terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Filmes do mês - janeiro

Atualizando no decorrer do mês na ordem em que assisto.

-Por um fio de Joel Schumacher 2003 (2)
-Segurança nacional de Dennis Dugan 2003 (1)
-Uma linda mulher de Garry Marshall 1990 (4)
-Alpha Dog de Nick Cassavetes 2006 (1)
-Con Air - A rota da fuga de Simon West 1997 (3)
-PS. Eu te amo de Richard LaGravenese 2007 (3)
-O justiceiro de Jonathan Hensleigh 2004 (1)
-Tudo pela fama de Paul Weitz 2006 (2)
-Infância roubada de Gavin Hood 2005 (2)
-Oliver de Carol Reed 1969 (2)
-Anaconda 2: A Caçada Pela Orquídea Sangrenta de Dwight Little 2004 (1)
-Um morto muito louco de Ted Kotcheff 1989 (2)*
-Sedução e confusão de Stefan Marc 2006 (0)
-Contratado para amar de Francis Veber 2007 (3)
-O bebê de Rosemary de Roman Polanski 1968 (3)

*Revistos(0)-horrível; (1)-ruim; (2)-razoável; (3)-bom; (4)-muito bom; (5)-excelente

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O lado bom

Senti a necessidade de justificar a escolha de alguns filmes para fazer uma crítica específica.
Estou apenas na metade do curso de cinema, um curso que se diz direcionado para teoria, crítica e roteiro, mas onde experimentamos aplicar um pouco de tudo isso na prática. A diferença mais evidente que percebo em meu desempenho é que antes, fazendo parte apenas do público leigo, criticava um filme sem nenhum embasamento teórico e experiência em trabalho prático, mas hoje vejo que tenha mais facilidade em identificar o que exatamente me incomoda num filme e talvez, usar um pouco desse conhecimento e experiência para fazer minhas críticas.
Apesar disso, algumas vezes ainda falta um conhecimento maior e um leque de palavras mais aperfeiçoado para me expressar e até identificar coisas que não gostei num filme, mas criei o blog exatamente para praticar e sendo visitado ou não, é o que menos importa!
O cinema para mim tem um amplo papel. Partindo do princípio de que ele é um grande veículo de massa, ele pode ser usado de diversas formas e com diferentes objetivos.
Existem vários tipos de cinema, o cinema feito para crítica, o cinema maduro, o de puro entretenimento, o cinema superficial, o cinema B, o cinema que tem a intenção de transmitir alguma mensagem, contar alguma história, verdadeira ou não, o cinema que representa a realidade, o cinema que foge completamente de tudo isso, o cinema dentro do cinema, o cinema informativo, documentário, biográfico, enfim, nesse universo cinematográfico existe um universo de possibilidades e acredito haver espaço para todas. Por isso às vezes é tão difícil comparar um trabalho ao outro, pois cada um possui uma intenção/objetivo/razão diferente, independente de nossos gostos.
Detesto as pessoas que excluem essas possibilidade e julgam ser cinema apenas o que lhes convém. Eu tento sempre extrair algo de bom de qualquer obra, mesmo tendo um gosto pessoal. Ainda assim, acontece algumas vezes de eu "jogar" um filme inteiro no lixo, por me revoltar com esse dinheiro mal gasto, enquanto muita coisa boa poderia estar sendo feita com essa pequena fortuna, pelo mundo afora. Infelizmente ainda vivemos num monópolio cinematográfico hollywoodiano que aos poucos parece estar se esgotando e naturalmente dando lugar ao cinema alternativo e marginalizado da mídia. Mas ainda é uma longa caminhada!
O que descubro é que analisar e criticar um filme é sempre muito relativo. Dar uma nota de 0-5 então, mais complicado ainda, pois enquadrar alguns filmes na mesma nota não significa que eles possam ser comparados. Cada obra merece uma análise única e específica. Afinal um filme não nasce pronto, passa por etapas e é importante dar valor a cada uma delas. Às vezes um filme foi mal-feito mas tem uma boa intenção e vice-versa. E acredito que um crítico de cinema precisa relevar tudo isso, pois a crítica é sempre em cima do resultado final, mesmo que a análise avalie o suposto processo que acontece em todo filme.
Enfim, senti essa necessidade de expor o que penso sobre a crítica cinematográfica, que eu venho tentando praticar desde que criei o blog. Infelizmente não há segundas opiniões para haver um debate ou discussão construtiva, mas ainda tenho esperança que um dia isso ocorra. Enquanto isso vou praticando e aprendendo algo sobre tudo isso!
Obrigada pela visita (de sempre ou não), mesmo que anônima! =)

