segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Filmes do mês - novembro

São atualizados no decorrer do mês.

09T-"O vigarista do ano" (2)
08T-"O procurado" (2)
07D-"A rosa púrpura do Cairo" (...)
06C-"Bastardos Inglórios" de Quentin Tarantino 2009 (2)
05C-"2012" 2009 (2)
04D-"Queime depois de ler" 2008 (2)
03C- "Código de conduta" de F. Gary Gray 2009 (2)
02T- "Edison -poder e corrupção" de David J. Burke 2005 (2)
01T- "Controle absoluto" de D. J. Caruso 2008 (2)
------
*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: A (em aula); C (cinema); D (dvd próprio), L (locadora), P (pirata), T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Clube do filme

3ª Sessão - "Up - Altas Aventuras" - Setembro de 2009
Sessão no Floripa Shopping

2ª Sessão - "Os deuses devem estar loucos" - Setembro de 2009
Edição Especial de Aniversário do Gilliard
Ally & Perez

1ª Sessão - "A vida de Brian" - Agosto de 2009
Local: Athenas Park

"Clube do filme" é organizado pelo casal Gilliard e Bianca.
As sessões costumam acontecer no prédio da Bia, na super equipada sala de cinema.
Eu tive o prazer de conhecer essas pessoas e fazer parte desse clubinho especial.
Não freqüento tanto quanto eu gostaria, mas sempre que posso, marco presença!
É um grupo super legal que se reúne para ver bons filmes e bater papo.
De vez em quando rolam sessões no cinema, noites do sushi e anivers com petiscos.

Link: http://blogdowistar.blogspot.com/search/label/Cineclube

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Up - altas aventuras" de Pete Docter 2009

en breve.

Filmes do mês - setembro

São atualizados no decorrer do mês.

10D-"Ele não está tão a fim de você" de Ken Kwapis (4)
09D-"17 outra vez" de Burr Steers 2009 (2)
08T-"Inimigo meu" de Wolfgang Petersen 1985 (3)
07T-"Dejavu" de Tony Scott 2006 (2)*
06D-"Faça o que eu Digo, Não Faça o que eu Faço" de David Wain 2008 (2)
05C- "A proposta" de Anne Fletcher 2009 (2)
04C- "Up - altas aventuras" de Pete Docter 2009 (4)
03C- "Os normais 2 - A noite mais maluca de todas" de José Alvarenga Jr. 2009 (2)
02C- "Se beber, não case" de Todd -Phillips 2009 (2)
01D- "100 escovadas antes de dormir" de Luca Guadagnino 2005 (4)
------
*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: A (em aula); C (cinema); D (dvd próprio), L (locadora), P (pirata), T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"A vida de Brian" - Monty Phyton 1979

em breve.

"Arraste-me para o inferno" de Sam Raimi 2009

em breve.

Filmes do mês - agosto

São atualizados no decorrer do mês.

4C-"Arraste-me para o inferno" de Sam Raimi 2009 (2) Data: 19.08.09
3D-""A vida de Brian" - Monty Phyton 1979 (2)* Data: 18.08.09
2C-"Inimigos Públicos" de Michael Mann 2009 (2) Data: 16.08.09
1C-"G.I. Joe -A origem do cobra" de Stephen Sommers 2009 (1) Data: 12.08.09
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*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: A (em aula); C (cinema); D (dvd próprio), L (locadora), P (pirata), T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Sentimento de perda

Um dia me deparei com um dilema. Um estranho dilema.
Eu estava num enterro de uma pessoa que nunca vi na minha vida. (acho eu)
Acompanhava alguém.
Eu não nutria qualquer sentimento. Não sentia nada. Talvez tentasse sentir algo. Empatia?
Qualquer dor ou sentimento de perda? Nada disso.
Era um alguém para alguém. Mas um alguém-ninguém para mim.
Observei a dor das pessoas. Poucos choravam. Talvez os filhos. Uns conhecidos.
Mas muita gente estava lá.
Aquela dor parecia tão real que me envergonhei de pensar que escolhi fazer cinema.
Fazer a tal "representação" da vida.
Como eu poderia recriar uma dor que só existe enquanto ela é real e verdadeira?
Dor que só surge nas situações limites. Nas situações reais.
Faço outra coisa, mas não isso. Recuso-me a construir esta ilusão.
Recuso-me a tentar vender essa ilusão como verdade. Mesmo que por um bem maior.
Mesmo que para tocar, atingir, transmitir... (minha verdadeira motivação pelo cinema)
Foi o que resolvi.
Então hoje...exatamente hoje, eu me deparei com outra situação.
Mesmo a dor...que me parecia tão real e verdadeira, hoje me pareceu tão forjada.
Mesmo a dor que parecia tão única, pode ser representada em vida.
Não é porque há falsidade, hipocrisia ou convenção. Nem considerei isso.
É porque é tão necessária quanto qualquer outra coisa.
Até para sentir dor, usamos "máscaras" sem nem perceber.
Se eu não chorar num velório, não estou cumprindo meu dever.
(e nem sei qual e nem porque é um dever).
Se eu não sentir dor, ou não sentir nada, devo ser estranha.
Somos pressionados até para sentir dor, mesmo quando não a sentimos.
Se eu não sofrer muito é porque não amava o suficiente.
Se eu não chorar um pouco, não me importava tanto.
Até nessa hora, tão sofrida, estamos sendo julgados.
Até nessa hora, alguém chora com um olho fechado e outro aberto observando em volta.
Nessa hora existe etiqueta, comportamento adequado, lógica e sentido. Até na hora da dor.
Talvez todos já saibam disso, talvez não. Só sei que eu me dei conta agora.
Não sei mais se a "dor" é tão real e verdadeira quanto eu imaginava.
Muitas vezes me parece algo obrigatório de se sentir.
Não havia reparado que há os que se orgulham de exibir sua dor. E quem exibe mais, vence. (não sei o que, mas parece realmente vencer algo, mesmo que para si mesmo)
Se a dor fosse tão real (e tão ruim), seria evitada. Demonstraríamos muito mais a quem amamos. Daríamos muito mais valor ao tempo e às pessoas, porque isso se torna inevitável e determinante para o sentimendo de perda e sentimento de dor.
Ou não é?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Clube do filme" de David Gilmour


Um pai. Um filho. Um acordo. Mais de 100 filmes.
"Você pode largar a escola, mas terá que assistir 3 filmes por semana comigo. E não poderá se envolver com drogas."
Eles assistem os filmes, discutem, debatem e através desse acordo, um pai, na tentativa de educar o filho, leva conhecimento, atravessa fases e aprende a entender o quão complexa é esta relação.
Um livro sobre pai e filho, mas recheado de pequenas informações sobre o cinema.

Com este livro entendi de vez, que um filme jamais pode ser analisado ou criticado, sem entender seu contexto. E é possível sim, educar e transmitir conhecimento através do cinema.

"Os incompreendidos" de François Truffaut 1959

em breve.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Filmes do mês - julho

São atualizados no decorrer do mês.

04D-"Os incompreendidos" de François Truffaut 1959 (3) - 31.07.09
03T-"Uma mãe para meu bebê" de Michael McCullers 2008 (2) - 31.07.09
02T-"Jogo de amor em Las Vegas" de Tom Vaughan 2008 (2) - 16.07.09
01L-"O profissional" de Luc Besson 1994 (3) - 12.07.09

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*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: A (em aula); C (cinema); D (dvd próprio), L (locadora), P (pirata), T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Livro "Cinema e educação" de Roseli Pereira Silva

Cinema e educação

Contribuição do cinema para a educação

Oscar D'Ambrósio*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Reprodução
A psicóloga e psicopedagoga Roseli Pereira Silva, em "Cinema e educação" (Cortez Editora), trata de dois temas absolutamente fundamentais para a educação contemporânea. De um lado, discute a questão dos valores em sala de aula no que diz respeito ao combate de qualquer tipo de preconceito. De outro, verifica como o cinema pode ser usado como recurso pedagógico de maneira pró-ativa.

