segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Filadélfia" de Jonathan Demme 1993


Em 1993 fui com meus pais no cinema e só lembro de acordar no final da sessão. Eu tinha uns 8 anos. Acho que nem era pra minha idade.
Devo ter assistido outras vezes depois, mas assim como em outros filmes, nossa memória nos engana e esquecemos totalmente da história e ao assistir novamente algum filme do passado, somos apresentados a um mundo novo da ficção com muita fantasia, comédia, drama e/ou romance.
"Nossa, não me lembrava desse detalhe!" "Nossa, não me lembrava desse ator!" "Nossa, não lembrava da história mesmoo!"
Enfim, com um acervo de mais de 500 filmes, este foi o filme escolhido para assistir numa noite de sábado, debaixo das cobertas, muito bem acompanhada pelo meu noivo, claro! Foi escolha dele, já que envolvia advogado, sua profissão! =)
"Filadélfia" é a história de um advogado, Andrew Hackett, homossexual (super discreto), com aids (vírus HIV manifestado) que demitido por justa causa do escritório de advocacia, alegando preconceito, resolve entrar na justiça para lutar por seus direitos.
O personagem é protagonizado por Tom Hanks, seu advogado (inicialmente preconceituoso) é Denzel Washington e seu namorado (super fofo e atencioso) é Antônio Bandeiras. Todos bem novinhos e numa ótima performance dramática. Tão boa que o filme foi premiado com o Oscar de Melhor Ator (Tom Hanks) e Melhor Canção (composta por Bruce Springsteen).
Por muito tempo, a câmera nervosa, sob o olhar de quem se sente ameaçado e/ou apavorado por uma pessoa contaminada, age como olhos nervosos dos personagens, atenta a cada movimendo de Andrew: o que ele toca e onde ele toca. Pavor real, reflexo de uma sociedade que na época não sabia lidar muito bem com uma doença tão devastadora e mortal. (se é que hoje já sabe!) Mas pior que o preconceito diante da doença, é o preconceito com a opção sexual de Andrew, tida como causadora e disseminadora da doença e colocada como escolha. Os chefões do escritório, alegam que Andrew escolheu contrair a doença, a partir de suas preferências sexuais, diferente de quem contraiu inocentemente numa transfusão de sangue. Santa ignorância! (perdoem-me mesmo os ignorantes, mas ninguém escolhe contrair uma doença. Até pode estar suscetível, quando se tem uma vida sexual ativa, como o número crescente de soropositivas donas-de-casa que contraem de seus maridos infiéis. Obviamente elas não usam camisinha por serem casadas e por confiarem nos seus homens, que levam pra casa o tal vírus mortal! Escolha uma ova! Deles talvez, mas não delas! Coitadas!)
Não muito longe da ficção, Dourado do Big Brother 2010, causou polêmica, ao afirmar durante o confinamento que somente homossexuais contraiam HIV e heteros não.
Estamos em 2010 e a falta de informação e esclarecimento ainda é grande, mesmo que a sociedade pareça menos apavorada, já que o vírus parece controlado (ainda que mortal).
É difícil morrer de AIDS como antes, como morreram nossos mestres da música Cazuza e Renato Russo. Com as novas descobertas, os soropositivos levam uma vida plena, controlados por medicações fortes, e sem apresentar uma aparência tão debilitada como antes. Os cuidados continuam sendo necessários e os riscos ainda são reais, tanto para os soropositivos, quanto para os sexualmente ativos, independentemente de suas opções sexuais.
Assistir ao filme me fez pensar que o preconceito não reside somente na doença, mas no pavor de assumir o papel de quem sofre preconceito. Viver diante de tanta ignorância e falta de esclarecimento, como Andrew viveu na ficção. Com aparência debilitada, o personagem contou com muito apoio da família e de um namorado que não é soropositivo. Escolha do diretor em mostrar que a pessoa soropositiva leva uma vida normal e é amado pelos entes queridos, mesmo diante de tanto sofrimento. Não é somente um promíscuo ou um drogado, os que contraem a doença, mas às vezes por falta de esclarecimento, um jovem, descobrindo a vida sexual, numa única ocasião, num único deslize, contrai uma doença irreversível. Um erro comum, dificilmente isolado.
Mesmo numa biblioteca, ao tossir ou encostar em algo ou alguém, as pessoas tremem de pavor. Andrew lê um trecho da lei em que diz que a AIDS é uma doença social, pois mais que as conseqüências da doenças, o indivíduo sofre isolamento e preconceito, dificultando ainda mais a luta pela vida, pois menospreza, torna-o inválido e o exclui, antes mesmo que a doença cumpra esse papel.
Um filme da década de 90, mas atual. Não porque a sociedade ainda apresenta uma postura apavorada, mas porque o risco ainda existe, o cuidado ainda é necessário e a falta de esclarecimento é mais comum do que se imagina! Mesmo diante de tanta mobilização, propaganda, campanhas. O esclarecimento às vezes tem que partir de dentro!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Notícias rapidinhas de cinema II


1. Martin Scorsese está em Paris rodando seu mais novo filme, A Invenção de Hugo Cabret, no qual o diretor presta homenagem ao cineasta Georges Méliès (1861 — 1938).

2. Com estreia prevista para 2011, Wes Craven começou a rodar Pânico 4, com participação dos veteranos Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox. O primeiro filme da série de horror foi lançado em 1996, e o último filme da franquia data de 2000, dez anos atrás. A ideia de Craven é lançar o 5 e 6 na seqüência.

3. Lançado trailer do documentário Mamonas para sempre, do diretor Cláudio Kahns. O filme conta com material inédito e depoimentos de parentes, amigos, produtores e músicos que recontam a trajetória do grupo, os desafios, a ascensão e o trágico acidente aéreo que matou todos os seus integrantes em 1996.

4. YouTube estuda a possbilidade lançar serviço de filmes ainda este ano. Os títulos custariam cerca de U$5 e seriam assistidos em tempo real (não baixados).

5. O novo filme do diretor francês Jean-Luc Godard, Film Socialism, chega aos cinemas brasileiros no dia 3 de dezembro.

6. Filme sobre John Lennon, O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy) chega aos cinemas em 1º de outubro, interpretado pelo ator Aaron Johnson.

7. "Piranha", refilmagem do clássico "Piranhas" de 1978, dirigido por Alexandre Aja (Viagem Maldita e Espelhos do Medo) chega aos cinemas brasileiros em 15 de outubro, com versões em 3D.

8. O sétimo filme da franquia Jogos Mortais ganhou data de estreia no Brasil: 29 de outubro. O longa terá formato 3D.

9. A Warner Bros. Animation resgata seus personagens clássicos Papa-Léguas e Coiote e os leva de volta aos cinemas em três novos curtas-metragens. As animações acompanharão os próximos lançamentos da distribuidora em filmes para a família que chegam às telonas a partir deste ano, com projeção em 35mm e 3D.

10. As duas principais distribuidoras do Brasil, a Imagem Filmes e a Europa Filmes, se uniram para a distribuição de O Palhaço, segundo filme do ator Selton Mello como diretor. O lançamento está previsto para o primeiro semestre de 2011.

11. O músico, cantor e compositor americano, Lenny Kravitz voltará a atuar no cinema, no filme The Blind Bastards Club de Ash Cohen Baron (irmão de Sasha B. Cohen, conhecido como repórter Borat). Com cenas gravadas no Rio de Janeiro, o longa conta a história de um grupo de cegos que pratica esportes radicais. As filmagens devem começar em março de 2011.

12. O documentário Uma Noite em 67 de Renato Terra e Ricardo Calil é o mais visto no gênero este ano no Brasil. O filme conta como foi um dos grandes momentos da história da MPB, a noite da grande final do terceiro Festival de Música Popular Brasileira, em 1967.