"Ps. Eu te amo" de Richard LaGravenese 2007

Não é um gênero dos meus favoritos, romance/meio comédia/meio drama, mas me surpreendi (positivamente) com algumas características. Diferente do que anda sendo feito por aí, achei que o filme tenta fugir um pouco do que já foi feito em histórias românticas (ou devo estar completamente enganada, e ele possui a mesma fórmula de sempre).
A história é simples, Holly (Hillary Swank) é casada com Gerry (Gerard Butler). Ele morre e ela precisa retomar a vida. Como ele a conhecia tão bem, sabendo que estava morrendo (tumor no cérebro) escreve/planeja cartas que ela recebe após sua morte, que acabam ajudando Holly a superar sua ausência. No meio disso tudo, há a mãe, as amigas (esquisitas), um(a tentativa de) pretendente, etc. E ao final das cartas ele assina (há!) Ps. Eu te amo.
Mas como tudo no cinema, não é a história que importa mais e sim como contar essa história. E não foi aqueeeela coisa, mas eu gostei de algumas características do filme.
Começando: O filem abre com uma discussão saudável (e um pouco infantil) entre o casal. Hillary não é uma Angelina Jolie, mas acredito que a escolha tenha mais a ver com o perfil da personagem de normal-bonitinha (e ela estava super meiga no filme) e Gerard (mesmo aparentando ser o gostoso-cafajeste) tem o perfil do marido-brincalhão. É nessa combinação engraçada que temos um casal mais próximo do nosso mundo real que o normalmente visto no cinema. São situações cotidianas como: num momento romântico bater o pé na quina da mesa ou na hora do tesão machucar o olho, ou ainda, tentar ser sexy cantando num karaokê e quebrar o nariz. Achei que souberam trabalhar bem com essa aproximação da realidade, dando um tom leve e cômico. É um filme engraçado-triste-feliz-estimulante. Talvez uma ótima fórmula para pessoas que perderam alguém especial em suas vidas!
Além disso, achei os diálogos mais trabalhados que os normalmente vistos. Não havia aquela comum superficialidade e a atuação ajuda bastante.
Presença de clichês? Normal. Mas obviamente em filmes assim, o estado de espírito conta bastante, como estar apaixonado ou realizado no amor. Sempre há identificação com o companheiro(a). E meu estado de espírito era este! =)
Enfim, é uma historinha criativa com um pouco de auto-ajuda, mas cativante e com atuações e situações bem cômicas.
Sempre é bom reservar um espacinho para filmes assim, afinal alguma pequena mensagem de amor, esperança ou conforto acab sendo passada para quem mais está precisando. E para mim, o cinema também cumpre esse papel!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

"Tudo pela fama" de Paul Weitz 2006

É um filme bobo, mas feliz em estereotipar personalidades importantes dos Estados Unidos, como pessoas comuns fazendo de tudo pela fama, um apresentador articificial e vendido pelo merchanding e o presidente dos EUA totalmente manipulado por outros, além de gozar do próprio American Idols e seus espectadores. É cômico e levemente engraçado. Bem cinema de entretenimento.
Mas ao mesmo tempo ele traz outros esteriótipos que chamam a atenção de uma forma bem negativa: judeus e arábes, que são totalmente ridicularizados e com ações manipuladas. Como o arábe que desiste de explodir uma bomba, por ter se apaixonado pela América. (propaganda?!)

O filme é um show de esteriótipos negativos, a diferença é que alguns deles quase sempre são mostrados de formas negativas.

Enfim, parece ser uma obra para entreter os americanos, afinal a comédia não se baseia em tirar sarro da tragédia? Já que eles não conseguem inventar nada de novo, começam a avacalhar a si próprios.