O universo pesquisado pela autora é um grupo de 22 alunos, entre 14 e 17 anos. Durante quatro encontros, a partir da exibição de filmes, foram tratadas temáticas delicadas, todas elas envolvendo preconceito, seja em relação à mulher, ao negro ou aos homossexuais.

Originalmente uma dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Educação da USP, o trabalho contribui para a compreensão do impacto de filmes sobre os adolescentes. Ela sai da mera esfera da percepção desse fenômeno para uma observação concreta do poder do cinema de gerar discussões e alterar comportamentos entre a população jovem.

Ao se deter especificamente sobre a questão do preconceito, Roseli, por meio de questionários com os alunos, consegue apurar como filmes podem ser o ponto de partida para estimular o combate contra a discriminação, devendo ser mais utilizados como motivadores de todo tipo de projeto educativo que tenha a discussão de valores como um de seus pontos essenciais.

O cinema em sala de aula é ainda visto por uma dimensão pedagógica na qual sua utilização constitui elemento fundamental para romper barreiras entre o cotidiano da escola e a vida fora dela, além de diluir separações metodológicas entre o pensar, o sentir e o aprender.

Nos encontros promovidos por Roseli, o grande objetivo foi sempre a interação com os alunos e a participação deles como indivíduos críticos. No primeiro, foi promovida uma rodada de piadas sobre negros, homossexuais e mulheres. Verificou-se que os integrantes do grupo, mesmo que achassem algumas engraçadas, ao ouvi-las em bloco, foram levados a refletir sobre a carga de preconceito que elas carregavam.

Os filmes selecionados para discussão com o grupo foram Homens de honra (história real de um jovem negro que luta para vencer o preconceito e tornar-se mergulhador de elite da divisão de buscas e resgates da Marinha dos EUA), Filadélfia (sobre jovem e promissor advogado demitido por ser homossexual e portador do vírus HIV) e Shirley Valentine (dona-de-casa americana solitária que, ao viajar para a Grécia para recuperar seus sonhos de juventude, trabalha e se estabelece no Mediterrâneo).

A partir dos comentários dos adolescentes sobre estes filmes foi possível, para a autora, valorizar a importância da escola como espaço de formação e informação dos jovens, além de ser um universo em que a aprendizagem de conteúdos deve caminhar lado ao lado do bom relacionamento entre educador e educandos.

A pesquisadora verifica também que os adolescentes deveriam ser mais estimulados a falar e serem mais ouvidos para que pudessem contribuir para um melhor ambiente educacional. Nesse aspecto, a exibição e a discussão de filmes possibilita aos alunos uma enriquecedora problematização de dilemas morais, conscientização de posturas pessoais, revisão de preconceitos e a defesa de valores ligados aos direitos humanos.
Cinema e educação
Roseli Pereira Silva
Editora Cortez
222 págs.
*Oscar D'Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

Livro "O clube do filme" de David Gilmour 2009

Sábado, Julho 04, 2009

O Clube do Filme, de David Gilmour

VEJA

A ESCOLA DO CINEMA

O escritor David Gilmour deixou seu filho largar os estudos quando
ele tinha 15 anos. Com uma condição: ver os filmes que o pai
escolhesse. Foi de fato um aprendizado - para ambos


Isabela Boscov

Ed Ou/AP
O "CLUBE" ACABOU, A UNIÃO RESISTE
Gilmour e Jesse, que voltou a estudar e tenta ser cineasta: uma saída desesperada que virou uma porta de entrada

VEJA TAMBÉM

Quando seu filho Jesse tinha 15 anos, o escritor canadense David Gilmour fez o que poucos pais arriscariam fazer: em face da infelicidade do menino com a vida escolar, permitiu que ele deixasse os estudos. Mas impôs uma condição. Toda semana, Jesse deveria assistir a três filmes que seu pai escolhesse.Os Incompreendidos, de François Truffaut, inaugurou a seleção. A juventude do cineasta havia sido árdua: mal-amado pelos pais, ele fora delinquente até encontrar no cinema, primeiro como crítico e depois como diretor, uma vocação. Na última cena de Os Incompreendidos, seu protagonista - e alter ego - foge do reformatório, vaga até uma praia deserta e então olha para a câmera, que congela a imagem. Jesse não chegou a vibrar (Instinto Selvagem, mostrado a seguir, despertou mais entusiasmo), mas gostou o suficiente para o pai cutucá-lo: o que significava aquele desfecho?

Jesse formulou uma interpretação: o personagem estava se dando conta de que se livrar das coisas que lhe desagradavam fora fácil. Agora vinha a parte difícil - encontrar um rumo. Não é simples para um adolescente articular sua perplexidade. Os Incompreendidos, porém, além de ser um grande filme, deu a Jesse uma imagem de sua confusão e uma deixa para desabafar. Episódios como esse são o fio condutor de O Clube do Filme (Intrínseca; tradução de Luciano Trigo; 240 páginas; 24,90 reais), sobre os três anos de cinefilia compartilhados por pai e filho (que, entre 3 e 10 de agosto, visitam o Brasil a convite de sua editora). Há três semanas na lista de mais vendidos de VEJA, o relato evoca não apenas as dores por que passam pais e filhos, mas também aquele fenômeno meio mágico que às vezes se dá numa sala escura, diante de uma tela: uma descoberta e uma comunhão que, exatamente por prescindirem de palavras, ultrapassam o que se pode dizer.

Trocar a instrução formal pelo cinema foi uma proposta surgida do desespero. Gilmour a adotou porque o ódio à escola estava envenenando o filho e porque ver filmes lhe pareceu ser o meio mais seguro de garantir que eles tivessem uma proximidade franca e frutífera. "Mas perdi a conta de quantas vezes acordei de madrugada com o pavor de destruir o futuro do meu filho", disse ele a VEJA. O medo de que nem a alternativa da educação pelo cinema funcionasse inspirou uma série de precauções. Para que as sessões não ganhassem ar de obrigação nem terminassem por fazer de Jesse um esnobe, Gilmour tomou uma decisão brilhante: repudiou qualquer método. Filmes célebres ou obscuros, bons ou ruins, recentes ou antigos, americanos ou de qualquer outra procedência se sucederam no aparelho de DVD conforme o pai, crítico de cinema bissexto, se lembrava deles, ou conforme o humor do adolescente o determinasse. Quando Jesse caiu em tristeza profunda por causa de uma namorada, fez-se um pequeno ciclo de terror: nada como uma emoção forte para ajudar a esquecer outra.

Outra medida lúcida foi a de evitar preleções. O pai dava algumas dicas sobre o que se iria ver e cerrava os dentes para não falar além da conta. Os filmes é que deveriam falar por si mesmos, e então seria a vez de Jesse falar - ou não - sobre eles. De alguns dos títulos, ele tirou lições diretas (veja o quadro); outros o inspiraram de maneiras sutis. Jesse, hoje com 23 anos, retornou de livre vontade aos estudos, já rodou um curta-metragem, no qual também atuou, e prepara o roteiro de um longa. Sua inspiração foi Woody Allen, o cineasta com quem mais se identificou durante o aprendizado e por meio do qual identificou em si o desejo de escrever bem.

