sábado, 28 de julho de 2007

"Transformers" de Michael Bay - 2007

Ok ok... está certo que é um típico filme hollywoodiano de ficção científica, repleto de ação e com aquele velho clichê da "luta contra o bem e o mal". Mas eu curti o filme porque achei os efeitos muito bem feitos e a qualidade do som, perfeita.
Fico satisfeita de viver numa geração que pode apreciar hoje, filmes com qualidade, enriquecidos tecnologicamente. Penso que a indústria cinematográfica abriu espaço pra vários tipos de profissionais: engenheiros, designers, programadores... O mundo cinematográfico está cada vez mais investindo em pesquisa e ampliando os horizontes.
Hoje é possível tornar, praticamente, qualquer idéia mirabolante, num filme. Robos, ETs, sonhos surreais, mortos-vivos... a tecnologia tem facilitado "nossa" vida. Cito inclusive Matrix, que desde que inovou o mundo da ficção científica com o efeito "bullet time", os filmes vem usando e abusando desse efeito, como efeito dramático e ampliando pontos de vista.
Transformers também nos traz uma nova leva de atores...incluindo gatas lindas e super bronzeadas, ou seja, nada a ver com as típicas branquelas americanas. Hollywood está mudando? hahaha típicas "velozes e furiosas"
Enfim, até a metade estava curtindo muito o filme, mas dai vieram os velhos clichês, incluindo a chamada báaasica aos jovens americanos "você é um soldado agora, filho" dã... Mas não tira o mérito de um filme bem feito. (Claro que ainda prefiro filmes simples com grandes idéias...presentes nos filmes franceses, argentinos, e até brasileiros...)
Enfim, é um filme que conta a mesma história de sempre recheado de efeitos especiais e tecnologia. Mas que é legal, é... hehehe Agora quero ver os desenhos... =)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Análise Crítica - Ópera do Malandro

A família de Duran, o cafetão, vê-se ameaçada com o casamento proibido de sua filha, Terezinha, com o contrabandista Max. Com a trama principal, intercalam-se: a luta pelo poder, a legalização do contrabando, a corrupção policial, chantagens e manifestações públicas, além de uma metalinguagem sugerida na apresentação da própria peça.

Inspirada em outras obras, Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, que utilizam de narrativas e temas sobre o submundo, a peça de Chico Buarque retrata a década de 40, com a Guerra assolando o mundo, fazendo uma alusão à modernização no Brasil, que deixa de piratear produtos importados para se tornar um país “americanizado” e dentro da lei.

A comédia musical se divide em dois atos e possui em seu repertório diversas músicas compostas exclusivamente para a peça. Todas transmitem algum conteúdo crítico e sugestivo. Entre elas, destaca-se “Homenagem ao malandro” que faz referência ao verdadeiro malandro da boêmia que não existe mais, pois os malandros de hoje são os engravatados do senado, das colunas sociais, regulares e profissionais, como citados na música. Essa referência se faz presente na passagem da peça em que a personagem Terezinha sugere ao seu recente marido, o malandro Max, legalizar seu negócio de contrabando, e quando ele é preso, é isso que ela acaba fazendo. Não só foi uma importante crítica na época, como pode ser aplicada ainda hoje, já que ocorrem tantos casos, da suposta malandragem, ao nosso redor.

Possui um linguajar coloquial, e seu elenco é composto por prostitutas, cafetões, contrabandistas, policiais corruptos e travestis. Ou seja, o mais baixo escalão da sociedade. Não são exemplos para ninguém, o que cria um contraste interessante, já que ao final, esses mesmos personagens se tornam os novos burgueses, sugerindo a verdadeira máscara da sociedade brasileira.

