sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Segurança nacional" de Roberto Carminati 2010

1. Possui qualidade técnica até então desconhecida no cinema nacional. Reproduz a narrativa clássica do cinema hollywoodiano de maneira ineficaz com narrativa fraca e supercial, porém apresenta pela primeira vez, a possibilidade de fazer um cinema com qualidade técnica, semelhante aos filmes de Hollywood, só faltando a prática, a experiência madura, a inspiração criativa e a busca de uma narrativa mais densa e amarrada, comuns nos grandes clássicos do cinema. Se eles fazem de mês em mês, esse aí levou uns 5 anos. Vai demorar, eu sei.


2. Explora o nacionalismo de uma forma bem exagerada, tão típico do cinema hollywoodiano e norte-americano em geral. Porém, no nosso caso, estamos impregnados da falta dele, portanto muitos ridicularizam a própria nação e a forma como é evidenciada no filme. (como observado na sala de cinema) Mas se os brasileiros empregassem a mesma energia que gastam com seu falso patriotismo durante a Copa, para mudar aquilo que precisa ser mudado nesse país, talvez a mudança de certas injustiças fosse mais rápida e eficaz. Enquanto isso, seguimos na ficção.

3. Apresenta cerca de 70% das cenas no Estado de Santa Catarina, com foco principal em Florianópolis, como a ponte Hercílio Luz, Iate Clube, a Sede do Governo do Estado, Avenida Beiramar e o Colégio Catarinense, além de outros cenários nacionais. Explora os pontos turísticos mais importantes do estado, como as cenas românticas nas areias das praias de Floripa e a perseguição de carros na Serra do Rio do Rastro (ainda superficiais diante dos padrões hollywoodianos). É a prova viva de que Santa Catarina é realmente uma região favorecida em termos climáticos e geográficos para se fazer uso nas narrativas cinematográficas. Da serra às praias, do frio ao calor intenso, das regiões urbanas aos casarios. Serve como carta de apresentação e um convite para possíveis produtoras e profissionais do cinema. Viva o mercado e a possibilidade de viver do cinema!

4. Apresenta a Força Aérea Brasileira, e seu potencial bélico.


5. Apesar de apresentar uma qualidade técnica de qualidade, o mais válido é usá-lo como um exemplo clássico de reprodução fraquíssima da narrativa clássica hollywoodiana da forma mais fiel possível (história de amor em paralelo com vilão X herói), nacionalismo exagerado, estereótipo do vilão, e a clara referência aos filmes de ação protagonizados por Steven Segal, VanDamme ou sendo mais generosa, James Bond e afins. É uma tentativa de mostrar que hoje é possível fazer o cinema que a Vera Cruz não conseguiu fazer. É a possibilidade de viver de cinema, ainda que comercial, mas que poderá servir de ponto de partida para o amadurecimento da escrita (longa trajetória). É fraco no roteiro, mas glorioso na produção. Possui uma lista gigatesca de colaboradores catarinenses no filme, mostrando mobilização e reconhecimento. A cena fraca de ação só fortalece o discurso do cinema de baixo orçamento. A cena é fraca, mas nem por isso barata. Serve para contrastar com os orçamentos milionários hollywoodianos, e apontar de forma mais objetiva aonde o dinheiro é empregado. Fazer cinema custa dinheiro e muitas ideias dependem de muuuito dinheiro. Cinema é uma arte essencialmente coletiva.

É fraco. Arranca risadas deslocadas, mas de alguma forma deslumbra ao mostrar a cidade aonde nascemos, crescemos e vivemos. Não é comum vermos Santa Catarina retratada culturalmente em circuito nacional ou explorada apenas como pano de fundo na produção nacional, com exceção do Fam. Por isso o deslumbramento.
A história nem mais importa, mas sim o sonho e vontade de poder fazer cinema aqui! =)
É possível!

Filmes do mês: maio

São atualizados no decorrer do mês.

08D-"O sétimo selo" de Ingmar Bergman 1956 (2)
07D-"O ano em que meus pais saíram de férias" de Cao Hamburguer 2006 (3)
06C-"Segurança Nacional" de Roberto Carminati 2010 (2)
05D-"O poderoso chefão" de Francis Ford Coppola 1972 (4)*
04D-"Rebobine, por favor" de Michel Gondry 2008 (3)*
03D-"Mad Max 3 - A cúpula do trovão" de George Miller 1985 (3)*
02D-"Nação fast food"de Richard Linklater 2007 (3)
01D-"Mad Max 2 - A caçada continua" de George Miller 1981 (3)

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*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: A (em aula); C (cinema); D (dvd próprio), L (locadora), P (pirata), T (tv).

Notas:
(0) horrível OU nem me pagando pra ver de novo.
(1) ruim OU no máximo de graça.
(2) razoável OU dá pra ver na Sessão da Tarde ou na Tela Quente.
(3) bom OU pra locar na Videolocadora.
(4) muito bom OU esse vale a pena ver no cinema.
(5) excelente OU marcou a minha vida.