, nem a professora...
Então fiz minha reflexão. Acredito que o título se refere a Amália, adolescente que se encontra numa fase de descobertas e aprendizado. Freqüenta aulas de religião e se depara com uma situação nova, relacionada a sexo e "pecado". Ela acredita encontrar vocação nessa descoberta de sexualidade.
O filme traz contrastes entre religião e "pecado" (sexo, traição, desejo). Como a jovem que não quer fazer sexo antes do casamento, mas se entrega de "outras formas"; ou a mãe divorciada (bela e carente) que deseja o Dr. Jano, sabendo que ele é casado e cliente hospedado no hotel onde trabalha; e a professora que é visada pelas alunas como beijoqueira e que se assanha com homens mais velhos.
O filme constrói uma trama, unindo histórias paralelas dos mesmos personagens, que desembocam num final que promete ser bem escandaloso, mas que a diretora preferiu "deixar no ar". O final (ou não-final) não chega a decepcionar, porque o que estava para acontecer ficou bem estruturado com a construção das cenas.
Enfim, achei o filme bem interessante e cheio de questionamentos, principalmente de religião e sexualidade. Um prato cheio para discussões cinematográficas.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

"Quem bate a minha porta?" de Martin Scorsese - 1969

Hum...o que dizer?!
Este foi o primeiro filme que pude assistir no Cineclube Rogério Sgazanela do curso de Cinema da UFSC.
Dirigido por Scorsese e se não me engano, seu primeiro longa-metragem. E me parece também, auto-biográfico.
Num primeiro momento, ao término do filme, detestei o conjunto. Mas em seguida, muitas coisas ficaram esclarecidas com o debate que se desenvolveu após o filme. Constatei que meu olhar crítico ainda é muito superficial e que filmes assim, desconstruídos e com montagens ousadas e de cinema independente, ainda não estão pro meu "bico".
O pessoal que estava lá falando e argumentando tinha um preparo bem maior e visualizaram no filme, coisas que eu nem tinha reparado, porque estava mais preocupada em me irritar com as sequências vistas. Até tive sonolência em alguns momentos, e talvez por isso, eu tenha perdido algo importante.
Enfim, de acordo com as visões dos colegas, concordo com algumas visões citadas por eles e apresentadas no longa.
A narrativa se intercala em mostrar J.R. (personagem principal) com os amigos, bebendo e fazendo farra, e as sequências de J.R. com a "the girl"que parece vir de um mundo distante de sua realidade. Ela, parece sim, ser um modelo de mulher ideal, contrastando com a fragilidade do mundo de J.R.
Mas, (opinião minha) quando ela narra a sequência em que foi violentada, de alguma forma, parece se aproximar do mundo violento e machista de J.R. Este por sua vez, não acredita em sua inocência e a julga assanhada, como as outras mulheres que não servem para casar, retratando a visão machista da época e que não foge muito da nossa realidade de hoje. Tudo isso tentando mostrar o conflito interno que J.R sofre em conciliar a vida amorosa, com os amigos e a religião.
Bom, superficialmente achei o filme horrível. Mas analisando de forma acadêmica e tentando buscar uma visão crítica, o debate esclareceu bastante a visão que tive do filme, e assim pude entender melhor e até (internamente) tentar algumas interpretações.
Espero participar de mais sessões e aprimorar minha visão cinematográfica.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Sorriso de uma bailarina triste


Era uma vez uma bailarina triste
Era triste porque só tinha uma perna e um braço
Seu criador lhe deu compasso
Mas ela não sabia bailarinar
Seu coração era grande
Mas não havia razão
Não havia cabeça
Membros, apenas
Um dia ela se olhou no espelho
e viu uma linda bailarina
Ser humor não era mais azul
era penteadeira, pincéis, paredes pastéis
A bailarina sorriu e não era mais triste
Não tinha cabeça, mas tinha sorriso
E felicidade fez disso.

