quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Filmes do mês: dezembro

São atualizados no decorrer do mês.

09T-"Você vai conhecer o homem dos seus sonhos" de Woody Allen 2010 (3)
08T-"A mentira" de Will Gluck 2010 (3)
07T-"Motoqueiros selvagens" de Walt Becker 2007 (2)
06C-"Os muppets" de James Bobin 2011 (2)
05T-"O casamento de Rachel" de Jonathan Demme 2010 (4)
04T-"Vermelho como o céu" de Cristiano Bortone 2006 (4)
03T-"Matemática do amor" de Marilyn Agrelo 2009 (2)
02T-"Atividade paranormal 2" de Tod Williams 2010 (2)
01T-"Os incompreendidos" de François Truffaut 1959 (4)

*Filmes Revistos 
Organização: Ordem crescente - em números.
Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: B (baixado), C (cinema), D (dvd acervo pessoal), L (locadora), T (tv).

Notas:
(0) dispensável
(1) ruim ou fraco
(2) razoável
(3) bom - técnica ou emocionalmente
(4) muito bom - rolou um punctum
(5) excelente - marcou minha vida
(P) prazer culpado (tecnicamente ruim, mas adorei)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Discutir cinema é mais do que ver filmes!


Todo mundo acha muito legal quando falo que sou formada em cinema, mas todo mundo também teima em discutir cinema (filmes) comigo só porque assiste filmes (ou 'muitos' filmes!). Adoro discussão, com qualquer pessoa em qualquer nível de saber, já que nossos saberes são apenas diferentes (Paulo Freire), mas me irrito com a falsa impressão que as pessoas tem de entenderem cinema só porque assistem filmes (qualquer tipo que seja - cult, comercial, arte...). 

E FAZER cinema não depende de estudo teórico, só praticando já é possível fazer (o que vai exigir algum conhecimento técnico), mas se quiser DISCUTIR e PENSAR o cinema, é preciso muito mais do que apenas ver e fazer filmes, é preciso ESTUDAR cinema. (e não me refiro a uma faculdade, que facilita o caminho, mas conhecer tudo que é relacionado ao cinema, toda teoria, história, estabelecendo relações com o passado e o presente).

Detalhe: conhecer o cinema pode qualificar ainda mais o fazer, já que é bem comum algumas pessoas acharem que estão criando algo novo, quando algum cineasta consagrado já foi pioneiro da técnica, experiência e invenção (Henry Jenkins)! Isso vale pra filmes, que as pessoas acham inédito e original, mas nem imaginam o quão cheio de referências ao passado ele tem e se apresenta como um grande mosaico de velhas ideias (onde reside sua singularidade - ser um mosaico)! Não é necessário saber disso tudo para apreciar, curtir e conversar um pouco sobre cinema, mas insistir em discutir com alguém que conheça tudo isso é problemático!

Vamos fazer uma comparação?!

Se eu assistir jogos de futebol e só isso, já entendo de futebol e posso debater sobre ele com qualquer pessoa em qualquer lugar? Ou preciso conhecer as regras, técnicas, história, times, lógica dos campeonatos, etc e tal para ter um repertório mais completo e entrar numa discussão sem ficar na superfície da minha opinião?!

Se eu assistir documentários científicos ou ler sobre corpo humano, doenças, curas e afins já sou completamente entendido de medicina? Ou preciso estudar, conhecer bem o corpo, ter experiência prática, fazer alguma especialização e legalmente cursar uma faculdade de medicina para poder exercê-la? (existe medicina alternativa - mas qualquer pessoa que exerça e entende, conhece!)

Se eu souber usar coreldraw e photoshop e criar coisas nesses programas, já sou um designer? Ou preciso estudar as regras da percepção visual, as leis da gestalt, estudar o que é briefing e seu público-alvo e etc e tal?

Portanto, estudar cinema não é só aprender como fazer, mas como pensar, como analisar, criticar, enxergar além, conhecer sua história, suas teorias e técnicas, e identificá-las nas produções fílmicas e audiovisuais, tendo fundamentação e conhecimento teórico para emitir opinião e discutir sobre. E no meu caso, com a prática, ainda sei discutir como ensinar cinema!

Com isto não digo que estou completa, acabada, pronta e sou dona da razão diante de um leigo, mas que é preciso considerar a diferença de repertório e que quanto menor ele for, mais limitada será a discussão. Ninguém detém todo conhecimento sobre nada (Pierre Levy). E cada pessoa imprime seus valores, crenças, sentidos e saberes ao se relacionar com o mundo (Roland Barthes) e com o que faz parte dele, seja livro, pessoa ou um filme. Então não há apenas uma forma de ver e sentir o mundo, mas múltiplas, sem haver definição do que é certo e errado OU bom e ruim. Tudo vale! Mas numa discussão, os argumentos não são infinitos. Quanto mais argumentos eu tiver, mais sustentarei minha opinião e relação com determinada obra fílmica, por exemplo. Para que outras pessoas consigam sustentar suas opiniões, também precisam ampliar seus argumentos e isso se faz estudando e conhecendo o que se está discutindo.