13."Atividade paranormal 2", dirigido por Tod “Kip” Williams (Provocação) estreia em outubro deste ano. Apostando na formula já bem sucedida de A Bruxa de Blair (1999) - produção barata + estilo mockumentary - o primeiro Atividade Paranormal estreou em 2009 e foi sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$ 190 milhões.

14. Exposição reúne vestidos clássicos e imortalizados no cinema (como réplicas dos vestidos usados por Marylin Monroe) no Shopping Iguatemi em São Paulo até 30 de agosto.

15. Abertas inscrições até dia 30 de agosto para a seleção de filmes brasileiros de longa-metragem aptos a concorrer ao prêmio de melhor filme em língua estrangeira no Oscar 2011.

"A origem" de Christopher Nolan 2010

Queria eu ter domínio sobre algum conceito de subconsciente, mas mesmo sem isso e com um pouco de Jung no repertório pessoal, misturado a uma imaginação cinematográfica, consegui entender com clareza a proposta de Nolan.
Fui ao cinema com a mente e postura aberta diante do que poderia vir de Nolan, sabendo que corria o risco de sair com dor de cabeça e com a sensação de frustração, caso não entendesse sua proposta, ou pelo menos, um mínimo dela.
Diferente de outros depoimentos, a ideia me pareceu muito clara.
O filme se constitui de uma narrativa protagonizada por Leonardo Di Caprio e sua equipe, sem se preocupar em introduzir sobre cada personagem, mas já começando diante do inédito, a possibilidade de invadir os sonhos e roubar ideias.
Pra quem estuda um pouco sobre criação, é fácil entender que as ideias de cada indíviduo partem de um repertório pessoal, formado pelas experiências únicas de viver. Sejam experiências vivenciadas (quando se vivencia), presenciadas (quando se presencia a do outro) ou apenas ouvidas (quando o outro a "conta").
Nenhuma ideia vem de um "boom" criativo, inexplicável, sem origem. É um exercício mental de extrair do repertório, a melhor construção: a ideia.
Para os designers, por exemplo, muitas logomarcas são desenvolvidas após uma trajetória de experimentos e tentativas, e acabam sendo frutos de uma descontrução contínua e exercitada. Como começar com um quadrado e terminar com um círculo. O que importa não é o começo ou o fim, mas o processo. O processo é o verdadeiro caminho para a desconstrução e criação.
Isso vale para o design ou para qualquer processo de criação.
Quanto maior o repertório, mais diversificada pode ser a ideia, por isso ver filmes, ler, viajar, conhecer pessoas diferentes, conversar, trocar ideias, escrever, refletir, enfim, estimular a imaginação é extremamente importante e necessário para exercitar a mente e a capacidade de criar.
Voltando agora ao filme, fica simples.
Toda ideia possui uma origem particular no indivíduo. Obviamente deve ser difícil identificar exatamente o que do repertório pessoal influenciou nessa ideia, por isso, entra o subconsciente (ou o inconsciente para Jung): a natureza do desconhecido para o ser humano. Tudo aquilo que foge da lógica ou do padrão, como a pedofilia, a vontade de matar, o próprio instinto humano, a paixão, a atração, inveja, sensações, sentimentos e comportamentos impossíveis de controlar, parecem vir desse universo do desconhecido.
Leonardo Di Caprio é o mais habilidoso invasor de mentes, de toda a equipe. Sua habilidade vem da experiência contínua de trabalho e principalmente, das viagens profundas que embarcou com a esposa. Seu trabalho é roubar ideias, ou no objetivo principal do filme, fazer o difícil, a inserção de uma ideia.
Sendo o cinema a melhor ferramenta para ilustrar o mundo dos sonhos e da imaginação, poderia haver representação melhor que um cofre, um forte, um cadeado para guardar aquilo que temos de mais precioso na mente como nossas ideias mais criativas e conflitos/desejos pessoais internos?
Se é possível invadir, é possível proteger, portanto as cenas de ação do filme se baseiam nos mecanismos de defesa que a mente da vítima criou para proteger o que tem de mais precioso, representados por seguranças de terno e óculos.
Para invadir a mente de alguém, é necessário compartilhar do mesmo sonho, momento humano onde a mente relaxa e vaga dentro de si mesma. Somente ali, é possível agir.
E quanto mais profundo é o sonho, mais dentro de si a mente vaga. Por isso, no filme um sonho dentro de um sonho, é interiorizar ainda mais a mente e tentar chegar o mais longe possível do subconsciente, ou o mais perto da origem de uma ideia, um sentimento, um instinto.
Para ir tão fundo é necessário dormir profundamente e não correr o risco de acordar, pois quando se vai muito longe, o risco de confundir a realidade com os cenários criados pela mente, podem ser grandes e irreversíveis. Como uma pessoa que fica em coma, mas não lembra do que aconteceu enquanto esteve em coma. Ou das experiências de morte ou até de situações-limite, onde a mente bloqueia o trauma, fazendo a pessoa pular uma experiência vivida para se proteger de si mesma.
E essa mesma mente é veloz, pois palavras não parecem suficientemente rápidas para ilustrar tudo que pensamos, tanto é que quando falamos rápido demais, tentando acompanhar o pensamento, atropelamos as palavras.
Assim como Nolan, no filme "O apanhador de sonhos" de Lawrence Kasdan 2003, a mente é representada por um lugar, no caso, um pequeno escritório, com diversas gavetas separadas por assuntos. Neste filme, para bloquear algo da mente antes que seja invadida, porum extraterrestre, o personagem procura nas gavetas o que precisa deletar, num exercício desgastante de procura e bloqueio.
E sempre que esqueço uma palavra, um nome, uma informação, imagino uma figura miniscúla de mim mesma, como uma estagiária nervosa e estressada, procurando incansavelmente nas gavetas, a informação que gostaria de lembrar. Às vezes levam minutos, às vezes horas, às vezes dias, e de solavanco, escovando o dente ou no meio de uma conversa tola, lembro de um nome que não lembrava dias atrás. "Eureca". A estagiária encontrou! =)

"Os deuses devem estar loucos" I e II de Jamie Uys 1980 e 1989


Recentemente precisei de um trecho do filme "Os deuses devem estar loucos" de Jamie Uys 1980, para exemplificar a construção de significados e diversidade cultural, numa palestra na semana de planejamento na Escola onde trabalho. Exibi um trecho do youtube e foi um sucesso!
Diante da curiosidade em rever na íntegra este clássico da sessão da tarde, resolvi adquirir uma cópia em dvd e me deparei com um problema: o filme saiu de catálogo e se esgotou no Brasil. Não encontrei uma cópia sequer no mercado online, e vaguei em diversas lojas, na esperança de encontrar uma cópia esquecida, mas não tive sucesso. Até encontrei duas ofertas no todaoferta, das quais não senti confiança e depois de dois meses de busca, meu noivo encontrou uma cópia nos EUA, no amazon.com, com legenda em português e chegou semana passada pelo correio.
Passei o final de semana assistindo e digo: vale a pena ver de novo!
Com as limitações técnicas da década de 80, o filme preserva o que tem de melhor: a simplicidade em apresentar os contrastes culturais entre membros de uma tribo africana e o "homem" urbano europeu.
Os dois filmes são ambientados no Kalahari, deserto localizado no Sul da África, onde somente a tribo dos bosquímanos consegue se adaptar e conviver amigavelmente, sobrevivendo diante da escassez de água.
No primeiro filme, o personagem Xi, encontra uma garrafa de coca-cola, culturamente desconhecida para ele, que inicialmente é bem recebida na tribo, como um presente dos deuses, mas que posteriormente é vista como motivo de desentendimento e vergonha entre o grupo. Xi resolve devolver o "presente" aos Deuses, embarcando numa jornada de contrastes e diversidade cultural.
Já no segundo filme, os filhos de Xixo se deparam com a curiosidade de conhecer o novo, seguindo as "pegadas" de um caminhão de exploradores de marfim, e Xixo precisa resgatá-los, seguindo os rastros deixados, tendo que lidar com as limitações de quem não sabe sobreviver num ambiente tão árido, mas considera-se extremamente civilizado.
A simplicidade de Xixo é cativante e nos faz questionar nosso modo de viver.
A sociedade contemporânea não parece disposta a abrir mão de todo conforto e tecnologia disponível, mesmo que resulte em desigualdade social, miséria, desgaste dos recursos naturais e superexploração do planeta, talvez por isso, o preço a ser pago seja tão alto!