Ópera do malandro retrata uma verdadeira disputa pelo poder, fazendo críticas pesadas, mas utilizando um teor humorístico e agradando o público da época. Em 1985 é adaptada para o cinema, com Edson Celulari no papel do malandro Max.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

"Brás Cubas" X "Memórias Póstumas"

Na obra de Machado temos uma narrativa em primeira pessoa, focada no personagem principal, o “defunto” Cubas, alguém que após a morte resolveu relatar fatos de sua vida. Não há moral, não há final feliz, apenas fatos de romances inacabados, adultérios, frustrações políticas, reflexões, lembranças, devaneios e interferências do autor, através do personagem. Não é uma história visivelmente linear, pois alguns capítulos avançam e voltam no tempo, intercalam-se com os devaneios e reflexões. Porém, apesar da narrativa se apresentar descontínua, não deixa de ser uma história linear. O diretor André Klotzel observa que a obra parece bem moderna, considerando a época em que foi escrita, 1881.

Bressane tentou se aproximar do universo imaginário tanto de Cubas, como de Machado, criando um filme repleto de alegorias e interferências. Ao invés de uma narração do personagem-defunto-autor, como ocorre na adaptação de Klotzel, Bressane optou em narrar através das imagens. Em alguns momentos, o personagem Cubas dialoga com o espectador, assim como acontece no livro, mas a maior parte do filme, dá-se pelas imagens e diálogos da cena.

“Brás Cubas” de 1985 intercala as alegorias em cenas e montagens audiovisuais. No início do livro, há uma passagem fantasiosa de Cubas onde ele se refere ao início dos “delírios”, e no filme, o início também é marcado por uma tentativa de transpor esse imaginário absurdo.

Na cena do envolvimento de Cubas com Marcela, ocorre uma interferência direta do autor do filme, a equipe de filmagem dialoga com os atores Fernando Guimarães e Regina Case, voltam à cena e o filme segue. Esta interferência integrada com as cenas, distancia o espectador do filme, trazendo a reflexão de que “isso é apenas um filme”, igualando-se a Machado que cria esse distanciamento no leitor, quando há um momento de tensão e ele interrompe dialogando através do personagem, diretamente com o leitor, e trazendo a reflexão de que “isso é apenas um livro”, característica também marcante de Machado. Além desse tipo de interferência, ocorre interferência através do personagem Cubas, que dialoga diretamente com o espectador, se referindo a ele como tal. “caro espectador...” Essa interferência transpõe a interferência que acontece no romance, e nesse ponto, Bressane deixou o filme interessante.

Num primeiro olhar, vemos os personagens ridicularizados, mas que serviram para, literalmente, ironizar o filme e criar alegorias da sociedade, que condizem com a obra de Machado. Bressane parece tentar realmente adaptar o livro ao cinema, inclusive transpondo a mão do autor do livro para a mão do autor do filme. Apesar de interessante, a construção da narrativa de Bressane dificultou a compreensão da história. Em parte também, porque o filme de Bressane parece ter sido de um orçamento muito mais baixo que “Memórias Póstumas” de André Klotzel, filme de 2001.

Klotzel consegue fazer um filme agradável, engraçado, levemente irônico e transpondo as partes principais da história de Machado. “Memórias Póstumas” possui um bom elenco, cenários e figurinos bem construídos, além de uma vasta pesquisa histórica. Boa parte do filme é narrada pelo ator Reginaldo Farias que interpreta Cubas já no final da vida, e as imagens apenas reforçam a narrativa do personagem. É como se o filme adaptasse quase que fielmente o livro, sem a interferência do cineasta, abandonando o estilo de Bressane. Ainda ocorrem interferências, mas do personagem e não mais do autor do filme.

Além desses paralelos, Klotzel preferiu não trabalhar com a irmã de Cubas, pois ela não consta no filme, nem seu cunhado, subtendendo-se que ele é filho único. O pai parece mais rígido que no próprio livro e alguns personagens não foram muito desenvolvidos na trama.

Enfim, as duas adaptações trouxeram contribuições para o cinema brasileiro. Bressane parece se aproximar do estilo de Glauber Rocha, arriscando-se a criar um estilo diferente e inovador, utilizando também a trilha sonora como narrativa, enquanto Klotzel preferiu seguir um cinema mais tradicional, bem acabado narrativamente e fiel a obra de Machado.