sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A história de Gustavo N. Bento

"Sentada entre suas malas e enjoada de esperar pelo seu vôo, Manuela, usando seu jeans favorito, misturado com seus acessórios cheios de cores e seu rosto cansado de um final de semana movimentado, aguardava prontamente, no mezanino do aeroporto, sua amiga, que comprava mais alguns selos nos correios (para sua coleção), um verdadeiro programa de índio para Manuela, já que a mesma não se interessava por selos.Resolveu observar as pessoas do andar de baixo, gente entrando e saindo, executivos com seus ternos e malas, famílias de turistas, gente trabalhando, lojas com seus produtos caros, restaurantes abarrotados e sem mesas para sentar, pessoas comendo em pé, pessoas e mais pessoas, aeroporto em reforma, muita bagunça, e a voz com sotaque do interior paulista, chamando para os embarques, até que Manuela, absorta em seus pensamentos, "faltou alguma lembrancinha?", "será que as geléias não vão estourar na bolsa?", escutou a voz chamar , duas vezes, por um nome: - Senhor Gustavo Bento, comparecer ao balcão de informações.Manuela com seus olhos atentos, procurou pelo tal balcão e pensou "quem será esse Gustavo?!" sim, finalmente havia encontrado algo para se distrair, enquanto sua amiga, ainda esperava para ser atendida no tal correio.Manuela pensou "quem será que procura por ele?" e seus olhos focaram um casal. A mulher, sofisticada, com sua bolsa larga e de marca, morena, aparentando uns 30 e poucos, repousava seu pescoço no grande pilar e escutava o (suposto) marido, dar um sermão, e ela só mexia a cabeça como se dissesse "sim, meu marido". Manuela pensava...será que o marido, com sua camisa desabotoada, será que ele é um pai ausente e ela uma mãe consumista?!, será que Gustavo era filho deles, adolescente sem causa e rebelde: "mãe vou numa loja e já volto", "filho 5h aqui na frente", mas ele não havia aparecido e seus pais emputecidos (o pai descontando e culpando a mãe) e nada de Gustavo aparecer, pra confirmar a imaginação de Manuela.Já não estava mais cansada ou impaciente, só queria descobrir quem era Gustavo..uma criança perdida talvez?! Um amigo do casal?! Mas nem sabia se era o casal que havia chamado por Gustavo...seus olhos estavam atentos, a qualquer momento iria descobrir...De repente sua amiga tocou em seu ombro e disse "vamos?!", Manuela gelou..."e agora?! será que ao descer vou perder eles de vista?", mas ansiosa para o final desse drama: "vai dar tempo", e foi empurrando o carinho das bagagens, dirigiu-se ao elevador, não durou nem 2 minutos e ao chegarem ao térreo, manuela disparou para ver o casal e o desejado encontro, mas...não havia mais ninguém, nem casal, nem Gustavo...e a história não teria um desfecho...muita imaginação será?! muita cenoura crua?! Manuela sentou no carrinho, ainda faltava 1 hora...e pensou "acho que vou escrever sobre isso"
e escreveu..."
Escrevi no dia 25/11/05, após passar pela experiência de esperar o embarque da primeira viagem de avião. =)
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Data: 11/01/06
Algo que eu sentia, montado através da mistura de letras de músicas...