Dicas de filmes - agosto

CINEMA

Não vi, mas vou ver:

"O bem amado" de Guel Arraes 2010 - comédia

Baseado na obra de Dias Gomes, O Bem Amado conta a história do prefeito Odorico Paraguaçu, que tem como meta prioritária em sua administração na cidade de Sucupira, a inauguração de um cemitério. De um lado é apoiado pelas irmãs Cajazeiras. Do outro, tem que lutar contra a forte oposição liderada por Vladimir, dono do jornaleco da cidade. http://www.obemamado.com.br/filme.html

"Meu malvado favorito" de Pierre Coffin e Chris Renaud2010 - animação

Gru (Steve Carell) é um supervilão que duela com Vector (Jason Segel) para ter o posto de o mais malvado. Para vencer a disputa, ele decide roubar a Lua. Só que terá que enfrentar três órfãs, que estão sob os seus cuidados e não podem ser abandonadas.

"Kick ass - quebrando tudo" de Matthew Vaughn 2010 - ação
Filme independente (baixo orçamento para os padrões hollywoodianos), inspirado em quadrinhos, sobre jovens e desajeitados heróis, geração Youtube, mergulhados em uma trama cínica, engraçada e violenta a la Tarantino. Conta com a participação de Nicolas Cage, como o pai da Hit Girl.

Já vi e indico:

"A origem" de Cristopher Nolan 2010 - ficção científica Atual campeão de bilheteria nos EUA, é considerado impenetrável à crítica, tamanha é a proposta complexa do enredo, depois de "Matrix" (1999). Se depender do mesmo diretor de "Batman - O cavaleiro das trevas" (2008), a expectativa é grande!

"Salt" de Phillip Noyce 2010 - ação/drama
Angelina Jolie encarna uma agente da Cia, acusada de espionagem.
O filme foi inicialmente projetado para um personagem masculino, recusado por Tom Cruise, que preferiu fazer "Encontro Explosivo" (2010) e posteriormente a história original foi adaptada para uma protagonista mulher e como em todos os filmes recheados de ação, protagonizados por uma mulher ágil e eficiente fisicamente, como "Lara Croft: Tomb Raider" (2001) e "Sr. e Sra. Smith" (2005), Angelina encarna mais uma personagem de forma intensa, trabalhando muito bem o olhar e gestos sutis, em contraste com os golpes rápidos da personagem Emily Salt. O filme não possui nada de inovador em termos de ação cênica, explorando mais uma vez a narrativa clássica, do uso de heróis e vilões, usando o desgastado esteriótipo dos vilões russos/soviéticos, em contraste com uma heroína nacionalista leal silenciosa. A sutileza e profundidade dos olhares da personagem Salt tornam-se aliados dos espectadores mais antenados ao enredo. Está tudo ali colocado e trabalhado na subjetividade através dos grandes olhos claros de Jolie, para sacar a construção da personagem e o desenrolar dos acontecimentos. Arrisco em dizer, que é até um pouco previsível. E aproveito para acrescentar algo positivo no quesito entretenimento, usando um comentário de uma amiga otimista que assistiu antes de mim, afirmando que o filme traz um toque de realismo em algumas cenas, do tipo "parece tão fácil, que dá vontade de fazer igual". Angelina é perfeita pra esse papel e pra esse tipo de personagem, mas o filme é puro entretenimento e boa opção pra quem gosta de pura ação e um pouquinho de sutileza.

"Toy Story 3" de Lee Unkrich 2010 - aventura/animação 3D
Continuação da aventura dos brinquedos falantes do crescido e calouro universitário Andy, agora em 3D, resgatando lembranças da infância, passagens para vida adulta e arrancando boas risadas (e algumas lágrimas nostalgicamente emocionadas) ao apresentar novos personagens, como o Ken metrossexual e o ursinho roxo vingativo Lotso (com cheirinho de morango), além dos inesquecíveis Wood, Buzz e seus amigos. Vale a pena assistir os dois filmes anteriores e relembrar de como era fantasiar os brinquedos ganharem vida, quando se está distraído. Destaque para o desfile de moda do Ken. Inesquecível!

"Eclipse" de David Slade 2010 - fantasia/suspense/aventura/romance
Terceiro filme da saga Crepúsculo. Dispensa comentários. Puro "prazer culpado".
Para relembrar, é focado no confronto entre a família Cullen e o exército de recém-criados (vampiros) de Victoria, buscando vingança pela morte do parceiro James (no 1º filme). Além de focar principalmente nas incertezas de Bella Swan ao se sentir dividida entre o amor de Jacob (lobinho) e Edward (vampirinho).
Destaque para a cena da cabana, que carrega o tom humorado e divertidamente constragedor do livro.
Obs.: A saga toda faz parte da minha lista de "prazeres culpados" infinita. (tecnicamente não é bom, mas eu adoro mesmo assim).

VIDEOLOCADORA

Não vi, mas vou ver:

"Encontro Explosivo" de James Mangold 2010 - ação/comédia
Protagonizado pelos astros Tom Cruise e Cameron Diaz, narra a história de uma jovem que se envolve com um agente secreto e embarca numa agitada aventura.

"Mary e Max" de Adam Elliot 2009 - animação/drama
Em paralelo ao 3D, é um longa feito em técnica artesanal stop motion (fotografia dos movimentos quadro a quadro), que conta uma história de amizade entre dois personagens, inseridos no universo atual das redes sociais.

"A fita branca" de Michael Haneke 2009 - drama/guerra
Ambientado na Primeira Guerra Mundial, foi indicado ao Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro.

"Chico Xavier - O filme" de Daniel Filho 2010 - drama

O filme conta a história do médium Chico Xavier, maior representante do espiritismo no Brasil que completaria 100 anos em 2010, se estivesse vivo.

"É proibido fumar" de Anna Muylaert 2009 - drama
Glória Pires protagoniza a história de uma mulher, professora de violão, que precisa enfrentar conflitos pessoais como parar de fumar, reaver um sofá e lidar com o envolvimento amoroso com o vizinho recém chegado.

Já vi e indico:

"Educação" de Lone Scherfig 2009 - drama

É um filme do qual não se espera nada, e revela-se extremamente maduro. Tão inocente quanto a personagem, somos levados a acreditar numa história que nos cativa gradativamente, com alguma ponta de desconfiança, mas com imensa vontade de entregar-se e torcer por um final feliz. Nenhuma idealização ou caracterização de personagens perfeitos, mas sim uma história contada sob a perspectiva de uma jovem, Jenny, com 16 anos, ótima aluna de uma escola conservadora em Londres, em plena década de 60, que se envolve com um homem, 20 anos mais velho, David e que através dele, descobre um mundo de possibilidades diferentes da qual estava destinada desde que nasceu: estudar e cursar Letras em Oxford. A atriz estreante, Carey Mulligan, que interpreta Jenny, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, assim como o filme teve indicação para Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

"Um sonho possível" de John Lee Hancock 2009 - drama
Conta a história real de um adolescente negro que é amparado pela socialite Leigh Anne e sua família (rica e branca), tornando-se um astro do futebol americano. É um filme interessante, bonito e otimista sobre atitudes que podem mudar para melhor a vida de uma pessoa, esquecida pela sociedade.
Alegra um dia nublado e nos encoraja a pensar que existe esperança no mundo!
Sandra Bullock recebeu o Globo de Ouro e Oscar de Melhor Atriz em 2010 pela curiosa composição da personagem, forte e espivetada Leigh Anne.
O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme.