A educação heterodoxa de Jesse nesses anos recupera um tipo de convivência que se tornou raro: aquele em que pessoas se reúnem em torno de um interesse. Dos tempos pré-históricos, em que os mitos eram transmitidos de geração para geração à volta da fogueira, até o início do século XX, em que pais e filhos se juntavam para ouvir um deles ler um romance ou acompanhar uma história pelo rádio, essa é uma forma primordial de lazer - além de uma necessidade evolutiva. Nesses momentos, os mais velhos ensinam o que podem aos mais jovens e aprendem algo novo com eles; os laços se estreitam e os horizontes, por sua vez, se expandem. A vida afobada de hoje tende a limitar tais oportunidades. Nesse sentido, O Clube do Filme é um grande lembrete: os filmes, sejam eles bons ou ruins, representam o acúmulo da experiência humana da mesma forma que a literatura, a história ou a filosofia. Com a vantagem de que mesmo os adolescentes mais arredios (ou especialmente estes) adoram assistir a eles. Alguns gostam tanto que se dispõem até a conversar sobre eles. E outros ainda, como Jesse, descobrem nessa saída formulada por um pai que não sabe mais o que fazer exatamente aquilo que lhes faltava: uma porta de entrada.


Fotos divulgação

terça-feira, 2 de junho de 2009

Filmes do mês - junho

São atualizados no decorrer do mês.

15D-"Loucademia de polícia 2 - Primeira missão" de Jerry Paris 1985 (2)*
14D-"Loucademia de polícia" de Hugh Wilson 1984 (3)*
13C-"Budapeste" de Walter Carvalho 2009 (2) FAM
12T-"Dirty dance - ritmo quente" de Emile Ardolino 1987 (2)*
11T-"Vida de inseto" de John Lasseter 1998 (2)*
10C- Mostra de vídeos Mercosul FAM 2009 - 09.06.09 16h (2)
09C- Mostra Infantil e Mostra Infanto-Juvenil 1 do FAM 2009 (2)
08C-"A mulher invisível" de Claudio Torres 2009 (3)
07T-"Um presente para Helen" de Garry Marshall 2004 (2)
06D-"Tempo de matar" de Joel Schumacher 1996 (4)*
05A-"Volta à Ilha em 16 mm" de Luiz Tasso Neto 2004 (4)
04A-"Armações" de Dílson Branco e Rafael Carvalho 2004 (3)
03T-"Mamãe saiu com um vampiro" de Steve Boyum 2000 (1)
02T-"Operação babá" de Adam Shankman 2005 (2)
01T-"Do que as mulheres gostam" de Nancy Meyers 2000 (3)*
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*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Filmes do mês - maio

São atualizados no decorrer do mês.

10T-"Cova rasa" de Danny Boyle 1994 (2)
09T-"O escorpião-rei" de Chuck Russel 2002 (2)
08T-"Apenas amigos" de Roger Kumble 2005 (2)*
07T-"A morte lhe cai bem" de Robert Zemeckis 1992 (2)*
06D-"Top gun - Ases indomáveis" de Tony Scott 1986 (2)
05D-"Porky´s- A casa do amor e do riso" de Bob Clark 1981 (2)
04D-"Cada um com seu cinema" de DIVERSOS 2007 (3)*
03A-"Paris, te amo" de DIVERSOS 2006 (5)*
02C-"X-men - Origens: Wolverine" de Gavin Hood 2009 (3)
01L-"Horton e o mundo dos quem" de Jimmy H. e Steve M. 2008 (1)
------

*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

"Divã" de José Alvarenga Jr. 2009

Já faz um tempo que assisti, então não conseguirei lembrar de todas as impressões que tive.

É um filme para um público-alvo bem específico: mulheres acima dos 30, casadas, divorciadas, viúvas, acomodadas, frustradas, confusas e que precisam encontrar um novo sentido para viver (ou sobreviver). O filme pode servir de motivação ou relógio-despertador para mulheres em situações semelhantes.

Lilia Cabral interpreta "Mercedes", uma mulher que acredita ser feliz e realizada no casamento. Conforme dialoga com o terapeuta (em monólogo), percebe frustrações e insatisfações até então adormecidas ou despercebidas. Para conhecer a si mesma, ela precisa enfrentar seus conflitos internos e deparar-se com situações, muitas vezes incomuns ao seu universo. Situações até então desconhecidas e/ou redescobertas.

São nestas situações, quase sempre cômicas e até clichês, que Mercedes se descobre e dá um novo rumo para sua vida.

A melhor frase é aquela em que ela reflete no divã que nunca estará pronta, mas que não tem o menor problema, pois está disposta a seguir essa trajetória sem destino definido.

E realmente nunca estaremos prontos. Estamos sempre "quase lá".

É um filme bem "global" e tolo, mas até dá pra fazer alguma reflexão a partir dele.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Meu nome não é Johnny" de Mauro Lima 2008

"Meu nome não é Johnny" me parece uma releitura "abrasileirada" de "Prenda-me se for capaz" de Steven Spielberg de 2002.

A estrutura cinematográfica é bem semelhante. Uma história real de um criminoso procurado no país e de sua trajetória pré e pós-prisão.

Assim como no filme de Spielberg, o início é marcado com sua prisão e na seqüência seguinte, mostra a sua infância e traços da sua personalidade, evidenciando indícios na construção de alguns valores adquiridos pelo meio em que vive: escola, companhias e pais.

No filme de Spielberg, essas evidências são marcadas pelas sequências aonde Frank é detido na escola por se passar por professor e o pai acaba rindo, dando um certo apoio a sua atitude. Em outro momento, Frank presencia a traição da mãe e ela oferece dinheiro para ele se calar.

Já nesse filme, na sequência da mãe (Julia Lemertz) conversando com o pai na cozinha, Johnny é citado como líder de "atrocidades" na escola pela direção e ela aponta a necessidade de conversarem com o filho. Enquanto estão na cozinha, Johnny e seus amigos soltam um rojão na sala e o pai ao invés de brigar, comemora o gol do Vasco, apoiando a atitude do filho, sem recriminá-lo.

Nos dois filmes, Johnny e Frank são filhos únicos e sofrem as consequências de pais separados. Mas nos EUA, Frank se envolve com fraudes para sobreviver sozinho, num momento pós-separação e encontra nelas, um meio de viver. Já no Brasil, a realidade mais comum do jovem brasileiro é o envolvimento com drogas, portanto nada melhor para ilustrar esse perfil, que narrar a história de João Guilherme.

Johnny é um jovem de classe média, sem motivação ou meta, que se envolve com drogas, curtindo seus amigos em festas de arromba. Encontra aí um meio para viver. Com a venda de drogas, ele pode manter essa rotina diária de festas e ainda manter seu próprio consumo. Ele nunca viu a venda de drogas como um negócio ou com olhar empreendedor, apenas como um meio de sobrevivência. É isso que ele relata em seu depoimento à justiça e é isso que faz a juíza (mão-de-ferro) dar uma chance a ele.

Os dois encontram redenção ao final do filme. Johnny se recupera em uma prisão de reabilitação para doentes mentais e dependentes; e Frank trabalha para o FBI, colaborando para captura de criminosos do seu porte.

A diferença mais evidente entre os dois filmes, é a presença de um antagonista em "Prenda-me se for capaz". O policial interpretado por Tom Hanks, ganha destaque ao lado de Leonardo Di Caprio, criando uma relação paralela entre os dois, até o momento de sua prisão. Duas linhas que se encontram num desfecho.

No filme de Mauro Lima isso não ocorre, pois a polícia é retratada de forma realista: corrupta e envolvida com o tráfico de drogas, assim como outros filmes nacionais também retratam. "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite" são bons exemplos dessa realidade.

O que acho falho nessa versão "abrasileirada" é justamente a superficialidade na construção de personalidade de Johnny e sua verdadeira motivação em se envolver com drogas. O filme apresenta indícios, mas peca em não se aprofundar nessa construção. Apenas apresentá-lo como narração de um acontecimento real, não me parece suficiente em carga dramática e em expressão cinematográfica, na qual me parece que o filme se propõe.