"Chove lá fora, faz tanto frio...
Lágrimas de chuva, molham o vidro da janela, mas ninguém me vê...
Isso não é uma carta de amor, são pensamentos tolos, traduzidos em palavras...
E no meio de tanta gente, eu encontrei você, entre tanta gente chata, sem nenhuma graça, você veio...
Eu quis dizer, você não quis escutar...
Pra me transformar no que te agrada...no que te faça ver...
Não é fácil não pensar em você...
É estranho, não te contar meus planos...
Talvez sejam memórias que me perturbam...
Não há nada que me faça entender...
Quando eu vi você quase não acreditei, nem vi você mudar, nem vi você crescer...
Me diga então, em quanto tempo se esquece alguém...
Palavras são erros, e os erros são seus,
Não quero lembrar, que eu erro também,
Um dia pretendo tentar descobrir, porque é mais forte, quem sabe mentir...
Diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério...
E que não me falte forças pra lutar...
Não importa quem mais brilha, se agirmos com amor...
Eu descia as escadas, as velhas escadas, sem medo de olhar o que eu deixei pra trás...
São pensamentos tolos, traduzidos em palavras, pra que você possa entender, o que eu também não entendo!"
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Data: 17/02/06
devaneando...
"Aí você anda na rua, a brisa bate no seu rosto, como uma lambida quente.E a música do diskman começa a pular, você dá uma batidinha, e a trilha sonora completa o momento, junto com o barulho dos carros passando, as buzinas e pessoas caminhando no final de tarde. Você está voltando pra casa, se sentindo viva...Mais um dia terminando, e mais um dia você conseguiu não fumar e nem comer besteiras de mais, ficou feliz por suar na academia e por seus planos darem certo.Você pensa nas pessoas que está com saudade e de momentos que não voltam mais. (ainda bem que você aproveitou todos!) e pensa que o tempo tá passando tão rápido...Melhor apressar o passo, falta tanta coisa pra fazer...(...)Mas o bêbado continua lá dormindo na grama, e quando você passa, ele ronca muito alto...arrancou uns risinhos....e ai a pilha acaba, não tem mais música...que chato! O que eu estava falando mesmo...."
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Data: 16/03/06
desabafos...
"Ontem a noite ela sentou, e entre folhas e rascunhos, descobriu que não conseguia escrever... Tentava, mas não saia nada bonito como antes, e as frases escolhidas não tornavam o texto, no mínimo gracioso. Ela pensou "porque será que não consigo escrever..." E logo seu pensamento se desviava para outras coisas... Para o medo de não conseguir dar conta de tudo..de não realizar um sonho, de não resolver os problemas, de esquecer o que tem que ser esquecido... E seu peito sentiu um aperto, o desespero foi tomando conta, sentiu-se desamparada, e percebendo que não conseguiria escrever, encolheu-se no sofá e ficou observando o que se passava na televisão e chorou... Chorou pela mocinha sem esperanças no amor, chorou pela mocinha que enfrentou o poder, mas foi espancada por ter sido corajosa, chorou pela paixão proibida de uma, pela inocência e ingenuidade da outra, pela revolta, injustiça....e chorou mais ainda, porque lembrou que seu sonho é esse: criar histórias que nos identificamos...que nos fazem chorar, que nos motivam ou encorajam, que nos comovem, que simplesmente retratam nossas próprias inseguranças, desejos, vontades, sonhos...nossas vidas... Então antes de adormecer, ela juntou suas mãozinhas e entre lágrimas, fez uma oração, pedindo que seu caminho seja iluminado, pedindo para não se sentir mais desamparada e com medo, pedindo que seu sonho, tão próximo e tão distante, realize-se, e que ela tenha forças pra seguir em frente...e pediu para iluminar o caminho das pessoas queridas a sua volta e pediu para entender seu coração e porque ele continua tão magoado...e pediu para esquecer o que tem que ser esquecido, e esquecer quem precisa ser esquecido....e adormeceu com os olhinhos inchados... E Ele reposou a mão sobre sua cabeça e permitiu que ela sonhasse naquela noite...e que lembrasse que Ele está ali...mesmo quando ela adormece perturbada com seus maiores medos.... e então ela sonhou...em paz..."
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Detalhe: Tirei essas criações do meu fotolog www.fotolog.net/ally_c