"A estrada" de John Hillcoat 2009 - drama

Filme sem narrativa clássica (início, meio e fim) que apresenta a luta pela sobrevivência de um pai e filho, num cenário monocromático de horror, 10 anos depois de um evento não esclarecido que causou o fim da energia, vegetação e vida no Planeta Terra (aquecimento global talvez?).
É um filme com passagens fortes, durante a trajetória que os personagens percorrem, num mundo dividido pelos que lutam para sobreviver sem perder a humanidade e pelos que nunca a tiveram.

"Um olhar no paraíso" de Peter Jackson 2009 - drama
É sobre uma garota que é brutalmente assassinada e não consegue fazer a "passagem espiritual", pois precisa ajudar a família a superar sua morte.
O diretor já trabalhou com temas espirituais em filmes como "Almas gêmeas" (1994) e "Os espíritos" (1996), além de ter dirigido a trilogia "Senhor dos Anéis".
Achei intensa a experiência visual do cenário que a personagem Susie Salmon transita até fazer a passagem espiritual após a morte.
A mistura de cenários e objetos lembra bastante nossos sonhos, quando mistura lembranças e sentimentos através das composições fantásticas e metafóricas, como a chuva que começa a cair quando Susie fica triste ou quando tudo começa a secar ao seu redor, quando sente raiva e solidão.
Os conceitos espirituais não são explícitos, o filme não tem impregnado discursos morais sobre o espiritismo, apenas apresenta uma crença, uma possibilidade de que existe vida após a morte, existe uma continuidade e é necessário desprender-se deste mundo para integrar a um outro completamente novo. Isso significa querer esquecer e superar as lembranças ruins, mas todas as boas também. É desapegar-se da vida terrena. Mas Susie não consegue fazer isso, não enquanto sente sua família desequilibrada e vê seu assassino livre sem poder intervir.
É preciso, no mínimo, estar disposto a se entregar à proposta espiritual e tentar não desanimar com o fato de que não há necessidade de um fim, mas sim de uma continuidade da vida. Uma frase marcante e carregada de subjetividade "Você ainda vai entender que todos morrem Susie".

"Nova York, eu te amo" 2009 - drama/romance
Seguindo a proposta de "Paris te amo" (2006), do qual já assisti umas 5 vezes, o filme faz parte do projeto "Cities of love", que incluirá trabalhos realizados no Rio de Janeiro em 2011. Diferente do primeiro, em Paris, que apresentava 20 curtas bem definidos, este realizado em Nova York, reúne histórias e personagens entrelaçados entre si, num formato de longa, dirigido por diversos diretores sem um início e fim bem definido do trabalho de cada um. É uma questão de escolha e de propostas bem diferentes, em ambos projetos. Eu ainda prefiro a proposta de curtas, por ser uma linguaguem incomum no circuito comercial, que deveria ser mais valorizada. De qualquer forma, ambos projetos são uma boa oportunidade de conhecer narrativas com propostas diferentes, das apresentadas nos longas tradiocinais e que trabalham com uma mesma temática: o amor e as relações humanas nas "Cities of love" - Cidades do amor.

Filmes do mês - agosto

São atualizados no decorrer do mês.

17C-"Karatê Kid" de Harald Zwart 2010 (2)
16D-"O expresso da meia-noite" de Alan Parker 1978 (2)
15T-"A outra" de Justin Chadwick 2008 (3)
14D-"Filadélfia" de Jonathan Demme 1993 (3)*
13C-"A origem" de Christopher Nolan 2010 (3)
12T-"O segredo de Beethoven" de Agnieszka Holland 2006 (3)
11T-"Tigerland - A caminho da guerra" de Joel Schumacher 2000 (2)
10C-"Os mercenários" de Sylvester Stallone 2010 (1)
09D-"Os deuses devem estar loucos 2" de Jamie Uys 1989 (4)*
08D-"Os deuses devem estar loucos" de Jamie Uys 1980 (4)
07D-"Educação" de Lone Scherfig 2009 (4)
06T-"Paranóia" de D.J. Caruso 2007 (2)
05T-"Transamerica" de Duncan Tucker 2005 (3)
04C-"Salt" de Phillip Noyce 2010 (2)
03L-"Julie e Julia" de Nora Ephron 2009 (3)
02L-"Nova York, eu te amo" vários diretores 2009 (2)
01L-"Um olhar no paraíso" de Peter Jackson 2009 (2)
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*Filmes Revistos Organização: Ordem crescente - em números.

Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: C (cinema), D (dvd acervo pessoal), L (locadora), T (tv).

Notas:
(0) dispensável
(1) ruim
(2) razoável
(3) bom
(4) muito bom
(5) excelente
(P) prazer culpado (tecnicamente ruim, mas adorei)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

"Os mercenários" de Sylvester Stallone 2010

Não é meu tipo de filme favorito, mas ao sair do cinema, conclui que não poderia deixar de comentar minhas impressões sobre esse filme...tão tão..tão..."Domingo Maior"?
Extremamente violento, beirando ao cômico e absurdo, "Os mercenários" me surpreendeu pela qualidade técnica. Som impecável (meio exagerado), toque de humor masculino manjado e sangue, muito sangue e violência. De fechar os olhos. História bem fraquinha e nada inédita, mas como não esperava muito do Stallone, fiquei surpresa. No final das contas, história, ação e técnica foi o que menos me importou, porque o filme me pareceu um grande encontro e uma grande homenagem ao gênero, e principalmente aos astros que se consagraram nos filmes de ação: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Jason Statham, Dolph Lundgren, Jet Li e outros. (só faltou o Vin Diesel) Atores estes, que fizeram parte de uma geração de filmes que marcaram nossas noites de domingo.
Fãs dos filmes típicos de ação, luta, sangue, violência, vilãoXherói, mocinha sexy e indefesa, explosões catastróficas, músculos de aço e afins, possivelmente curtirão o resultado.
Sessão lotada, inevitável não rir da cena rápida e sugestiva entre Bruce Willis, Arnold (pausa para pesquisar no google) Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Piada interna maaaaster!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Notícias rapidinhas de cinema


1. O diretor brasileiro Fernando Meirelles foi cotado para dirigir os dois últimos filmes da Saga Crepúsculo, mas recusou porque não se identificava com o tema (lóogico).

2. Sylvester Stallone deixou uma dívida de quase 4 milhões de reais no Brasil, pelas filmagens do seu novo filme "Os mercenários". (fdp)

3. Márcio Garcia está dirigindo um filme para o mercado americano. (o Bahuan foi longe).

4. A ex-modelo/cantora/amante?/esposa do 1º ministro francês, Carla Bruni, foi convidada para atuar na série de tevê CSI. (hãmm)

5. A quinta seqüência do filme "Velozes e furiosos" terá história ambientada no Brasil, onde será realizada parte das gravações.

6. O filme "O doce veneno do Escorpião", inspirado no livro de mesmo título, que conta a história real de uma garota de classe média que tornou-se prostituta e postava sua rotina num blog, interpretada pela atriz Débora Secco, será lançado em fevereiro de 2011.

