segunda-feira, 16 de julho de 2007

Análise Crítica - Ópera do Malandro

A família de Duran, o cafetão, vê-se ameaçada com o casamento proibido de sua filha, Terezinha, com o contrabandista Max. Com a trama principal, intercalam-se: a luta pelo poder, a legalização do contrabando, a corrupção policial, chantagens e manifestações públicas, além de uma metalinguagem sugerida na apresentação da própria peça.

Inspirada em outras obras, Ópera dos mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, que utilizam de narrativas e temas sobre o submundo, a peça de Chico Buarque retrata a década de 40, com a Guerra assolando o mundo, fazendo uma alusão à modernização no Brasil, que deixa de piratear produtos importados para se tornar um país “americanizado” e dentro da lei.

A comédia musical se divide em dois atos e possui em seu repertório diversas músicas compostas exclusivamente para a peça. Todas transmitem algum conteúdo crítico e sugestivo. Entre elas, destaca-se “Homenagem ao malandro” que faz referência ao verdadeiro malandro da boêmia que não existe mais, pois os malandros de hoje são os engravatados do senado, das colunas sociais, regulares e profissionais, como citados na música. Essa referência se faz presente na passagem da peça em que a personagem Terezinha sugere ao seu recente marido, o malandro Max, legalizar seu negócio de contrabando, e quando ele é preso, é isso que ela acaba fazendo. Não só foi uma importante crítica na época, como pode ser aplicada ainda hoje, já que ocorrem tantos casos, da suposta malandragem, ao nosso redor.

Possui um linguajar coloquial, e seu elenco é composto por prostitutas, cafetões, contrabandistas, policiais corruptos e travestis. Ou seja, o mais baixo escalão da sociedade. Não são exemplos para ninguém, o que cria um contraste interessante, já que ao final, esses mesmos personagens se tornam os novos burgueses, sugerindo a verdadeira máscara da sociedade brasileira.

Ópera do malandro retrata uma verdadeira disputa pelo poder, fazendo críticas pesadas, mas utilizando um teor humorístico e agradando o público da época. Em 1985 é adaptada para o cinema, com Edson Celulari no papel do malandro Max.

Um comentário:

Betinha disse...

muito boa essa análiseeeeee!!!!!!!