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

"Tropa de elite" de José Padilha - 2007

Mesmo sem ter sido lançado e com uma versão ainda não-finalizada, não resisti a assistir a cópia de "Tropa de Elite" que consegui no trabalho.
Nem tão forte ou pesado quando eu esperava, mas revoltante quanto a polícia e ao Brasil em geral.
O filme gira em torno do Comandante Nascimento (Wagner Moura) que precisa urgentemente encontrar um substituto, para se desvencilhar do BOPE e assumir sua recente paternidade. Nesse mundo do tráfico e da corrupção policial, vemos policiais de todos os tipos: honestos, corrompidos, loucos, fracos, desmotivados.
No filme, o BOPE aparece quando a polícia militar ou civil faz alguma cagada que o BOPE tem que resolver. Não é qualquer um que pode integrar ao Batalhão de Operações Especiais, o símbolo é uma caveira espetada com uma faca, e eles são treinados para matar e não para morrer. O Bope não entra atirando na favela, ele busca ser estratégico. O próprio treinamento, super agressivo, possui fases que eliminam sempre os mais fracos, que geralmente são os corruptos e policiais desonestos (nada surpreendente).
O fato do filme ter vazado parece até uma estratégia de marketing, como aconteceu em "Bruxa de Blair", quando alegavam que o que acontecia era verdadeiro. As pessoas ficaram mais instigadas e curiosas a assistir ao filme, que não tem lá aqueeele elenco e nem imagens muito estáveis. É um filme agoniante, tanto na história quanto na seqüência de imagens.
A impressão que o filme nos dá é de uma câmera sempre entre o fogo cruzado e os conflitos policiais. Uma intrusa, em um ambiente altamente perigoso e hostil. Sempre tremida e às vezes desfocada, devido aos movimentos rápidos e bruscos.
O filme não possui tanta qualidade técnica, mas sua intenção está em denunciar a corrupção policial que é um resultado da ausência de políticas públicas, ausência de moral e valores de uma sociedade desigual e de um país governado com irresponsabilidade.
Viajando legal agora....esses dias estava estudando Biologia com meu irmão e o assunto era Ecossistema, Ecologia, comunidade...enfim, falava sobre o processo cíclico dos seres vivos e que um depende do outro para sobreviver. Acho que nossa sociedade não foge muito disso.
Quem financia o tráfico não é bandido, mas usuário, e sabemos muito bem da onde vem esses usuários: classe média e alta principalmente, que levam vidas vazias e preenchem-nas com fugas da realidade, e não me excluo dessa não, bem pelo contrário. Todos fazemos parte desse processo e todos nós também temos culpa do que acontece com o país, principalmente quando pensamos no povo como eleitor (se é que voto faz alguma diferença mesmo).
Enfim, é um filme interessante de se assistir, mas não achei nenhuma novidade. No fundo, todos nós já sabíamos que isso acontecia.

"Caça ao leão com arco" de Jean Rouch - 1965

Na sociedade capitalista em que vivemos, considerando as mortes racionalizadas dos animais que nos servem de alimento, Rouch nos traz hábitos e costumes diferentes do povo Peul (nômades africanos). Um povo que se relaciona com o ambiente, respeitando as leis da natureza, matando os animais apenas para sobrevivência, sempre envolvidos num ritual de perdão e agradecimento.
A caça ao leão é um ritual que envolve fabricação dos arcos e flechas utilizados, preparação do veneno, rastreamento e ritual de sacrifício. Quando bem sucedida, os caçadores entoam canções e narram a aventura às crianças. E só é permitida, quando a aldeia se sente ameaçada. O leão, por exemplo, quando mata sem intenção, é considerado um assassino. Não é a toa que os caçadores denominam o leão caçado no documentário de “americano”, talvez pela imposição econômica e política que o mundo sofre por um país (EUA) tão visado por promover guerras e confrontos políticos.
O documentário de Rouch se divide em dois momentos: a caça ao leão que resulta em fracasso, e após três anos, quando numa bem-sucedida caça, capturam duas fêmeas do “americano”, servindo de alimento e punição ao suposto assassino. O próprio Rouch é quem narra os fatos numa edição posterior e prefere utilizar câmera sem tripé para poder nos dar vários pontos de vista, como afirma na entrevista concedida a (inserir nome). A câmera funciona como espectadora da caça e os caçadores Songhay parecem atuar para nós.
Apesar de todos os recursos que Rouch utiliza, o filme de oitenta minutos se torna um pouco cansativo, talvez pelo próprio cansaço e frustração que os caçadores enfrentam a cada investida mal-sucedida. Nós nos frustramos juntamente com eles, criando expectativas e acompanhando atentos à aventura.
O filme nos faz refletir sobre crenças e costumes em relação aos recursos oferecidos pela natureza. Num primeiro momento, agressivo, pois visualizamos a morte dos animais, mas ao mesmo tempo irônico, pois nós não matamos com nossas próprias mãos, mas aceitamos nos alimentar de animais que morrem violentamente e distantes de nós.
Rouch parece nos contar uma fábula, pois no filme introduz que nos contará a história de gaway- gawey, que na verdade é a canção da caça aos leões.

"O corte" de Costa-Gravas - 2005


O desemprego não é nenhuma novidade, mas Costa-Gravas utilizou do humor e da ironia para transmitir uma trama pesada.

Bruno Davert é um profissional da indústria do papel com certo padrão de vida e se vê sem saída quando completa 2 anos de desemprego. Pai de dois filhos, marido de uma esposa compreensiva, acredita que perderá tudo que construiu se não eliminar seus maiores concorrentes de profissão. Resolve então, matá-los com uma arma antiga do seu avô.