7. Depois do filme de Justin Bieber, Hollywood pretente lançar "Lady Gaga: The Movie" em 3D, contando a história da carreira da cantora Lady Gaga, misturando os estilos dos filmes "Moonwalker" (1988) sobre Michael Jackson, e "Dreamgirls" (2006).

8. A franquia "Jogos Mortais" entrou para o Guinness World Records como a "série de terror de maior sucesso do cinema", desbancando Halloween, A hora do pesadelo, Sexta-feira 13, e O massacre da serra elétrica.

9. A revista americana Empire escolheu seus 10 personagens favoritos mais legais do cinema: Tyler Durden (Clube da Luta); Darth Vader (Star Wars); Coringa (Batman - O Cavaleiro das Trevas); Han Solo (Star Wars); Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes); Indiana Jones (Indiana Jones); Jeffrey Lebowski (O Grande Lebowski); Jack Sparrow (Piratas do Caribe); Ellen Ripley (Alien) e Vito Corleone (O Poderoso Chefão).

10. Previsto para ser lançado em 2011, o primeiro filme do urso Zé Cólmeia, com a direção de Eric Breving (Viagem ao Centro da Terra). O filme irá misturar animação com atores.

Prazer culpado - tão ruim, mas é tão bom!


Há algum tempo comentei sobre a expressão "prazer culpado" em relação aos filmes que tecnicamente são ruins, mas mesmo assim adoro assistir.
Conheci o termo do livro "Clube do filme" de David Gilmour e esta semana, li na Revista Veja, uma matéria especial sobre a expressão "guilty pleasure", popularmente usada nos EUA e traduzida por aqui como "prazer culpado" ou em tradução mais livre, "prazer inconfessável".
A Veja listou alguns itens e acrescento os meus e os citados pelo David Gilmour.

Tão ruim, mas é tão bom! - Revista Veja - 04.08.10
Música, filmes, programas, produtos de que todos têm vergonha de admitir que gostam. Quando mais ao centro do alvo, mais inconfessável é o prazer!

1. Chaves - tão ruim que já virou clássico!
2. Big Brother - o circo romano moderno. só esqueceram o leão.
3.Videocassetadas - sucesso desde os tempos que o Faustão era gordo.
4. Crocs - a feiura que os olhos veem e os pés não sentem.
5. Chipz - dois grupos alimentares essenciais: isopor e gordura.
6. Susan Boyle - feia, cafona - mas que gogó
7.Baywatch - sal, sol e silicone
8.Transformers - nada mais idiota - nem mais divertido - do que um carro que vira robô.
9.Fanta uva - o doce e enjoativo sabor da infância
10. Dirty dancing - é o cúmulo brega dos anos 80. mas quem não relaxou e dançou?

"Prazeres culpados" de David Gilmour no livro "O Clube do filme".

1.Uma linda mulher (1990) - nenhuma cena verossímil, mas uma história tão envolvente, contada de forma tão eficaz, com uma cena agradável atrás da outra, que mesmo sendo um filme "idiota", ele prende a atenção.

2. Rocky III - O desafio supremo (1982) - apelo barato, mas irresistível.

3. Nikita - criada para matar (1990) - um filme ridículo sobre uma garota bonita e viciada que é transformada numa pistoleira a serviço do governo. Alguma coisa torna o filme charmoso visualmente, fazendo-nos perdoar o absurdo da história.

4. Showgirls (1995) - horrível, incompetente e doentio. Faz os espectadores balançarem a cabeça de incredulidade. É o campeão dos prazeres culpados, porque faz o espectador se sentir envergonhado por assistir em casa. É tão ruim, que vicia.

5. A força em alerta (1992) - uma tolice que reúne dois vilões, Gary Busey e Tommy Lee Jones, ambos excelentes atores com papéis horrorosos. Dá a nítida impressão que nos intervalos das filmagens, os dois rolavam no chão de tanto rir.

Os meus prazeres culpados (bem culpados e bem prazerosos) - agosto 2010

1. Saga Crepúsculo - os livros não cabem em longas de no máximo 2 horas, mas isso não impediu o lançamento de cada um dos 3 filmes: "Crepúsculo", "Lua nova" e "Eclipse" e não impediu também de se tornarem um sucesso mundial, ainda que muitos achem patética a história de uma humana que se apaixona por um vampiro, numa caracterização inverossímil e fantasiosa. Sou culpada, assumo, mas adoro! =)

2. Sessão da tarde - quem nunca se deliciou com algum filme da sessão da tarde, debaixo das cobertas, comendo porcarias, numa tarde preguiçosa? A lista é imensa, desde "Quero ser grande" (1988), "Curtindo a vida adoidado" (1986), "Te pego lá fora" (1987) e "Sem Licença para Dirigir" (1988). Há também os nacionais, "Lua de Cristal" (1990), "Xuxa contra o baixo astral" (1988) e a série de filmes do Didi, como o meu favorito "Xuxa e os trapalhões em O mistério do Robin Hood" (1990). Acrescento ainda os atuais "Meninas malvadas"(2004), "De repente 30" (2004), "Sexta-feira muito louca" (2006) e não poderia esquecer dos clássicos "Lagoa azul" (1980), "Karate Kid - A Hora da Verdade" (1984) e os filmes do Ed Murphy como "Um Tira da Pesada" (1984) e "Um Príncipe em Nova York" (1988). Mas também é impossível esquecer dos "Caça fantasmas", "Ghost", "De volta pro futuro", "Velocidade máxima", "Querida encolhi as crianças", "Saga Indiana Jones", "Loucademia de polícia", "Procura-se Susan desesperadamente", "Mudança de hábito", "Uma babá quase perfeita", "Os deuses devem estar loucos" e infinitos filmes, mas é melhor parar por aqui.

3. Big Brother - e reality shows em geral como os brasileiros (copiados do estrangeiro) "No limite" e as comidas nojentas, "Ídolos" e seus cantores bizarros, "Troca de família" e todo o quebra-pau, "O aprendiz" - "Vocês está demitido!" e "Dr. Hollywood" e o pavor que dá das plásticas.

4. Pânico na TV - é mal feito, bizarro, vai contra o bom senso, esvazia a mente, mas vicia. Na época do Zina então, impossível não espiar. Nada mais "metáforico" que a mulher samambaia. Já virou até clichê. Ronaldo!

5. Hermes e Renato - e afins na MTV - tão ruim e bizarro quanto o Pânico, mas motivo de boas gargalhadas e boas lembranças entre amigos. "Merda acontece" e "Joselito não sabe brincar".

6. Jackass - na onda dos bizarros - taí uma coisa estúpida, mas viciante como as videocassetadas do Faustão e pegadinhas do Sílvio Santos.

7. Sílvio Santos e Faustão (balaio total) - "Topa tudo por dinheiro", "É namoro ou amizade?", "Passa ou repassa?", "Domingo Legal" ou "Domingão do Faustão" e seu quadro "se vira nos 30", "dança dos famosos", "arquivo confidencial" e por aí vai. Eita tarde preguiçosa! "ô loco meu, ha ha hi hi"!

8. Músicas - quem não sabia de cor as duas músicas de sucesso da Kelly Key? "Baba Baby" e "Cachorrinho" ou os funks do Bonde do tigrão dos anos 2000 "Popozuda", "Tchutchuca" e afins.
E ainda a música "Mila" do Netinho, "O canto da cidade" da Daniela Mercury, "Maionese" de uma tal de Gil, "Fricote" do Art Popular, "Segura o tchan" do É o tchan. (e é melhor parar que tá baixando o nível).