A história das botinhas pretas

Cheguei há pouco tempo, mas desde o início elas me surpreenderam.
No começo não questionei, porque eu era nova. Mas depois, mais a vontade, resolvi perguntar porque elas sempre ficavam naquele canto, na mesma posição, intocáveis.
Alguém disse que a dona resolveu deixar ali.
Toda vez que eu entrava naquela salinha, sentava no troninho, observava as botinhas de cano curto, pretas no canto da parede, debaixo da pia. Olhava pra ver se estavam diferentes, mas não, sempre na mesma posição. Reparava no fecho, no ziper, ou se não estavam sujas, ou usadas, mas nada, absolutamente nada.
Pensava porque a dona das botas não as usava. Porque as abandonou naquele canto. Valor sentimental?! Porque não doou, não deu, não vendeu não jogou fora? Porque estavam há meses naquele canto?!
Um dia, entrei naquela salinha fria e reparei que uma das botas estava caída. Fiquei feliz só por pensar que elas haviam sido usadas. Mas a bota ficou caída por dias, na mesma posição. Vai ver foi o vento. Vai ver alguém mexeu e ficou com medo de colocar no lugar. Vai ver a dona ficou com pena e mexeu um pouco nelas, dando um pouco de carinho.
Pois é, as botinhas passaram a não ser apenas um objeto, mas a representação de algo que está ali num canto, intocável, inútil, imprestável. Poderia estar aquecendo os pés de alguém, poderia estar sendo tirada depois de um dia cansativo, poderia estar sendo gasta numa pista de dança, poderia estar atraindo olhares com os passos de um bom par de pernas, mas não, está ali, quieta, no canto, na mesma posição de sempre.
Toda vez que entro, reparo nas botinhas, e acho graça, porque estão sempre ali. As pessoas que estão há mais tempo por aqui, se acostumaram, nem falam mais da botinha. Mas quando eu pergunto, elas também acham graça.
Ninguém tem coragem de tirar a botinha dali. Acho que nem a dona.

"Cléo das 5 às 7" de Agnès Varda - 1961

Esse foi o último filme que eu vi (mais precisamente: ontem). A prof. de Dramaturgia quis fazer um paralelo entre a peça "Ësperando Godot" de Beckett e este filme.
Ainda não li a peça, mas resolvi comentar sobre o filme. Com direção de Agnès Varda (é uma mulher), francês e em preto e branco (com exceção do início). A história é de uma cantora que espera angustiada pelo resultado de uma biópsia. Ela acha que está doente e vai morrer. Isso gera conflitos internos que a levam a sair da sua rotina e parar para ver o mundo. Ela pára para se ver melhor no espelho, para ver as pessoas nas ruas, para ver acontecimentos banais que fazem parte do cotidiano de qualquer pessoa, todos os dias. São nessas descontrações que ela encontra alegria, companhia e reflexões diferentes.
Quando Cléo tira sua peruca impecável é como se estivesse tirando uma máscara social e passasse a ser ela mesma, a verdadeira Florence, cheia de qualidades e defeitos. O filme não possui uma trilha específica, mas os sons das coisas, das pessoas, das músicas diegéticas, parecem construir o silêncio que está presente na peça de Beckett. (tá eu li uns pedacinhos da peça)
Não gostei de alguns cortes na montagem do filme, porque pareciam falhas. Mas o conjunto ficou interessante. É um filme diferente, pra muitos colegas, até monótono. Mas recortar algo do cotidiano, em tempo real, sempre me fascinou. O filme literalmente é das 5 às 7 da vida de Cléo (ou Florence, como preferir).
Percebo nesse mundo, que são poucas, as pessoas que param pra perceber o mundo a sua volta. E até taxam de estranhas, esquisitas, loucas, as que fazem isso. Mas em algum momento, algo muda seu destino, sua rotina, e elas resolvem perceber, só que muitas vezes, tarde demais.

Caronas - título sugerido

Segue a prosposta que enviei pro Projeto de Curta que o curso está fazendo parte.
O governo federal liberou 100 mil reais pra produção de um curta metragem em 35mm, de cerca de 12 minutos. Todos os alunos, professores, servidores podem fazer parte do processo e estamos na primeira etapa: dar idéias, temas, argumentos pro projeto.
Eu enviei uma. Gostaria de ter compartilhado com um grupo, mas foi de última hora e em cima do laço.

Idéia sugerida

Nivaldo é um homem de meia-idade que mantém uma rotina normal de aposentado. Acorda, toma seu café, cuida do jardim, vê televisão, toma cerveja, joga cartas com os amigos, vai em festas de família, mas um dia, sua esposa simplesmente faz as malas e vai embora. Nivaldo fica sentado vendo sua esposa sair e continua assim, por horas, olhando a porta. Depois pega uma cerveja e fica na frente da televisão. Depois de três dias nessa mesma rotina, ele olha pra porta por um longo tempo, vai pro quarto e se olha por um longo tempo no espelho. Toma banho, arruma-se, pega a chave do carro e parte rumo à estrada.