"Infância roubada" de Gavin Hood 2005

Apesar de comparado com Cidade de Deus, a única semelhança entre os dois filmes é tratar de personagens (focando apenas um), frutos da desigualdade social e moradores da favela. Mas em estrutura narrativa e impacto dramático, Cidade de Deus dá um belo banho!

As cenas são bem feitas e bem construídas, mas o filme não causou o impacto que eu esperava.

É uma história triste, de um membro de gangue que num dos seus atos inconseqüentes, rouba um carro e descobre um neném indefeso dentro. Ao invés de matá-lo ou abandoná-lo, o que estaria de acordo com sua natureza delinqüente, ele se comove e enxerga no bebê uma rendeção para si mesmo, afinal ele já foi uma criança indefesa e abandonada.

O filme mostra uma pequena passagem da sua infância, que não fica claro como isto influencia na sua personalidade. Sua mãe está morrendo e o pai não o quer perto dela. Seu único amigo parece ser um cachorro que é morto pelo pai num ato de fúria e impaciência, talvez pelo desespero de ver sua família se desfazendo. O garotinho foge e passa a viver na rua (é o que parece). Mas faltou algo para reforçar as conseqüências desta passagem.

As trocas de olhares entre os personagens são mais valorizadas que os diálogos, e os atores corresponderam de forma positiva. Com os olhos, conseguem transmitir medos, inseguranças, apreensões, sofrimentos.

É um filme bem-feito, mas incompleto. Ele não é dramático o suficiente para comover e causar impacto (e ele tem essa intenção). Talvez para nós brasileiros, a história do filme seja comum e provável, já que vivemos num país de tanta desigualdade social e inversão de valores e ausência de ética e moral. Mas considerando que é um filme africano, obra de um país de terceiro mundo, sofrendo discriminação para chegar as telas, dá um banho em muita coisa feita por gente bem experiente no ramo.

Detalhes: A trilha sonora do filme é um tipo de rap africano. Muito legal!

O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro (África do Sul) em 2006

e o diretor Gavin Hood é sul-africano, mas é bem bem branquinho! haha

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Batatinhas

Os três estavam reunidos em um barzinho legal pra “bebemorar” alguma coisa qualquer. Degustavam um bom chopp gelado e debatiam sobre vários assuntos, nada muito importante. João era o que mais falava e menos ouvia, seguido de Alice que tagarelava e gesticulava sem parar, fumando quase todos os cigarros do seu maço amassado de Malboro light. (light porque ela estava “tentando” parar). Danilo apenas observava e fazia colocações quando requisitado. Danilo, o ingênuo “caçula” dos três amigos. Depois de algumas doses de chopp, resolveram pedir uma porção de batata-frita. Sim, uma porção de batatinhas quentes, salgadinhas, crocantes e salpicadas com queijo ralado derretido.

Enquanto comiam, tagarelando de boca cheia e bebericando seus chopps, Danilo observava atento uma batata entre seus dedos. Alice riu. João deu de ombros e Danilo, em seus raros momentos de colocações, indagou “Será que rico também come batatinha?!” e abocanhou com delicioso prazer, aquela enorme, quentinha e crocante batatinha. Alice engoliu seco, segurando sua taça quase vazia, João ficou sério e lento enquanto mastigava. Danilo sorriu deliciosamente e todos caíram na gargalhada. “Mas que pergunta, é claro que....” Alice não tinha certeza da resposta. João continuou falando qualquer coisa, nada a ver com o assunto, como era do seu feitio fazer. Danilo insistiu “Mas não é verdade?! Comem ou não comem?!” Alice riu e disse com ar de sabedoria. “Danilo” - gole de chopp - “Se você ficasse rico..” - comendo uma batata ao molho de ketchup e mostarda - “...não comeria mais batatinha?”. Danilo pensou, pensou. “É, não tem como saber isso. Acho que sim. Mas sendo rico, nunca se sabe né?”. Alice deu de ombros, pensou “Que pergunta...”. João discutia com o garçom o valor da conta. E Danilo perdeu seu olhar no...além. Um além qualquer onde ele sempre se perdia com sua imaginação fértil.