9. Bolacha maizena com muuita margarina - pra apertar pra fazer as "minhoquinhas", bolachas hidrogenadas deliciosas como bono, negresco, passatempo, waffer e afins. Tang e seus mil sabores, puro açúcar. Pipoca caramelizada, maçã-do-amor, maria-mole, puxa-puxa, e tantas outras coisas açucaradas. Ou mesmo salgadas, como chipz/isoporzão, tipo baconzitos com ketchup, sanduíche de fandangos, o alaranjado químido doritos, além do miojo e seu tempero altamente rico em sódio e conservantes, além de nuggets, sempre feitos de resto de aves. Com molhe rosé, uma delícia!

10. Acabou minha inspiração. Só consegui até o 9 mesmo! hahaha

Sugestões??

"Educação" de Lone Scherfig 2009

"Educação" é um filme do qual não se espera nada, e revela-se extremamente maduro.
Tão inocente quanto a personagem, somos levados a acreditar numa história que nos cativa gradativamente, com alguma ponta de desconfiança, mas com imensa vontade de entregar-se e torcer por um final feliz.
Um possível conto de fadas, um desejo de libertar-se, uma reflexão profunda sobre o destino de nossas vidas, principalmente, nós mulheres.
Somos conduzidos com tamanha sutileza e ingenuidade juvenil, que nos chocamos tanto quanto a personagem, com a condução da história.
Espera-se o melhor, espera-se o pior, mas a história é um meio termo.
Nenhuma idealização ou caracterização de personagens perfeitos, mas sim uma história contada sob a perspectiva de uma jovem, Jenny (interpretada pela estreante Carey Mulligan), com 16 anos, ótima aluna de uma escola conservadora em Londres, em plena década de 60, que se envolve com um homem, 20 anos mais velho David (Peter Sarsgaard) e que através dele, descobre um mundo de possibilidades diferentes da qual estava destinada desde que nasceu: estudar e cursar Letras em Oxford.
Os pais com muito esforço, investiram em sua educação, mas deixaram há tempo o lado divertido de viver. O lado em que reside o risco, o inconseqüente e o irresponsável. Simplesmente o lado onde nada se teme, pois tudo parece possível.
Talvez seja o destino de muitos pais, ainda hoje, sacrificarem a si mesmos, por um futuro melhor aos filhos. Dar uma educação melhor do que a tiveram.
De um lado, um pai, um homem conservador, exigente, mas medroso e inseguro, do outro, uma mãe, mulher submissa, que há tempos deixou de sonhar. Quando David ilumina a casa com seu humor e histórias divertidas, ainda que mentirosas, o sorriso desajeitado da mãe, revela uma mulher que projeta na filha, uma vida que não pode ter. E o pai, desajeitado, que há tanto tempo investiu na educação da jovem em ter uma carreira profissional, projeta na filha a possibilidade de uma vida divertida, prazerosa, sem tanto esforço. Uma vida de bem casada.
Onde reside o lado humano e imperfeito dos pais, reside também a fraqueza, e tão ingênuos como Jenny, falham no momento mais decisivo de sua vida, ajudá-la a decidir entre terminar os estudos ou casar e ter uma vida aparentemente alegre?
Como tanta luta escorregou tão fácil pelas mãos? Talvez um desejo obscuro, que nutrem secretamente, que os cegou a ponto de falhar.
Como no filme, nada na vida vem de graça. O sucesso é fruto de muito esforço e determinação. E aquilo que vem fácil, muitas vezes confundido com sucesso, é apenas uma passagem, uma lembrança, às vezes das boas, de uma fase que marcou, mas não foi e nem será garantia de um futuro bom e melhor.
Jenny é uma sortuda, ainda que tenha pego um atalho nada aconselhável, mas quantas Jennys existem lá fora? Quantas tem a chance de retornar ao caminho principal, sem conseqüências?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Salt" de Phillip Noyce 2010

Angelina Jolie encarna uma agente da Cia, acusada de espionagem.
O filme foi inicialmente projetado para um personagem masculino, recusado por Tom Cruise, que preferiu fazer "Encontro Explosivo" (2010) e posteriormente adaptou-se a história original para uma personagem mulher.
Como em todos os filmes recheados de ação, protagonizados por uma mulher ágil e eficiente fisicamente, como "Lara Croft: Tomb Raider" (2001) e "Sr. e Sra. Smith" (2005), Angelina encarna mais uma personagem de forma intensa, trabalhando muito bem o olhar e os gestos sutis, em contraste com os golpes rápidos da personagem Emily Salt. (não posso negar que ela é carisrmática.)
O filme não possui nada de inovador em termos de ação cênica, explorando mais uma vez a narrativa clássica hollywoodiana, fazendo uso de heróis e vilões, como o desgastado papel dos vilões russos/soviéticos, e da heroína nacionalista, leal e silenciosa "americana", ainda que de origem soviética.
A sutileza e profundidade dos olhares da personagem Salt tornam-se aliados dos espectadores mais antenados ao enredo. Está tudo ali colocado e trabalhado na subjetividade dos grandes olhos claros de Jolie.
O olhar intenso e compenetrado, o suspiro milimetricamente retido ao ver o homem amado ser assassinado na sua frente, os gestos delicados e contidos, tudo isto serviu para compor uma personagem forte e misteriosa.
Arrisco em dizer, que a história é bem previsível. Mas ainda assim, um bom filme de entretenimento numa tarde preguiçosa, em que o espectador não está buscando nenhum tipo de reflexão.

"Julie e Julia" de Nora Ephron 2009

Julia Child, interpretada pela veterana Meryl Streep, foi uma norte-americana que viveu parte de sua vida de casada na França, apaixonou-se pela culinária francesa e usou sua arte de cozinhar para se distrair e escrever um livro ao longo de quase 10 anos, o conhecido "Mastering the Art of French Cooking" (1961). Ela é referência culinária nos EUA e constantemente imitada, lembrada e até satirizada por lá.
Julie Powell é uma jovem mulher pós-11 de setembro de 2001, operadora de telemarketing/secretária numa empresa de seguros, bem casada, frustrada profissionalmente, e que decide propor a si mesma o desafio de cozinhar as 524 receitas do livro de Julia Child no prazo de um ano e postar suas experiências num blog recém criado. Este é e foi o pontapé inicial para sua verdadeira carreira de escritora.
Duas personagens reais que repercutiram na mídia americana, inspirando um filme, "Julie e Julia".
Esta é a proposta da diretora Nora, contar através dos olhos de Julie, sua experiência em cozinhar as receitas de Julia. E é através das relações humanas de Julie com as falsas e verdadeiras amigas, com o namorado atencioso, uma mãe negativa, entre tantas frustrações tipicamente femininas, que nos encantamos com uma história delicada de superação e realização.
Motivação não faltou às duas personagens reais e fictícias e o filme coroa este reconhecimento, ilustrando uma vida possível de Julia Child, alegre, colorida e apaixonada.
Julia não teve filhos na vida real e em dois ou três momentos distintos do filme, Nora constrói essa dor, tão profunda e sutil numa mulher, ao mostrar as reações de tristeza de Julia ao ver um bebê ou receber a carta da irmã, informando sobre uma gravidez.
É um filme alegre e bem humorado, com toques de sutileza e graça.
Nora escolheu fazer das refeições, os verdadeiros momentos de encontro entre os personagens. (alguns até engordaram depois das gravações). Mas é através desta percepção, de que a maioria das nossas relações humanas, se cultivam e se fortalecem ao redor de uma mesa, como ir no cinema e comer uma boa pipoca, ou reunir os amigos para jantar ou comer um belisco, combinar com a namorada de ir num bom restaurante, reunir a família num almoço de domingo, sempre estamos nos relacionando e relacionando a comida conosco.
E esta é a cara do filme. Construimos as características de personalidades ao redor dos momentos íntimos que se passam numa cozinha. Uma Julie irritada, impaciente, ansiosa ou uma Julia ousada, feliz, apaixonada. Através desse cotidiano, entendemos que é necessária força, motivação e fé para seguir adiante. E não importa se alguém nos reprovar, ou o resultado não for exatamente o esperado, porque no final das contas, o que realmente importa, é o processo, o aprendizado, sempre indispensável e tão infinito em nossas vidas humanas.