Parece engraçado, e é. Mas ao mesmo tempo mórbido e caótico. Ele realmente consegue eliminar seus concorrentes a sangue frio e de forma bem desajeitada, e ainda se orgulha disso. Com sorte consegue se safar da suspeita de assassino e conquistar o cargo que tanto almeja.

Sua frieza me deu calafrios, mas o filme se tornou tão leve que engolimos o personagem desesperado, compreendendo suas ações. Mas acredito que Costa-Gravas quis unir o útil ao agradável. Fazer um filme diferente e interessante, mas trazendo o questionamento sobre o desemprego. Sobre o crescimento desenfreado do capitalismo e dos profissionais qualificados e experientes, que são descartados por profissionais mais jovens e mais dinâmicos, talvez.

E como já falei em outro filme, o estado de espírito conta muito na análise de um filme. O meu é "empregada" (como bolsista de cinema num órgão público, onde exerço pouca coisa associada diretamente a profissão, mas onde aprendo outras bem importantes...), jovem e faminta por conhecimento. Mas ao mesmo tempo pensei no meu pai, que enfrentou uma situação parecida, se não pior. E apesar de simples, somente agora, com maturidade e através do filme, tive um pouco mais de empatia pra entender a sua situação que tanto já me revoltou.

Muitos filmes acabam se tornando atemporais, exatamente por discutirem temas sempre presentes na sociedade, e este é um deles. A não ser que o capitalismo seja extinto e passemos a viver em harmonia e com outra formação de valores e de sociedade. (o que parece bem utópico).

Li numa crítica na internet, a comparação deste filme com um crime ocorrido no Brasil, de uma mulher que encomendou a morte de uma concorrente. Visto este fato, considerando a idéia absurda do filme, impossível não é, certo?!

Clicks de hoje

Fotógrafa: ally_c

Primavera

Beiramar

Alguma manifestação

Entrada de Floripa

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"De repente é amor" de Nigel Cole - 2005

Esse filme me fez refletir que o estado de espírito do espectador influencia, e muito, no gosto, compreensão e na apreciação de um filme. Afinal, alguns teóricos acreditam que o espectador é um co-autor, certo?! Não é bem uma comédia e nem um romance meloso, é uma história divertida de amor.
E como estou super apaixonada e bem resolvida amorosamente, obviamente, adorei o filme. Achei fofo e gostoso de assistir. E olha que assisti com minha mãe. haha
Foi a segunda vez que assisti, e com certeza, na primeira vez eu não estava com esse estado de espírito, tanto que acabei assistindo de novo porque me chamou a atenção. Na verdade, eu nem lembrava de nada do filme. (o que não é nada incomum).
Sei que não é nenhuma obra-prima, mas como já falei aqui antes, meu gosto é eclético e verdadeiro. Não sou super entendida, mas também não sou uma completa leiga no assunto cinema. E acredito no cinema de entretenimento como no cinema alternativo.
Comédias românticas não fazem muito meu estilo, então é raro eu gostar de um filme assim, e eu gostei. Gostei das soluções e da idéia do filme. "O amor é paciente e benigno..." Poxa...esperar 6 anos pra ficarem juntos, descobrirem que foram feitos um para o outro...eu acredito nisso, que nada é por acaso e tudo acontece como deve acontecer. E a vida não tem a menor graça, sem termos vivido pelo menos, um grande amor. Alguém pra quem ligar a noite, alguém pra amar, dar e receber carinho, alguém pra compartilhar realizações e pequenos fracassos, alguém, simplesmente alguém pra dividir um pouquinho da vida e tudo que ela pode oferecer.
Para os mal resolvidos, assistam outra coisa ou então se influenciem pelo filme e para os apaixonados, que tenham uma ótima sessão juntos! =)
"De todo filme pode-se extrair alguma reflexão..." Ally Collaço (hahahaha metida né?!)

