quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Julie e Julia" de Nora Ephron 2009

Julia Child, interpretada pela veterana Meryl Streep, foi uma norte-americana que viveu parte de sua vida de casada na França, apaixonou-se pela culinária francesa e usou sua arte de cozinhar para se distrair e escrever um livro ao longo de quase 10 anos, o conhecido "Mastering the Art of French Cooking" (1961). Ela é referência culinária nos EUA e constantemente imitada, lembrada e até satirizada por lá.
Julie Powell é uma jovem mulher pós-11 de setembro de 2001, operadora de telemarketing/secretária numa empresa de seguros, bem casada, frustrada profissionalmente, e que decide propor a si mesma o desafio de cozinhar as 524 receitas do livro de Julia Child no prazo de um ano e postar suas experiências num blog recém criado. Este é e foi o pontapé inicial para sua verdadeira carreira de escritora.
Duas personagens reais que repercutiram na mídia americana, inspirando um filme, "Julie e Julia".
Esta é a proposta da diretora Nora, contar através dos olhos de Julie, sua experiência em cozinhar as receitas de Julia. E é através das relações humanas de Julie com as falsas e verdadeiras amigas, com o namorado atencioso, uma mãe negativa, entre tantas frustrações tipicamente femininas, que nos encantamos com uma história delicada de superação e realização.
Motivação não faltou às duas personagens reais e fictícias e o filme coroa este reconhecimento, ilustrando uma vida possível de Julia Child, alegre, colorida e apaixonada.
Julia não teve filhos na vida real e em dois ou três momentos distintos do filme, Nora constrói essa dor, tão profunda e sutil numa mulher, ao mostrar as reações de tristeza de Julia ao ver um bebê ou receber a carta da irmã, informando sobre uma gravidez.
É um filme alegre e bem humorado, com toques de sutileza e graça.
Nora escolheu fazer das refeições, os verdadeiros momentos de encontro entre os personagens. (alguns até engordaram depois das gravações). Mas é através desta percepção, de que a maioria das nossas relações humanas, se cultivam e se fortalecem ao redor de uma mesa, como ir no cinema e comer uma boa pipoca, ou reunir os amigos para jantar ou comer um belisco, combinar com a namorada de ir num bom restaurante, reunir a família num almoço de domingo, sempre estamos nos relacionando e relacionando a comida conosco.
E esta é a cara do filme. Construimos as características de personalidades ao redor dos momentos íntimos que se passam numa cozinha. Uma Julie irritada, impaciente, ansiosa ou uma Julia ousada, feliz, apaixonada. Através desse cotidiano, entendemos que é necessária força, motivação e fé para seguir adiante. E não importa se alguém nos reprovar, ou o resultado não for exatamente o esperado, porque no final das contas, o que realmente importa, é o processo, o aprendizado, sempre indispensável e tão infinito em nossas vidas humanas.

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