Meia-entrada para professores

Hoje fui ao cinema e já faz um tempo que tenho usado meu direito como professora para pagar meia-entrada em cinemas de Floripa, porém me dei conta de como isto é pouco divulgado e aproveito este espaço para trazer o assunto ao público.

Desde o dia 23 de outubro de 2009, está em vigor uma lei municipal (Florianópolis - SC) que permite a meia-entrada em eventos e atividades culturais, como o cinema, para professores de ensino básico, médio ou superior, de instituições públicas ou privadas, mediante comprovante de pagamento ou a carteira de trabalho certificando a função.

A Lei nº8019/2009 foi criada pelo vereador Márcio de Souza e vale para qualquer professor, inclusive de outras cidades que estejam de passagem por Florianópolis, em cinema localizados no território municipal. Ou seja, vale para todas as salas de cinema do Shopping Iguatemi, Floripa Shopping, Paradigma Cine Arte, CIC e afins.não vale para o Shopping Itaguaçu, por se localizar no município de São José.

Divulguem e aproveitem a meia-entrada professores!!!

domingo, 1 de agosto de 2010

A geração da liberdade autora

A Revista de Cinema trouxe em sua última edição uma matéria especial sobre os principais diretores que surgiram depois de 2000.
Todos iniciaram a carreira trabalhando com curtas e quase nenhum possui mais de cinco longas no currículo, mostrando o desafio de seguir a carreira de cineasta, mas também os prazeres em fazer do cinema uma profissão.
Segue abaixo minha síntese da matéria, com a lista dos diretores, um pouco sobre eles e alguns dos filmes que eles dirigiram, que valem a pena serem vistos (me incluo nessa), para conhecermos melhor o cinema nacional que está sendo produzido.

Cao Guimarães - denominado como "metafísico", esse mineiro de Belo Horizonte, cineasta e artista plástico, realizou produções como "A festa da menina morta" (2008), "Andarilho" (2007) e "Rua de mão dupla" (2005). Ele vê o cinema como um catalisador de sentimentos não verbalizados, de histórias e narrativas despertadas por movimentos plásticos e pelo potencial imaginário de cada imagem. Um cinema de intensidades, em transe com o mundo histórico!

Claudio Assis - considerado "o indomável", por ser extremamente polêmico, carrega em seu currículo os filmes "Amarelo manga" (2002) e "Baixio das bestas" (2007). É o mais radical dessa leva de cineastas, por fazer um cinema que beira ao grotesco, para chocar o poder constituído, moral, sexual e político. Está sempre disposto a ir onde ninguém vai e a falar do que ninguém fala. Coleciona prêmios, mas também bastante rejeição, encontrando muitas vezes dificuldade para conseguir patrocínios.

Jorge Furtado (da foto) - O ou um dos mais conhecidos da lista, mérito adquirido com o trabalho realizado no curta premiado internacionalmente "Ilha das flores" (1987), esse cineasta gaúcho reúne em seus trabalhos, a vontade de falar com o público, principalmente jovem, através de narrativas de fácil compreensão. No currículo, além de trabalhos para televisão como "Lisbela e o prisioneiro", conta com os filmes "O homem que copiava" (2003), "Meu tio matou um cara" (2004) e "Saneamento básico" (2007), divertidos e bons pontos de partida para discussões sobre temas políticos, culturais e sobre a importância social do cinema.

José Padilha - diretor do popular longa "Tropa de Elite" (2007), prefere usar o cinema como ferramenta para discussão de temas que geram debates, especialmente se ele promove ou critica esse temas em seus filmes, como foi o caso da polícia corrupta e violenta em "Tropa de Elite", que prevê uma continuação para lançamento ainda este ano, e também no seu primeiro longa "Ônibus 174" (2002), sobre o personagem que encenou o drama real do seqüestro do ônibus 174 no Rio de Janeiro em 2000, ilustrando a desigualdade social e falta de perspectiva na história do país.

Karim Aïnouz - considerado "inclassificável", despontou em 2002 com no filme "Madame Satã" (2002), iniciando uma nova geração de filmes independentes brasileiros e autorais, buscando o cinema realista, sem necessariamente buscar a realidade. Dirigiu também "O céu de Suely" (2006), sobre uma jovem que rifou o próprio corpo para sair da cidade.

Laís Bodanzky - essa mulher cineasta, prefere dialogar com os jovens, como visto no filme "Bicho de sete cabeças" (2000), polêmico pra época, por falar sobre o uso da maconha e a falta de diálogo e esclarecimento dos pais na vida do personagem, interpretado pelo ator Rodrigo Santoro. E também no filme "As melhores coisas do mundo", lançado este ano.

Lina Chamie - essa cineasta paulista, faz do cinema um exercício pessoal de liberdade. Estreou em 2001 com o longa "Tônica dominante" e em seguida fez "A via láctea" em 2007.

Marcelo Gomes - diretor do longa "Cinema, aspirinas e urubus" (2005), inspirou-se nas histórias do avô para criar um enredo ambientado no sertão nordestino. Também começou com curtas, como todos os outros diretores já listados, e colaborou com diversos trabalhos de outros diretores, como no roteiro de "A casa de Alice" (2007) e codireção no premiado "Viajo porque preciso, volto porque te amo" de Karim Aïnouz.

Marcos Jorge - responsável por um dos melhores filmes pós-2000, "Estômago" (2007), ganhou dezenas de prêmios e lançou-se diretor já no primeiro trabalho em longa-metragem. Inspirou-se no cinema italiano para criar uma comédia de humor (um pouco negro), misturando tempero italiano e arquétipo nordestino do esperto, que manipula todo mundo sem ninguém perceber.

Sérgio Machado - despontou com o longa "Cidade baixa" (2005), protagonizado por Wagner Moura, Alice Braga e Lázaro Ramos, fechado em personagens que escolhem a afirmação do desejo como forma de fugir da marginalidade. E trabalhou também na minissérie "Alice" da HBO, em parceria com Karim Aïnouz. Lança este ano o longa "Quincas Berro d´Água", adaptação da obra de Jorge Amado.