"Marcas da violência" de David Cronenberg - 2005

Não que eu conheça tudo do Cronenberg, mas pelos poucos filmes que assisti, obviamente pensei: "é. é um filme do Cronenberg". Pensando assim, não podia esperar nada muito clássico. Achei surpreendente, esquisito, diferente, bem feito, estranho...melhor que Videodrome. haha
Achei a fotografia do filme impecável. Cada enquadramento e movimento de câmera fantásticos. Cenas ousadas de sexo e de violência, imagens daquilo que não costumam mostrar: um 69, por exemplo, entre marido e mulher (nunca vi nada parecido no cinema, considerando que não é um filme erótico), ou as faces desfiguradas das vítimas-mafiosas de Tom (quase lembrou Tarantino, quase).
A história do bom-moço, não tão bom-moço assim. A dúvida que se mantém até a metade do filme: Tom ser ou não ser o verdadeiro Joey. Juro que eu não tinha a menor idéia do que ia acontecer, talvez por isso eu tenha gostado, e talvez por isso muita gente não goste, é um filme meio sem pé-nem-cabeça, mas que eu gostei pra caramba. Odeio prever ou supor o que vai acontecer, e o contrário disso está cada vez mais raro no cinema.
O filme começa tranquilo e como espectadora, já tendo lido a sinopse, esperei ansiosa pela reviravolta do filme, que aconteceu e me manteve numa tensão e intensa expectativa do desenrolar da história. Narra uma trajetória incomum (pelo menos no mundo cinematográfico), sem previsão dos acontecimentos, lidando com o possível e/ou impossível, e sobre a violência adormecida de alguém que queria esquecer o passado.
Gostei muito dos diálogos, pois eram através deles que descobríamos um pouco mais dos personagens. Os dialógos funcionavam como pistas para dúvidas freqüentes durante o filme. Achei isso fantástico, pois Cronenberg não precisou mostrar nada do passado de Tom para entendermos melhor. Claro, que um esforço sempre é necessário.
Enfim, achei um filmão, não tanto pelo conjunto, mais pelos recursos utilizados, que citei aqui.
No final tive uma sensação estranha, pois não estou acostumada a ver filmes assim, mas gostei, entendi, fiquei satisfeita. Acho que Cronenberg faz um cinema do tipo "um cinema que não se costuma fazer, mas eu faço". Acho que virei fã.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Filmes do mês - agosto

Agosto

-Videodrome de David Cronenberg - (2)
-O segredo de Berlim de Steven Soderbergh - (3)
-O Homem Com Uma Câmera, de Dziga Vertov - (3)
-Nanook of the North de Robert Flaherty - (3)
-Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman - (3)
-Estranhos no Paraíso, de Jim Jarmusch - (3)
-A volta do todo poderoso de Tom Shadyac - (2)
-Simpsons -O Filme de Davis Silverman - (2)
-Blow Out de Brian De Palma - (4)
-The Secret de Drew Heriot - (1)
-Capote de Bennett Miller - (1)
-Ratatouille de Brad Bird - (3)
-Barton Fink de Joel e Ethan Coen - (2)

*Revistos

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

"Corações e mentes" de Peter Davis - 1974

“Corações e mentes” retrata uma visão crítica sobre a Guerra do Vietnã através de depoimentos, reportagens, imagens de arquivo, entrevistas, entre outros recursos.

Utilizando a proposta de Nichols sobre a classificação de documentário, encontraríamos a presença do “discurso direto” por utilizar entrevistas e um pouco do “cinema direto” onde Davis utilizou imagens de arquivo da Guerra. Não há uma narração no “estilo voz-de-Deus”, porém há presença de outros elementos que aproximariam o documentário de algo como “auto-reflexivo”: uma mistura de todos esses recursos. Também há a presença de uma voz própria, dificuldade que Nichols aponta no discurso direto (apenas entrevistas) e no cinema direto (apenas imagens).
Considerando que Davis recebeu uma boa quantia em dinheiro para realização de “Corações e mentes”, constatou-se que ele reuniu um bom material e conseguiu construir uma visão crítica bastante evidente, através da montagem desse material. Davis mostra pontos de vista de todos os principais envolvidos na Guerra do Vietnã: soldados norte-americanos e vietnamitas, governantes e vítimas, além de intercalar imagens do patriotismo norte-americano e dos horrores da guerra, dando um tom irônico e crítico sobre o posicionamento dos EUA perante a Guerra do Vietnã.

O documentário acaba se tornando extenso, talvez por essa preocupação em mostrar vários pontos de vista, e ainda consegue construir uma visão crítica, instigando o espectador a refletir sobre os horrores da Guerra de Vietnã e sobre as verdadeiras vítimas dessa guerra: todos os soldados, familiares e a ignorância de um povo que acaba sendo manipulado pelo seu governo, em virtude de interesses próprios.
“Corações e mentes” poderia ser atemporal, pois esses mesmos horrores continuam acontecendo pelo mundo, só mudam o lugar e as vítimas.