O filme aborda superficialmente questões polêmicas como envolvimento da polícia com o tráfico e a situação dramática das prisões brasileiras e o sistema falho em devolver deliquëntes recuperados para a sociedade, além de outros assuntos como a separação dos pais, a inserção no universo das drogas através da maconha (cena da praia), a relação com os amigos, a relação com a namorada e suas crises de abstinência sem droga no centro de recuperação psiquiátrico (que não ocorrem).

Lima até tem uma boa proposta, mas ainda me parece uma releitura "abrasileirada" de um filme "hollywoodiano".

Filmes do mês - abril

São atualizados no decorrer do mês.

13T-"O retorno de Catherine" de Rex Piano 2004 (1)
12C-"Divã" de José Alvarenga Jr. 2009 (2)
11T-"Meu nome não é Johnny" de Mauro Lima 2008 (2)
10T-"Jumanji" de Joe Johnston 1995 (3)*
09T-"A menina errada" de David Jackson 1999 (2)
08T-"Extermínio" de Danny Boyle 2002 (2)
07D-"12 homens e uma sentença" de Sidney Lumet 1957 (4)
06T-"Cidade de Deus" de Fernando Meirelles 2002 (4)*
05T-"Outubro" de Sergei Eisenstein 1927 (4)
04A-"Um homem com uma câmera" de Dziga Vertov 1929 (5)*
03T-"X-men: o filme" de Bryan Singer 2000 (3)*
02C-"Monstros X Alienígenas" de Rob Letterman 2009 (2)
01C-"Presságio" de Alex Proyas 2009 (2)
------

*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Who Wants To Live Forever - Queen

Composição: Brian May

There's no time for us
There's no place for us
What is this thing that builds our dreams
Yet slips away from us

Who wants to live forever?
Who wants to live forever?

There's no chance for us
It's all decided for us
This world has only one sweet moment
Set aside for us

Who wants to live forever?
Who wants to live forever?

Who dares to love forever?
When love must die

But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who wants to live forever?
Who wants to live forever?
Forever is our today

Who waits forever anyway?

----------------
(estado de espírito...= ~)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"12 homens e uma sentença" de Sidney Lumet 1957

O filme começa e nos apresenta o final de um julgamento, aonde um adolescente está sendo acusado de assassinar o pai, e o júri precisará se reunir para declará-lo culpado e inocente. Vemos rápidamente um plano desse jovem e em seguida, o júri se reúne numa sala.
Quando vi essa cena do júri reunido na sala pensei comigo "O filme não vai ser isso né?". Mas foi. E é fantástico.

Lumet cria 12 personagens marcantes e completamente diferentes. Em cada atuação, percebemos traços de personalidade e valores formados.

São vários planos-sequência aonde o personagem de Henry Fonda acaba convencendo todo o júri de que o garoto é inocente e não culpado, como os 11 haviam votado no começo da reunião.

Ford não acredita que ele seja culpado, mas também não o julga inocente, apenas não tem certeza dos fatos. Eles revisam todas as provas e depoimentos e criam hipóteses não sondadas pelo promotor e pela defesa.

Com as dúvidas, um a um, vai mudando de opinião, até votarem "inocente".

O fantástico do filme não é a história em si, mas como ela é construída e contada. Em um fragmento de história, tendo quase o mesmo tempo do próprio filme e contando com o desempenho dos atores, do diretor, da montagem e obviamente de um roteiro muito bem construído, temos uma obra-prima intrigante.

O filme prende o espectador e traz o grande questionamento sobre a banalidade humana diante de assuntos tão complexos e definitivos.

É obra de gênio.

"Cidade de Deus" de Fernando Meirelles 2002

"Cidade de Deus" retrata a violência urbana brasileira e um pouco do universo do tráfico de drogas e a relação dos personagens e suas motivações.

De um realismo fantástico, o filme nos apresenta personalidades marcantes em vários segmentos que envolvem o tráfico.

Por um lado temos os personagens da favela Cidade de Deus, que trilham caminhos opostos. E por outro, personagens que complementam suas relações e atitudes. Vou detalhar alguns deles.

Numa realidade cruel da miséria e da falta de perspectiva, Buscapé, um jovem morador da Cidade de Deus, trilha um caminho diferente do que o esperado. Até tenta se envolver com o crime organizado, por ser uma vida fácil, mas por uma construção de valores ou até por uma falta de coragem talvez, escolhe tentar levar uma vida normal. Estuda, faz estágio, apaixona-se, fuma maconha e contando com o acaso ou não, recebe uma oportunidade como fotógrafo, que o distancia de uma trajetória quase certa para jovens e crianças moradores do morro e inseridos no universo amendrontador do tráfico.

Meirelles opta então em tornar Buscapé o foco principal do filme e o usa como ponto de vista, como narrador, como um alguém que vive num ambiente do qual faz parte.

Não que ele tenha presenciado ou vivenciado tudo, mas morando na Cidade de Deus, não parece difícil deduzir ou saber tudo o que se passa aos arredores.

O filme nos apresenta uma estrutura esquemática do tráfico muito simples: uma boca de fumo, da onde a droga sai, é o trófeu de qualquer traficante. É ela que lhe dá poder e dinheiro. Para preservá-la como a um forte, é necessário ter comparsas que arriscam suas vidas por ela. É necessário ter armas para provocar o medo e o pânico, e se preciso, utilizá-las nas guerras de gangues. E para tudo isso é necessário ter dinheiro, mas se ele não vem com as drogas, tem que vir de algum lugar, e é exatamente isso que gera a violência urbana, que atinge todas as classes. Assalto a bancos, assalto a mão armada, no ônibus, tudo em função do dinheiro e do poder que ele pode dar para jovens sem perspectiva nenhuma de vida.

É essa noção de poder sobre as vidas humanas que os tornam tão cruéis e cegos. Zé pequeno perde acidentalmente o melhor amigo por vingança, Zé pequeno constrói o inimigo Mané galinha, por abusar do seu poder ou do poder de uma arma de fogo e de uma gangue que o apóia, estuprando a namorada e matando a família do Mané galinha. Tudo isso só comprova que violência gera violência e continuará gerando, até que se dê algum basta.

Além disso, a gangue, impõe seus próprios valores na favela. Cria regras próprias de sobrevivência e uma própria estrutura de governo, que favorece os menos favorecidos pela sociedade. Os moradores têm que segui-las ou são punidos e mortos sem piedade.

Sem respeitar qualquer lei ou padrões da sociedade, o tráfico é financiado pelos consumidores e pelos policiais corruptos que comercializam armas e drogas apreendidas. É um mercado ilegal paralelo aos outros mercados. Quase uma escala de progressão, semelhante ao universo humano de início e fim.

As gangues retratadas são apresentadas como exemplos do esquema. Algo que começou pequeno foi progredindo e se transformando. E o filme não exibe nem perspectiva de um final feliz, só mostra sua progressão e continuidade. Os pequenos promissores que matam "Zé Pequeno"são o maior exemplo disso.

Cidade de Deus não é nenhum relato surpreendente. É uma ficção que une tantas reportagens, programas e depoimentos sobre a violência urbana e o tráfico de drogas. Também não é um discurso da verdade, é uma construção de hipóteses, pois se ele se baseia em fatos reais, ele apenas apresenta hipóteses para construir uma história, um fato.

As atuações são tão realistas, que a câmera parece nem estar ali, mas sim o espectador. A afinidade dos atores com os personagens e com a câmera é tão grande, que parecem estar atuando como personagens de si mesmos.

É um filme documental, que registra mesmo em ficção, uma realidade triste, cruel e constante da vida de muitos brasileiros.

Não o tomarei como uma verdade, mas chega muito perto.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Um homem com uma câmera" de Dziga Vertov 1929

Frenético! É um filme frenético e de palavras-chave: movimento, muito movimento, ciclo da vida, o cinema, o homem, o espectador, as engrenagens, a montagem, a simultaneidade, a continuidade, o cíclico, a sincronia.