"Nova York, eu te amo" de 2009

A série ‘Cities of Love’ foi produzida pelo produtor francês Emmanuel Benbihy.
Trata da universalização do amor, mostrando as principais cidades do mundo tornando-se cenário de histórias e sentimentos cativantes.
Seguindo essa linha, já pudemos contar com o estreante "Paris, te amo" (2006) que traz 20 curtas, dirigidos por 20 diretores consagrados no mundo, como Walter Salles aqui no Brasil, colocando sua visão em histórias que tratam sobre o amor à cidade ou entre as relações humanas que envolvam amor, sejam em contextos cômicos, dramáticos ou beirando à fantasia na cidade de Paris.
"Nova York, eu te amo" foge da construção narrativa proposta pelo filme anterior.
Se antes, os 20 curtas tinham forma clara e específica, pois cada um começava com um título e sabíamos o diretor de cada deles, isto não acontece com o projeto de Nova York.
As histórias acontecem simultâneas, paralelas e/ou entrelaçadas, perdendo a característica de curta, para tornar-se um longa, composto e dirigido por diversos cineastas, como Fatih Akin, Yvan Attal, Allen Hughes, Shunji Iwai, Wen Jiang, Joshua Marston, Mira Nair, Brett Ratner, Randall Balsmeyer, Shekhar Kapur e a estreante diretora Natalie Portman, único nome que conheço no cinema, mas apenas como atriz.
Ao final trechos de cada história aparecem, nomeadas pelo diretor específico, ou seja, os atores, e as histórias foram dirigidas separadamente, mas o resultado final reúne o coletivo, equivalente ao projeto de Paris, mas desta vez, é difícil dizer onde começa e termina o trabalho de cada um. O longa é assinado por todos, pois nem sempre a transição das histórias ocorre com planos gerais da cidade. Às vezes os personagens se encontram nessa transição e o olhar da câmera segue o personagem da próxima história.
Bom ou ruim?
Eu prefiro o projeto de Paris, pois gosto das criações em curtas, por trazerem formas narrativas menores, compactas e extremamente criativas. Os olhares eram extremamente diferentes e os contrastes também. Porém talvez essa seja a cara de Paris e não de Nova York.
O que mais me decepcionei no projeto de Nova York, foram justamente os diálogos óbvios, ou aparentemente óbvios, como "É isso que gosto de Nova York, as pessoas daqui não são daqui". Achei desnecessário esse tipo de confirmação, pois ao longo das histórias isso fica comprovado pela diversidade cultural dos personagens. Não era necessário ser dito.
Em outros momentos os personagens dizem "é isso que gosto de Nova York, parar na esquina pra fumar um cigarro e conversar com estranhos". Achei tudo muito deslocado e descaracterístico. Sempre desnecessário, como se no fundo alguém quisesse explicar porque exatamente estava escolhendo aquela história para representar seu olhar diante da cidade que não dorme.
E não houve nada que remetesse diretamente à isso, ao famoso clichê "a cidade que não dorme". Ou talvez o não-recorte das histórias tenha essa proposta, tudo acontece simultâneo, paralelo, entrelaçado, como em qualquer cidade. As pessoas estão sempre se cruzando, cada uma com sua história particular, em cenários que carregam significados diferentes para cada história.
Talvez o banal e cotidiano fosse a proposta.
A história que mais me chamou a atenção foi do casal de idosos que percorrem todo trajeto de uma rua resmungando e se alfinetando, típico de quem está casado por bastante tempo, e quando chegam a beira-mar, calam-se por um segundo, admirando a paisagem, seguida por um trilha, adequada à cena romântica, numa fotografia belíssima do dois abraçados, apreciando o mar de forma nostálgica, e quando começamos a nos sentir envolvidos, o recorte é feito pelo som e manobra de um skatista, que quase esbarra no casalzinho. Possui um tom humorado bem jovial, típico de uma leva de diretores ainda desconhecidos (ou não).
Talvez Nova York seja isso, instântanea, recortada, entrelaçada em diversas culturas e histórias.
Mas ainda assim, achei que faltou algo que marcasse a cidade da forma que conhecemos culturalmente, mesmo que precipitada e mesmo sendo suspeita pra falar, já que é uma cidade que não conheço, portanto nem imagino a cara que ela deveria ou deve ter, só sei que prefiro Paris!
Vamos aguardar o projeto "Rio de Janeiro, eu te amo", previsto para ser lançado no Brasil em 2011, que contará com trabalhos dos diretores Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e José Padilha (Tropa de Elite).

"Um olhar no paraíso" de Peter Jackson 2009 - drama

É sobre uma garota que é brutalmente assassinada e não consegue fazer a "passagem espiritual", pois precisa ajudar a família a superar sua morte.

O diretor já trabalhou com temas espirituais em filmes como "Almas gêmeas" (1994) e "Os espíritos" (1996), além de ter dirigido a trilogia "Senhor dos Anéis".
Achei intensa a experiência visual do cenário que a personagem Susie Salmon transita até fazer a passagem espiritual após a morte.
A mistura de cenários e objetos lembra bastante nossos sonhos, quando mistura lembranças e sentimentos através das composições fantásticas e metafóricas, como a chuva que começa a cair quando Susie fica triste ou quando tudo começa a secar ao seu redor, quando sente raiva e solidão.
Os conceitos espirituais não são explícitos, o filme não tem impregnado discursos morais sobre o espiritismo, apenas apresenta uma crença, uma possibilidade de que existe vida após a morte, existe uma continuidade e é necessário desprender-se deste mundo para integrar a um outro completamente novo. Isso significa querer esquecer e superar as lembranças ruins, mas todas as boas também. É desapegar-se da vida terrena. Mas Susie não consegue fazer isso, não enquanto sente sua família desequilibrada e vê seu assassino livre sem poder intervir.
É preciso, no mínimo, estar disposto a se entregar à proposta espiritual e tentar não desanimar com o fato de que não há necessidade de um fim, mas sim de uma continuidade da vida. Uma frase marcante e carregada de subjetividade "Você ainda vai entender que todos morrem Susie".

Bola na rede

A revista Set, especializada em cinema, em sua última edição, listou 30 filmes que trazem o futebol como tema em suas narrativas.
Seguem alguns que já assisti e não assisti, mas destaco da lista:

1. "O ano em que meus pais saíram de férias" de Cao Hamburguer 2006 - drama
Considerado um dos melhores filmes brasileiros da década 2000, traz como protagonista o pequeno Mauro (Michel Joelsas), que precisa lidar com a ausência repentida dos pais, em plena ditatura e Copa de 70. A história se passa num bairro de comunidade judaica e conta com Caio Blat como um estudante ativista.
Vencedor de mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, trata com sutileza, aos olhos de uma inocência infantil, uma delicada e marcante época da ditatura no Brasil.

2. "Hooligans" de Lexi Alexander 2005 - drama
Elijah Wood (o conhecido Frodo de Senhor dos Anéis) protagoniza um jovem, expulso injustamente de Harvard, que muda-se para Londres e se envolve com os torcedores fanáticos do futebol britânico, conhecidos como hooligans.
A violência extrema promove a reflexão sobre os limites que o fanatismo, alimentado pelo futebol, pode ultrapassar.
O curioso é que foi dirigido por uma mulher, Lexi Alexander, alemã campeã de karatê e que já interpretou a princesa Kitana em turnês de shows para Mortal Kombat.
Esse é o primeiro filme longa-metragem que ela escreveu, produziu e dirigiu.

3. "O casamento de Romeu e Julieta" de Bruno Barreto 2005 - comédia romântica
Protagonizado pelo casal Luana Piovani e Marco Ricca, conta a história de uma torcedora palmeirense e um corintiano roxo, que se apaixonam, mas precisam lidar com a família e as diferenças de times. É uma comédia bem água-com-açucar, mas há quem goste!

4. "O segredo dos seus olhos" de Juan José Campanella 2009 - drama (ainda não vi)
Filme argentino, vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro, conta com apenas uma seqüência onde o tema do futebol está presente, mas é considerada admirável, por ser ambientada na polêmica Copa do Mundo de 1978, sediada e vencida pela Argentina, em que a câmera cruza todo o campo até chegar no personagem do ator Ricardo Darín, sem qualquer corte. Um plano-seqüência que deve valer a pena assistir!

5. "Linha de Passe" de Walter Salles 2008 - drama (ainda não vi)
O futebol neste filme é considerado uma luz no fim do túnel, para se fugir de uma vida miserável, como observado na vida de milhares de brasileiros.
Dizem que torcedores do Avaí (como eu) não devem assistir ao filme, por ser injustiçado numa seqüência em que joga com o Corintians.
Curiosa eu fiquei né! hehehe