Na estrada dá carona para um jovem mochileiro. Ele muito calado, mas o mochileiro conta um pouco das suas experiências de viagem. Ele conta que o lugar mais incrível que já conheceu foi o Morro da Fumaça pras bandas de Urubici. Nivaldo o deixa no lugar desejado e resolve conhecer esse lugar. Arranja um mapa e segue viagem. No caminho continua dando carona pra algumas pessoas em lugares diferentes de Santa Catarina, e a cada carona descobre uma experiência nova e partilha com os caroneiros. Desde fumar maconha com um grupo de jovens à acampar em volta de uma fogueira com uma família de biólogos.

Nivaldo vai vivendo seus dias de formas diferentes e descobrindo prazeres que nunca teve antes. Sua última parada é no Morro da Fumaça onde se debulha em lágrimas e depois de se recompor, entra no carro, disposto a viver mais experiências.

O filme terminaria com ele na estrada e um sorriso nos lábios.

"Ópera do malandro" de Chico Buarque - 1978

Não, eu não vi uma peça. Não vi um filme. Mas eu li o livro que continha a peça. Foi minha segunda leitura dessa semana depois de "Marley e eu" (fiquei motivada a devorar livros).
"Ópera do malandro" clareou minhas idéias sobre Chico Buarque. Ele é um gênio mesmo.
A peça é uma grande crítica ao sistema que migrou da pirataria pra comercialização legalizada do produto importado. O malandro que era malandro não existe mais. Porque agora ele está "dentro da lei". O Renan, o Juarez, entre outros, são os verdadeiros malandros vestidos com a máscara da hipocrisia e cinismo, e tudo dentro da lei.
A peça é divertida e fácil de ler. E imagino que o espetáculo conseguia entreter e criticar, ao mesmo tempo. Abusa-se dos palavrões e linguajar coloquial, por motivos óbvios.
Gostaria de ter assistido a peça quando foi lançada com seu elenco original, mas me contentaria em ver qualquer representação atual.
Agora entendo porque o Chico e outros artistas foram tão perseguidos na Ditadura. Entendo o Glauber, o Chico, o Caetano.
Que época vazia estamos vivendo não?! Geração sem causa. A corrupção na nossa frente e nos sentimos incapazes de fazer algo. Eu, pelo menos, sinto-me de mãos atadas. Não sei o que fazer, mas eu queria protestar. Acho que não foi a toa que escolhi essa área profissional. Vamos ver no que dá!

"Marley e eu" de John Grogan - 2006

Bom, estou abrindo novos tópicos sobre leituras e trabalhos para aprimorar meus discursos críticos.
Hoje vou atualizar o blog com vários tópicos.
Começo falando desse livro, super famoso por sinal. A primeira vez que ouvi comentários do livro, foi de uma amiga das antigas de Blumenau. Achei curioso mas não fui correndo comprar pra ler. Só que sempre que eu passava numa livraria e via o livro, lembrava do que ela tinha falado e lembrava também que ele está há semanas no ranking dos livros mais lidos no Brasil e no mundo que sai na Veja e na Época toda semana. (no meu estágio faço o clipping dessas revistas). Fiquei curiosa: "Porque todo mundo tá lendo esse livro?!" Mas isso também não me fez comprar. Só que acabei ganhando ele no dia dos namorados. (meu namorado percebia que eu sempre parava na livraria pra falar do livro). Ganhei e "devorei". Lia em todas minhas horas vagas, inclusive durante uma aula chata. Costumo ler bastante no ônibus. Imagina eu me matando de rir NO BUS, por causa do livro. De certo pensaram que eu estava louca.
O livro não possui nenhuma fórmula mágica, seria impossível adaptá-lo pro cinema, mas pra quem ADORA cachorros, vale a pena ler. Não tive um cachorro parecido, mas me apaixonei pelo Marley.
Acho que ele faz você se apaixonar pela história. Você ri, chora, pensa, lembra dos cachorros que já teve, comemora...
É uma leitura gostosa, legal, divertida.
Uma história simples, um casal que resolve passar pela experiência de ter um cachorro antes de terem filhos.
O mais legal é saber que o Marley existiu e viveu tudo aquilo (prefiro acreditar que sim) e imaginar o cara agora, feliz da vida de ter contado sua história.
Eu torço pelas pessoas de sucesso. hehehehe
Pra quem gosta de cachorro então, vale muito a pena ler. Fiquei com vontade de ter um cachorro de novo depois do livro. Mas só vontade! =)