sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cinema: potencial de "arma"

O que é cinema?

Numa tentativa de responder, diria que o cinema FOI uma invenção criada a partir de um objeto (cinematógrafo - 3x1) que projetava imagens. Estas imagens eram capturadas a uma certa velocidade (16 quadros por segundo) e projetadas nesta mesma velocidade, davam a ilusão de movimento.

Esta invenção tinha o intuito de promover o equipamento e entreter uma platéia de interessados. Visto que ver a imagem do seu semelhante era algo surpreendente, alguns destes interessados passaram a explorar o equipamento, conseguindo resultados diversos. Perceberam que poderiam usá-lo para truques de imagem, para contar histórias, para reportar algum acontecimento, para se aproveitar da inteligência e capacidade de percepção dos espectadores, criando códigos de linguagem, próprios do cinema, ou seja, uma linguagem cinematográfica. Enfim, perceberam nesta invenção, múltiplas possibilidades, que desencadearam outras invenções e novas manifestações.

O que o cinema É hoje, não é mais o que era. A palavra é a mesma, mas o significado mudou.
Digo isso, porque quando surgiu, era a única manifestação que existia de imagem em movimento, e hoje já existem as imagens digitais e divisões conceituais de audiovisuais como: telejornais, novelas, seriados, documentários, propagandas, etc.

Como entender o cinema hoje então?! Complicado. Pois se antes, tudo que era "filmado" e "projetado" era considerado cinema, hoje não funciona mais assim, e talvez por isso seja tão complicado enquadrar gêneros ou criar regras para os produtos desta invenção, OS FILMES.

O que faz parte ou não do CINEMA? Aquilo que muitos chamam de "Sétima Arte".
Onde começaram as divisões?
Quando o cinema surgiu, as primeiras imagens eram "cenas" do cotidiano, imagens sem histórias, apenas capturas de uma suposta "realidade". Com a evolução desta nova invenção, criaram cine-jornais, teatros filmados, inseriram-se histórias, mas as primeiras imagens continuaram fazendo parte da história do cinema.

Fazer um vídeo/filme caseiro do aniversário da vó então não é cinema? Diria-se com certeza que NÃO.

Ver um filme horrível nas salas de projeção, chamadas popularmente de CINEMA ("Vamos ao cinema?!"). Alguns "cults" também diriam que NÃO.

Sabe-se que ocorreu uma divisão, mas é polêmica a separação que as pessoas fazem do que é ou não é cinema. Cabe a nós julgar? Como julgar gosto pessoal?
O olhar crítico faz parte deste mesmo gosto. Podemos até reconhecer que um filme que não gostamos, foi bem feito tecnicamente, mas não significa que iremos gostar mais dele por isso.

Bom, fugindo dos dados históricos, da realidade e caindo naquele mundo sonhador, onde as pessoas geralmente caem em algum momento da vida (ou não), o cinema, para mim, significa TER VOZ, não dar, mas ter.
Significa colocar numa tela, num monitor, numa televisão, uma criação que possui alguma intenção, seja ela qual for, (mesmo que se negue), daquilo que o realizador queria contar, dizer, informar, criticar, expôr, ou qualquer coisa parecida. E porque "ter voz?" Porque é o criador/idealizador, o (primeiro) responsável por aquilo que faz. Mas claro que isto não significará que os espectadores entenderão ou compreenderão esta intenção. A significação ocorrerá de acordo com a "bagagem" de conhecimento e experiência de cada um. Mas, enfim, esse "ter voz" é simplesmente concretizar através das imagens, as idéias.

Agora, porque este título Cinema: potencial de "arma branca"
Porque assim como muitos objetos, que não tem a função de ferir, nas mãos erradas, ferem, o cinema nas mãos erradas pode ferir e MUITO. E este ferir, não significa o ferir físico, mas algo muito pior, um ferir conotativo e muito mais amplo.

Se um filme é a "voz" do seu criador, e se neste filme, o novo é apresentado ao espectador, o seu conteúdo pode ser tomado como verdade, mesmo se tratando de uma ficção. Como? A nossa noção de povos, de culturas, de países, de raças, animais, perigos, fatos, acontecimentos e até valores. Como? Os audiovisuais se tornaram a maior e principal fonte de informação. Ex. telejornais, novelas, filmes, vídeos, propagandas, documentários, seriados e afins. Somos possivelmente, completamente manipulados, mesmo que inconscientemente.

Portanto, me assusta o fato de o cinema poder funcionar como uma arma.
Mais difícil que fazer, é exibir os filmes. Ou seja, uma porcentagem muito pequena chega aos espectadores, e para chegar aonde chega, não adianta só querer, precisa fazer parte do sistema e de uma certa forma, ser "permitido". Então é uma batalha árdua para aqueles que tentam e querem fazer o diferente.
Dúvido que os filmes são feitos apenas por fazer. Intenção qualquer, se tem. E fazer filme dá trabalho, então deduzo que o idealizador gostaria de pelo menos ter algum espectador, mesmo que específico.
Agora porque é tão difícil ser "ouvido"?!
R.: SISTEMA

Nenhum comentário: