quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Presságio" de Alex Proyas 2009

Decepcionante.
Sabe quando começa de um jeito e termina de outro? Então...

"Presságio" começa com um contexto, beirando ao horror. Uma garotinha pálida e assustadora, tem atitudes estranhas e suspeitas ao escrever, compulsivamente, números numa folha branca, enterrada numa cápsula do tempo, para ser aberta 50 anos depois.

Nicolas Cage, enquadra-se num personagem familiar dos filmes hollywoodianos: um pai viúvo, que não aceita a morte da esposa, perde a fé, bebe antes de dormir e mal consegue se relacionar com o filho único, pequeno e "meio" surdo. É um astrofísico, professor e frustrado por acreditar que o mundo é repleto apenas de meras coincidências e acidentes.

O filho estuda na mesma escola da menininha assustadora e quando a cápsula é aberta em comemoração aos 50 anos da escola, ele, por sugestão do acaso, pega o envelope com a folha cheia de números.

O que parecia um filme de horror/suspense torna-se um filme de ficção científica.

A carta é descoberta por Cage e ele se afunda numa lógica de números que evideciam tragédias em data, pessoas mortas e posteriomente, localização precisa. Faltam 3 eventos, segundo a ordem dos números, para acontecer e Nicolas participa de todos, um por "acaso" e outro, tentando evitá-lo. O último, torna o filme, um discurso direto sobre fé e discurso bíblico.

Nisso tudo, há a presença misteriosa de um ser estranho, aparente extra-terrestre ou algo do tipo.

De suspense/horror torna-se uma ficção científica, e ao final, um discurso bíblico descarado e utópico.

O evento final, previsto pela menina estranha, é o fim do mundo. "Every one".
O sol irá lançar calor que destruirá toda a superfície da Terra e o ser estranho, que na verdade, são seres, vieram para a Terra, buscar os escolhidos, uma espécie de arca de Nóe espacial, e anjos extraterrestres. Claro, que os escolhidos são o filho de Cage e a neta da menina estranha.

A fotografia final, é uma moderna referência ao Genesis da Bíblia, citando Adão e Eva em sua roupa de saco de batata e a árvore do paraíso.

Eu achei o filme uma piada, não pela referência bíblica, mas por tentar vender algo que não é.
Porque não assumiu desde o início ser uma visão moderna do apocalipse?
Porque se apossar das técnicas e fórmulas cinematográficas hollywoodianas, para vender um filme de suspense e ficção, quando se inspira em profecias concretas?

O filme me parece uma releitura tosca de alguma idéia de balaio, numa Hollywood esgotada de idéias originais e cheia de grana pra gastar. Um desperdício.

É a evidência do começo da morte de uma indústria saturada. Ou pelo menos, é o que espero que aconteça, para surgir então um novo cinema, talvez "suecado". =)

3 comentários:

João Guilherme disse...

Oi Ally, não entendi o que você quis dizer com "suecado".

Assiste Divã no cinema e dá a tua opinião aqui!

Bjos JG

ally_c disse...

Oieee JG, para entender suecado vc tem que assistir o filme "Rebobi-ne, por favor" (eu fiz uma "crítica aqui no blog sobre ele). É uma expressão utilizada nesse filme que resolvi incorporar ao meu vocabulário cinematográfico. Seriam filmes feitos de forma artesanal e são únicos, não existem cópias. Filmes feitos por espectador-criador, sabe?
Fugindo desse padrão de mercado da indústria cinematográfica.

E em breve vejo Divã para opinar pra vc! hehehe =)

JG disse...

Humm, entendi. Vou assiste Rewind Please então.

Me dá a dica que vai mudar minha então: Qual o melhor livro sobre roteiros que tu conhece?

Vou escrever um.

PS: Sobre o assunto Cazuza, acho pertinente você assistir Na Natureza Selvagem.

PS2: Lembrei dessa música quando vi tua resposta: Little Boxes

Little boxes on the hillsite
Little boxes, made of tic-tac
Little boxes on the hillsite
Little boxes all the same
There is a green one
And a pink one
And a blue one
And a yellow one
And they're all made out of tic-tac
And all look just the same
And the people in the houses
All went to the university
Where they were put in boxes
And they all came out the same
And there are doctors and lawyers
And business executives
And they are all made out of “tic-tacky”
And they all look just the same