Não há uma história, mas temos personagens: o homem e sua câmera que tudo registra; e as pessoas retratadas em seu cotidiano, em seu ciclo de vida, em sua natureza.

Vertov cria um bombardeio de imagens e brinca com esse tal "cinema-verdade".
Encontro vestígios de linguagem na idéia de "enquanto isso". Enquanto a cidade desperta, a mulher desperta, um homem dorme, alguém trabalha. Alguém nasce, alguém morre. Tudo parece acontecer ao mesmo tempo, talvez num mesmo dia, ou num mesmo instante.

A aparição do "homem e sua câmera" parece criar um distanciamento e aproximação ao mesmo tempo. "Olhe isso é a vida, olhe isso é cinema!". A câmera como um olho, que não é seletivo, é apenas instrumento do cérebro, da compreensão humana daquilo que presencia e visualiza. Quem dá o sentido somos nós.

As imagens são excessivas e densas, mas a vida real é densa e ágil. O tempo corre e Vertov brinca com o tempo. Ora acelera a imagem, ora retarda, e tudo em sincronia com uma melodia. Melodia fundamental, pois constrói o dinamismo das imagens, reforça o movimento, reforça a frenesia. Música frenética acompanhando um ritmo frenético de imagens.

Percebo 3 linhas de narratividade: as imagens, a presença da câmera inserida nos cenários e interferências. Essas interferências são imagens aleatórias inseridas em eventos narrados. Cartazes, engrenagens, espectador.

Apesar de não haver uma linha narrativa principal, uma história a ser contada, há um posicionamento, normal em qualquer registro, em qualquer documento. Há algo que possa ser extraído do filme, há algo que possa causar reflexão ou haver comunicação. Se fosse apenas um bombardeio insignificante, nosso repertório talvez não captasse nada, mas ele capta porque há algo a ser captado.

Vertov cria inúmeros constrastes nas imagens: o divórcio de um casal e o divórcio da imagem - imagem dividida; o nascimento e falecimento (bebê X funeral), as engrenagens mecânicas e as engrenagens naturais (máquina X queda d´gua); o lento e o acelerado (esportistas e espectadores).

As imagens possibilitam inúmeras associações. E o movimento contínuo é constante no filme, mesmo quando desacelera e recomeça.

O auge da reflexão do filme como cinema são as imagens congeladas, meras fotografias, e a personagem "montadora" ajustando-as, vemos então a imagem em movimento. Cinema em sua base é isso, "imagem em movimento". Cinema é frenético, é constante, é intenso, é o descongelar do tempo, é a continuidade da imagem, é a vida, mesmo que ainda representada. A presença do homem com sua câmera retrata isso, apenas representação. Há alguém por trás manipulando essas imagens, selecionando-as como num trabalho qualquer. Mãos que trabalham, mãos de manicures, operários, datilógrafas, telefonistas, embaladeiras, pianistas, mineiros, de montadores, de cinegrafistas. Mãos que tem vidas, que tem histórias, suas próprias histórias.

Vertov consegue criar através das sua construção de imagens toda a reflexão sobre a origem do cinema, todas suas transformações e possibilidades. Ele retrata o cotidiano dos Lumiere, a trucagem de Melies, a linguagem de Griffith, a montagem de Eisenstein, o experimental do cinema e um além que poderá chegar.

Não conheço nada parecido com Vertov. Um visionário talvez. Seu filme é único e pioneiro. É um registro da vida, um documento do cinema, do que é o cinema e de todas suas possibilidades.

O cinema é movimento. O cinema é Vertov.

"Presságio" de Alex Proyas 2009

Decepcionante.
Sabe quando começa de um jeito e termina de outro? Então...

"Presságio" começa com um contexto, beirando ao horror. Uma garotinha pálida e assustadora, tem atitudes estranhas e suspeitas ao escrever, compulsivamente, números numa folha branca, enterrada numa cápsula do tempo, para ser aberta 50 anos depois.

Nicolas Cage, enquadra-se num personagem familiar dos filmes hollywoodianos: um pai viúvo, que não aceita a morte da esposa, perde a fé, bebe antes de dormir e mal consegue se relacionar com o filho único, pequeno e "meio" surdo. É um astrofísico, professor e frustrado por acreditar que o mundo é repleto apenas de meras coincidências e acidentes.

O filho estuda na mesma escola da menininha assustadora e quando a cápsula é aberta em comemoração aos 50 anos da escola, ele, por sugestão do acaso, pega o envelope com a folha cheia de números.

O que parecia um filme de horror/suspense torna-se um filme de ficção científica.

A carta é descoberta por Cage e ele se afunda numa lógica de números que evideciam tragédias em data, pessoas mortas e posteriomente, localização precisa. Faltam 3 eventos, segundo a ordem dos números, para acontecer e Nicolas participa de todos, um por "acaso" e outro, tentando evitá-lo. O último, torna o filme, um discurso direto sobre fé e discurso bíblico.

Nisso tudo, há a presença misteriosa de um ser estranho, aparente extra-terrestre ou algo do tipo.

De suspense/horror torna-se uma ficção científica, e ao final, um discurso bíblico descarado e utópico.

O evento final, previsto pela menina estranha, é o fim do mundo. "Every one".
O sol irá lançar calor que destruirá toda a superfície da Terra e o ser estranho, que na verdade, são seres, vieram para a Terra, buscar os escolhidos, uma espécie de arca de Nóe espacial, e anjos extraterrestres. Claro, que os escolhidos são o filho de Cage e a neta da menina estranha.

A fotografia final, é uma moderna referência ao Genesis da Bíblia, citando Adão e Eva em sua roupa de saco de batata e a árvore do paraíso.

Eu achei o filme uma piada, não pela referência bíblica, mas por tentar vender algo que não é.
Porque não assumiu desde o início ser uma visão moderna do apocalipse?
Porque se apossar das técnicas e fórmulas cinematográficas hollywoodianas, para vender um filme de suspense e ficção, quando se inspira em profecias concretas?

O filme me parece uma releitura tosca de alguma idéia de balaio, numa Hollywood esgotada de idéias originais e cheia de grana pra gastar. Um desperdício.

É a evidência do começo da morte de uma indústria saturada. Ou pelo menos, é o que espero que aconteça, para surgir então um novo cinema, talvez "suecado". =)

quinta-feira, 26 de março de 2009

"Rebobine, por favor" de Michel Gondry 2008

20 milhões. Segundo dados da internet, este foi o orçamento do filme, considerado baixo para os padrões de Hollywood.

No Brasil, isto seria utopia e o sonho de muitos cineastas que precisam trabalhar com uma realidade bem distante de um orçamento como esse. Numa realidade de incentivo fiscal e filmes independentes, "Rebobine, por favor" ainda se enquadraria nos padrões de Hollywood, mas o ideal é analisá-lo excluindo estes rótulos.

Mas porque falar de orçamento? Porque, considerando os tais padrões de Hollywood, é o ponto chave do filme. Parece-me contraditório fazer um filme de orçamento maior, já que ele aborda o oposto dessa realidade. Sua essência é justamente o resgate do filme artesanal e da sua originalidade.

"Rebobine, por favor" evidencia uma nostalgia de uma época de transição do VHS para o DVD e de todas suas limitações: fitas de má qualidade e o ritual de rebobiná-las ao final. Além da nostalgia de filmes que marcaram gerações e tornaram-se clássicos, não para a história do cinema ou para críticos relevantes, mas para um público que curtiu muito a "Sessão da tarde" e lançamentos da sua juventude. Filmes que parecem esquecidos, mas tornam-se completamente familiares ao desenrolar da história. "Ghostbusters"; "Robocop"; "Homens de Preto" e afins.

Gondry nos traz a reflexão dos filmes caseiros, artesanais e únicos, quando reúne dois amigos que precisam salvar uma falida videolocadora do caos. Jack Black interpreta Jerry, um lesado mecânico que desmagnetiza todas as fitas após um choque que leva numa tentativa frustrada de destruir uma usina elétrica. O atendente e amigo Mike, desesperado, embarca numa tentativa de solucionar o problema, regravando com Jerry, fitas solicitadas pelos clientes. Sem nenhum recurso e com muita criatividade, eles conquistam um público que busca diversão em filmes regravados, denominados "suecados", evidenciando uma procura por um cinema alternativo e diferenciado.

Como citado anteriormente, o filme se passa numa época de transição do VHS para o DVD, ou pelo menos, retrata o desconhecimento dos personagens diante das novas tecnologias. Isso fica claro, quando Elroy, o velho dono da videolocadora falida, buscando encontrar alguma solução, espiona com surpresa a nova videolocadora (porque ainda tem esse nome?) que loca blockbusters em dvd e possui padrões de qualidade e atendimento.

Mike e Jerry conquistam público, criam uma nova forma de se expressarem em cinema e acabam atraindo a atenção de executivos de Hollywood. Os filmes são destruídos, pois se chocam com as leis de direitos autorais e não podem mais ser mais exibidos e nem produzidos.

É nessa virada que os dois, juntamente com a comunidade, público de seus filmes, resolvem criar uma obra única e original, um filme biográfico sobre Fats Waller, um músico de jazz, do qual Elroy dizia pertencer ao seu bairro.

É nesse momento, que Gondry nos aproxima do filme, nós público-criador, pois é justamente o que parece ser o futuro do cinema ou de uma possibilidade para ele. Numa era digital, aonde os equipamentos são de fácil manuseio e qualquer pessoa pode ter sua própria ilha de edição em casa, os "suecados" estão em alta e possuem seu próprio público, os amantes do "youtube".

Se antes havia preocupação com distribuição e orçamentos altos, hoje um filme pode ser feito sem custo nenhum, ser publicado e virar uma febre mundial. Claro que não corresponde as características do que o cinema é hoje, mas até onde sei, o cinema tem se transformado desde seu começo e transformado sua própria conceituação, a partir das experimentações que possibilitou e que criaram suas próprias trajetórias. Vídeoarte, vídeoclipe, vídeos experimentais e afins.

Se cinema, em seu princípio, é imagem em movimento, qualquer vídeo poderia ser cinema, mas sabemos que não é assim que funciona. Cinema hoje se tornou uma forma de expressão artística, consequência de inúmeros movimentos e escolas, que se enquadram em formas de desenvolver uma idéia dentro de uma estrutura básica de "roteiro-produção-gravação-edição" e o resultado é um filme, exibido para um público seleto ou não, transmitindo algum significado, aparente ou não, com uma mínima intenção. Geralmente esse filme é exibido numa tela grande, disposta em frente à poltronas e cadeiras e reúne alguma história com personagens, mescla técnicas elaboradas ou não e traz referenciais diretos ou não.

"Rebobine, por favor" resgata um passado marcante para algumas gerações, mas antecipa um futuro próximo e sugere uma possibilidade, ou pelo menos a evidencia.

O "suecado" já está presente, não é ficção, só falta o mercado descobrir como torná-lo lucrativo, e os artistas "independentes" explorá-lo como uma nova expressão artística. Ou na verdade, isso já nos é familiar?!

"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça..."

quinta-feira, 12 de março de 2009

Era uma vez uma cor vermelha.

Eu vi num curta. Gostei. Inventei.
Era uma vez uma cor vermelha.
E ela gostava da azul.
Ela combinava com a azul.
A azul foi viajar. Ela sente falta. A falta dói.
Por enquanto ela vai se distrair com amarelas, laranjas, rosas, verdes, mas nada se compara à azul.
A azul é top. É única. É perfeita.
Ela completa a cor vermelha da forma mais primária. Insubstituível.

"Quem quer ser um milionário?" de Danny Boyle 2008

Na aula de Roteiro Cinematográfico - Turma B, eu ouvi "o roteiro desse filme é horrível".

Eu também acho. Infelizmente acho. Fui "poluída" assistí-lo e constatei esta afirmação.

Não compro essa história. Uma, duas, até aceito, mas TODAS? Improvável. Até possível, mas improvável.

Que história? Um menino indiano da periferia, "Jamal", ganha o programa "Quem quer ser um milionário?". Antes de responder a pergunta final, é interrogado pela polícia. Ele precisa explicar como sabia todas as respostas. Simples: fatos de sua vida.

Sua vida? Miserável. Vivendo numa periferia ainda pior que a do Brasil, suas distrações são semelhantes: jogar bola, fugir de enrascadas, idolatrar ídolos, no caso, um ator de cinema de Bollywood.

Sua mãe é assassinada por motivos religiosos quando criança, restando como família apenas seu irmão de caráter duvidoso. Além deles, existem outras crianças órfãs, entre elas "Latika", que é acolhida por ele em seu abrigo. Nasce uma amizade e a semente de uma futura paixão.

Numa soneca no local de sustento: o lixão, aparecem dois homens que oferecem coca e um lar. "Se ele faz tudo isso é porque é bom, se nos deixar repetir o prato, é um santo!".

"De boas intenções o inferno está cheio". Ele trata bem as crianças para explorá-las na cidade. Elas mendigam para ele. E se elas cantarem bem, ele as cega, porque dá mais dinheiro.

O irmão de Jamal tem caráter duvidoso, mas é o responsável por salvá-lo. Na fuga, Latika não se salva. É o primeiro desencontro do casal.

Os irmãos crescem, ganham a vida como podem e dentro das possibilidades. Crescem sem valores e sem educação. Roubam, enganam, vendem..apenas se viram. Sobrevivência.

Jamal não esquece Latika. Ele a encontra. O "santo" a explora sexualmente. Ele a salva. Na verdade, o irmão os salva. De novo.

Eles comemoram. O irmão se sente no direito de estuprá-la. Para o bem de Jamal, Latika o afasta. Jamal some.

Jamal a encontra novamente mais tarde. Ela é linda e é infeliz ao lado de um Rico e Poderoso Mafioso (ou coisa do tipo) da Índia. Seu irmão é seu capataz. Jamal quer salvá-la dessa vida. Ela teme. Sua distração é o programa "Quem quer ser um milionário?". Ele se inscreve no programa por isso, porque ela poderia vê-lo e encontrá-lo em algum dia às 17h, na estação, como ele prometeu ficar todos os dias, até que ela aparecesse. Na verdade ela apareceu, mas o irmão capataz a levou de volta e Jamal não conseguiu mais encontrá-la. Aí é que entra o programa.

O Delegado (ou coisa do tipo) então o libera para responder a última pergunta e ele acerta e ganha. Os dois se encontram e...feliz para sempre?

Enfim...

A fotografia é espetacular. Quase sempre trabalhada em perspectivas diagonais. Muitos contrastes sociais. A movimentação de câmera é ágil, frenética, eufórica.

O filme se compõe de cores vivas e fortes. A música é intensa.

A composição do filme em geral é belíssima. E tudo funciona dentro de uma estrutura hollywoodiana clássica "o herói, a mocinha e o bandido". E um tradicional "Happy End".

O cenário é peculiar: uma Índia populosa e miserável; de grandes contrastes sociais; num ambiente vivo, frenético e colorido. Uma cultura tão distante...

É um filme americano com ingredientes indianos. Não é um filme da Índia ou sobre a Índia. É um filme NA Índia.

É um belo filme. Apenas belo.

Filmes do mês - março

São atualizados no decorrer do mês.

06C-"Rebobine, por favor!" de Michel Gondry 2008 (4)
05A-"Viagem à lua" de Georges Méliès 1902 ESCOLA DA ILHA
04T-"Melhor é impossível!" de James L. Brooks 1997 (4)*
03C-"Quem quer ser um milionário?" de Danny Boyle 2008 (3)
02A-"Dogville" de Lars Von Trier 2003 (4)*
01A-"Barbarella" de Roger Vadim 1968 (3)
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*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Barbarella" de Roger Vadim 1968

Barbarella é uma agente do Planeta Terra que recebe a missão de salvar Duran Duran em outro planeta.

Expirando sensualidade e também inocência, Barbarella percorre sua trajetória ao fundo de inúmeros cenários que se destacam pelas cores vivas e fortes, além das manifestações em formas orgânicas, no painel de sua nave e em outras aparições.

É um filme bastante gráfico. Pelas formas geométricas, pela destaque das cores, pelos cenários abstratos e pela estética particular do filme.

De fundo temos uma trilha sonora bastante presente e bastante metálica, tornando-se peça fundamental do tom do filme.

Outra trilha, outro filme.

É um filme cansativo, por se ater mais a sua arte ao invés da trama em si.

Parece haver mais preocupação em mostrar referenciais e metáforas ao desenrolar da história, pois ela se torna apenas um pano de fundo para manifestações visuais.

Com estas observações, destaco os contrastes marcantes: sexualidade de Barbarella X Sua inocência destruidora do mal; as formas orgânicas X sons metálicos; Mulher heroína X Homem vilão; crianças malignas X mulher adulta ingênua e inocente; bem X mal.

Um filme para se apreciar graficamente e usar como referência para futuras obras e para buscar repertórios anteriores.

De Alessandra Collaço da Silva
Curso de Cinema
Estética do Cinema 2009

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Filmes do mês - fevereiro

São atualizados no decorrer do mês.

08C- "Operação Valquíria" de Bryan Singer 2008 (2)
07T- "As branquelas" de Keenen Iviry Wayans 2004 (3)*
06T- "Não por acaso" de Philippe Barcinski 2007 (4)
05T- "Diário de uma babá" de Shari Springer Berman, Robert Pulcini 2006 (2)
04C- "Sim, senhor" de Peyton Reed 2008 (2)
03T- "Menina de ouro" de Clint Eastwood 2004 (3)*
02T- "O médico e o monstro" de Rouben Mamoulian 1932 (3) TV UFSC
01T- "Levada da breca" de Howard Hawks 1932 (3) TV UFSC

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*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Filmes do mês - janeiro

São atualizados no decorrer do mês.

19L - "Na mira do chefe" de Martin Mcdonagh 2008(2)
18C - "Surpresas do amor" de Seth Gordon 2009 (1)
17T - "Nunca fui beijada" de Raja Gosnell 1999 (2)*
16T - "A regra do jogo" de Jean Renoir 1939 (2) - TV UFSC
15D - "Fahrenheit 451" de François Truffaut 1966 - (2)
14P - "Um faz de conta que acontece" de Adam Shankman 2008 (1)
13T - "O cantor de jazz" de Alan Crosland 1927 - TV UFSC
12C- "O curioso caso de Benjamin Button" de David Fincher 2009 (5)
11T- "Transformers" de Michael Bay 2007 (2)*
10C- "A troca" de Clint Eastwood 2008 (3)
09C- "Sete vidas" de Gabriele Muccino 2008 (3)
08C - "Se eu fosse você 2" de Daniel Filho 2008 (2)
07T - "O confronto" de James Wong 2001 (1)
06L - "Arquivo X: Eu quero acreditar" de Chris Carter 2008 (2)
05T - "Metrópolis" de Fritz Lang 1927 (3)* - TV UFSC
04T- "Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra" de Gore Verbinski 2003 (3)*
03T- "A luta pela esperança" de Ron Howard 2005 (2)*
02T- "Sinais" de M. Night Shyamalan 2002 (3)*
01C- "Marley e eu" de David Frankel 2008 (3)

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*Filmes Revistos

Organização:
Ordem crescente - em números. Nome do filme + diretor + ano.

Códigos:
A (em aula);
C (cinema);
D (dvd próprio),
L (locadora),
P (pirata),
T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

família.

Quem foi o idiota que inventou a família?

Essas pessoas estranhas que fazem parte do ciclo da vida.
As únicas a quem as palavras mais cruéis podem magoar profundamente, mas que viram pó no dia seguinte.
Um pó invisível visível.
Palavras cruéis que se colam num muro de rancores e lembranças.
Elas sempre estão lá. Junto com o perdão diário.

Pessoas sem qualquer afinidade, mas com uma única ligação: pertencer a mesma família.

Aquelas com quem compartilhamos os melhores e piores momentos.
Um montinho de gente "escolhido" por um Deus com um puta humor negro. FDP.

Pior ainda. A gente ama incondicionalmente esse montinho de gente. Saco.

Quem dera ser diferente. Quem dera os momentos compartilhados na infância não significarem tanto. Quem dera as risadas não superassem as lágrimas causadas. Quem dera as qualidades não superassem os defeitos. Quem dera ser capaz de odiar pra sempre e fechar as portas do coração. Quem dera não se importar com essas pessoas que conseguem desabar qualquer mundinho cor-de-rosa. Quem dera não ter orgulho de seus progressos. Quem dera não poder escolher a família.

Amigos não são a família que podemos escolher. A gente acha que sim. Mas nenhum amigo suportaria o que uma família suporta entre si.

Quem foi o idiota?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Estranhos no paraíso" de Olsen Jr.

"Voluntária ou involuntariamente, era função da vida guardar aquele dinamismo ascético capaz de, mesmo no auge da bem-aventurança, manter pessoas que se amam, separadas..."

"...quando se quer justificar alguma atitude sempre encontramos bons argumentos. Quando não existem, nós os criamos."

"Felizes são os homens que têm uma opção, que podem escolher; mesmo equivocados. A escolha é sempre uma alternativa, algo possível que permite ao homem, ainda que solitário, mostrar sua liberdade...mas, mais importante do que isso, pensou, é o que saber fazer com ela..com esta liberdade que torna possível encontros e desencontros, mas porque, somente ela, a liberdade, torna suportável a solidão."

"A menina que roubava livros" de Markus Zusak

O melhor livro da minha vida. (até onde eu me lembre).
Não pela história, mas pela forma de contá-la. E pelo valor das palavras.
"Quando a morte decide contar uma história, você deve parar para ouvi-la."
A morte torna-se um personagem concreto e com certos sentimentos para falar de alguns anos da vida de Liesel, uma garota que é acolhida por uma família durante a 2ª Guerra Mundial. Uma garota que a encontrou 3 vezes.
Através dessa família, Rosa, Hans e Liesel, e os acontecimentos que os rodeiam, temos um ponto de vista que até então eu nunca presenciei em nenhum filme, reportagem ou outro livro do tipo: o ponto de vista dos alemães que não eram judeus e no entanto também sofreram com repressões e limitações do nazismo de Hitler.
É um livro sobre personagens. E um livro emocionante e triste.
Falar da Guerra sempre é um assunto triste.

"A troca" de Clint Eastwood 2008

Inconveniente.

Destaco essa sensação porque eu queria ter saído do cinema.

Sabe aquela sensação: "tá eu sei que isso existe e acontece todo dia, mas não quero ver, não quero saber e tenho raiva de quem sabe."?

Uma sensação de impotência e angústia. Tudo construído através dos planos longos da angústia da personagem de Jolie. E uma direção de arte de primeira. Mas apenas para ilustrar o cenário obrigatório de época. Nenhuma estética diferente pra destacar. E um lindo chapéu-coco dos Anos 20.

Uma grande injustiça. Um grande erro. Um horror. Uma vontade de não estar ali.

E um bom concorrente no Oscar 2009 para meu filme favorito sobre um tal de Benjamin. =)

Não rolou um "punctum" muito positivo. E eu nem queria falar do filme, mas falei. Alguma coisa pelo menos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"O curioso caso de Benjamin Button" de David Fincher 2009 (5)

Uma profunda poesia sobre a relatividade do tempo.

Uma metáfora do ciclo da vida humana e todas as suas particularidades.

Um belo filme sobre um personagem chamado Benjamin Button. E como diz o título, uma história curiosa sobre um homem que nasceu fisicamente idoso e morre fisicamente recém-nascido. Ressalto o "fisicamente", pois a mente de Benjamin obedece o amadurecimento da idade. Isso inclui uma espécie de Mal de Alzheimer ao fim de sua vida, quando esquece tudo o que viveu. Para mim, uma das passagens mais dolorosas e intensas, quando ele-criança diz para Daisy que tem a impressão de que viveu uma vida inteira, mas não se lembra dela.

Eu ousaria compará-lo com "Forrest Gump - Um contador de Histórias" de Robert Zemeckis 1994, quando narra passagens históricas, como as Grandes Guerras e a loucura The Beatles ,através da vida de um personagem principal, motivado (obviamente) por uma complexa história de amor. Afinal, que grande história no cinema, sobre um "grande" personagem, não envolve uma história de amor? De preferência complexa, claro.

Além disso, o estilo a la Forrest Gump, é reforçado pela relação de Benjamin com pessoas singulares que o marcaram em seu percurso de vida. Apesar de não lembrar de alguns nomes, jamais esqueceu da importância delas (até certa altura da vida, como percebemos na leitura do Diário). Uma cantora de ópera, um homem repetidor "eu já falei que fui atingido por 7 raios?", uma idosa que lhe ensinou a tocar piano, um capitão de rebocador, uma mulher casada que "quase" atingiu um recorde, um pai arrependido fabricante de botões, uma bailarina famosa e tantos outros, que em suas peculiaridades fizeram parte da formação de Button. Reforçados ao final expressam o valor da vida e da importância de valorizá-las. Funções e pessoas quaisquer, apenas metafóras, pois para cada um de nós o significado de quem amamos é diferente.

O filme é rico na direção de arte, com destaque na caracterização dos atores. Com exceção dos atores mirins que interpretam os personagens de Benjamin e Daisy na infância (no caso, Benjamin no fim da vida), os atores Brad Pitt e Cate Blanchett interpretam seus personagens na juventude, fase adulta e fase idosa. É perceptível que o contraste de luz foi uma das escolhas mais usadas para amenizar os efeitos de maquiagem, que nem sempre ficam perfeitos. E os tons acinzentados tornam-se alaranjados a medida que Button rejuvenece. Se antes tínhamos dias cinzas e frios, ao rejuvenecer e encontrar o amor nos braços de Daisy no auge de sua juventude, as cenas se passam em dias mais claros e ao pôr-do-sol.

Mesmo sendo evidente em filmes de época, a direção de arte vai além e cria uma estética particular, próxima a filmes como "O fabuloso destino de Amelie Poulan" e outros do diretor
Jean-Pierre Jeune. Cores vivas em contraste com tons cinzas, semblantes marcados, dos personagens, contrastes de luz e uma fotografia próxima a pintura de um belo quadro em várias passagens do filme.

Como eu disse, um belo filme. Daqueles que reúnem escolhas e expressões artísticas, com uma mensagem interessante sobre a vida humana.

Uma mensagem sobre as possibilidades e chances de recomeços para se fazer e ser o que quiser, mas que diminuim ao passar do tempo. Uma mensagem sobre o tempo que corre cada vez mais depressa e nos lembra que a vida não é para sempre e tudo que se ama se perde ao final do ciclo. Uma mensagem para o espectador, reforçada no último plano do filme, quando a água invade um aposento aonde um relógio antigo e abandonado continua funcionando e fazendo o seu tic-tac.

Tempos Modernos

Tempos Modernos
Lulu Santos
Composição: Lulu Santos


Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...

Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...

Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"Sete vidas" de Gabriele Muccino 2008

Chorei.

Chorei porque lembrei dos momentos em que penso que minha vida não é tão ruim, mas às vezes, a uma certa altura e se tivesse ao meu alcance, eu a trocaria com alguém que a mereça mais do que eu.

Deprimente né? Eu sei. Só que muito mais comum do que se imagina. (não estamos sós nessa).

Isso acontece naqueles momentos em que os acontecimentos tristes e angustiantes nos abatem e nos assombram quando queremos desistir da complexa e difícil vida humana. Não acontece com todos. Mas só entende aquele que se identifica diretamente com "Ben".

Polêmico? Talvez.

Afinal, porque simpatizar com alguém que é: saudável. rodeado de pessoas que o amam. e que decide tirar a própria vida para salvar outras sete através da doação dos seus órgãos e bens.?

E isso após causar acidentalmente a morte de outras vidas, incluindo a da esposa amada, deixando claro que jamais conseguiria conviver com isso. Ele não as matou. Foi uma fatalidade, porque se fosse um homicídio culposo, doloso ou o diabo, ele nem estaria em liberdade. Mas independente da lei, um ser com um mínimo de bom cárater se culparia de qualquer forma.

É uma situação delicada. Como julgá-lo?

Se ele estivesse doente, seria mais fácil?

Se ele não se apaixonasse seria apenas uma história de jornal ou de um livro best-seller. É por inserir um problema, que a história se torna interessante e expressivamente cinematográfica.

O filme não é óbvio e se constrói em imagens. Uma escolha ousada e sábia. Se fosse óbvio se tornaria um filme dramático, excelente para uma chuvosa Sessão da Tarde com atores mexicanos dublados em português ou para se assistir nas madrugadas da Sessão Corujão.

Tá, exagerei.

Mas são as construções visuais e de informações soltas que montam uma trama na mente do espectador. Nem tudo fica respondido ou claro e é isso que torna o filme interessante e compenetrado.

Will Smith possui um carisma e simpatia naturais. E seu personagem transmite o mesmo.

A passagem mais forte, porém antecipadamente prevísivel é o bip de Emile tocando. Sabemos então que ao ganhar um coração novo, perde-se o do amado. E ponto.

Mas não poderia de ressaltar que a mensagem relevante do filme é a doação de órgãos. Das vidas que podem ser salvas a partir de uma que se perde. Mas de preferência, por uma fatalidade e ciclo normal da vida.

Eu gostei, mas eu sei que é um daqueles filmes apenas para se tirar algo de bom, já que não é o mais forte e profundo dos filmes.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

"Marley e eu" de David Frankel 2008

Uma linda declaração de amor daqueles que consideram os cães, os melhores amigos do homem.

Eu li o livro e me emocionei. Chorei, ri e me identifiquei por já ter tido cães e por adorá-los da mesma maneira. Porém após a leitura, eu deduzi que os não-adoradores jamais sentiriam a mesma empatia. O livro é só para nós.

Mas livro é livro. O leitor sempre tem o esforço de construir as imagens e de se identificar com elas. A leitura pode ser interrompida, estacionada e depois retomada normalmente, afinal o esforço serve para memorizar a história e simpatizar cada vez mais com ela. Nunca é tempo perdido.

Cinema é cinema. A imagem está pronta, só basta se identificar. Se interrompida, fica mais difícil. Então mesmo para os não-adoradores é um filme engraçado, divertido e levemente emocionante. Eu disse para os não-adoradores.

Eu até consegui arrancar do meu "namorido" um progresso: "Talvez a gente possa ter. Talvez." Pra quem dizia nunca, já é um ganho.

Agora para nós, totalmente adoradores, é um filme EMOCIONANTE. De soluçar e provocar dilúvios. É tão engraçado como um cachorro consegue ser com suas peculiaridades e tão emocionante quanto perder um dos entes mais queridos.

É uma adaptação sentimental fiel a do livro. E eu sei que é difícil transportar palavras de páginas em quase 2 horas de imagem, mas a emoção foi a mesma.

É um filme-best-seller excelente. E embargada de emoção, não consigo vê-lo com outros olhos.