Considerando o que falei acima, eu não desmereço nenhuma opinião sobre determinado filme, seja superficial ou intensa, mas obviamente também terei a minha própria e usarei meus argumentos para contrapor a opinião do outro ou defender a minha. E se alguém quiser contrapô-la, terá que apresentar argumentos o suficiente para tal atitude ou só restará ignorância. Com isto, não digo que é uma batalha entre certo e errado, bom ou ruim, mas entre pontos de vista. Quando os argumentos se esgotam é porque a pessoa não detém o conhecimento suficiente para continuar se defendendo, apenas isso! E qual a atitude mais natural numa discussão assim? Desistir!

Nossos gostos são construídos socialmente e nem sempre temos consciência disso. É preciso estudar muito para entender a profundidade dessa colocação, mas há quem insista em acreditar que seu gosto é melhor que o dos outros, que tem liberdade de construí-lo e total domínio sobre ele, quando somos mediados o tempo todo por todo mundo. Não somos livres, apenas buscamos e tentamos ser!  

Quanto mais estudamos e refletimos sobre nossas prisões, mais nos libertamos daquilo que nos prende, mas ainda continuamos presos, menos que muitos outros, às vezes cegos, surdos e mudos diante de suas prisões. Então o primeiro passo é buscar se libertar e só se faz isso, estudando e refletindo muito, eternamente. É preciso ver, ouvir, falar e sentir!

Por isso, para VOCÊ que teima em insistir numa discussão, neste caso sobre cinema e filmes, sem considerar outras possibilidades e pontos de vista, rotulando as coisas como boas e ruins, certas e erradas, aprisionado em preconceitos, eu recomendo ESTUDE MAIS!!

Mesmo no lixo é possível ver e fazer beleza e arte! Basta conhecer o trabalho de Vik Muniz para repensar no que se julga 'lixo'. Então, DESCONFIE da sua opinião ao ver um filme e achar que é LIXO (ruim, tolo, péssimo), se conseguir ver ALÉM do que está na superfície, vai perceber que lixo nem existe, que tudo carrega alguma possibilidade e no mais superficial e comercial dos filmes, é possível ver beleza e arte!

E mais, desconfie até da sua desconfiança! E de cada palavra que eu disse e disser aqui!
Se alguém não te falou, certezas e verdades não existem! Tudo é relativo! ;o)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo - uma nova vida!


Por fim, o que me motivou a falar sobre a saga hoje foi uma leitura que considerei equivocada do penúltimo e mais recente filme, "Amanhecer - Parte 1".

Acho importante relembrar que não existe filme ruim ou bom. O que existe é a opinião de cada pessoa sobre um livro ou filme, associadoa aos aspectos levantados para formular essa opinião. Mesmo que esta opinião seja de senso comum, ainda cabe ser respeitada, já que gosto não se discute, mesmo sendo construído socialmente. (Engana-se aquele que acha que controla seu gosto! Somos mediados o tempo todo e nosso gosto também!)

O que me preocupa é a falta de reflexão sobre a relação que se estabelece com o filme. Porque gostei ou não gostei? O que acho bom ou ruim? E é preciso se esforçar em enxergar além da superfície, tentar usar toda a sensibilidade possível para conectar-se com o mundo e com tudo que faz parte dele. Seja livro, filme, pessoa ou qualquer outra coisa.  

Acho que antes de criticar qualquer coisa, principalmente um blockbuster, que é o caso da Saga Crepúsculo, é preciso  entender que existem filmes que são simplesmente realizados para agradar e entreter a plateia, e criticar esse tipo de filme, tendo em mente outro tipo de cinema é uma perda de tempo e não restará nada para falar. Será julgado como 'lixo' e ponto final! Um grande equívoco. Até no 'lixo' é possível produzir arte, não?! (Vik Muniz)

É também importante considerar que a saga foi escrita para adolescentes e no Brasil arriscou-se ampliar o público, direcionando-se a obra para mulheres de todas as idades. Outro lembrete importante é o fato da autora ser mormon e conseguir concilicar valores da sua religião (sexo após casamento, por exemplo) com uma história moderna para garotas, mesclando vampiros e uma intensa tensão sexual.

Segurar um espectador por quase 2 horas para rolar somente 2 beijos não é pra qualquer um!! (como acontece no primeiro filme da saga). É preciso criar expectativa, tensão sexual e uma conexão muito intensa (que já acontece no livro e é muito bem trabalhado no filme, para quem gosta dele!) para segurar alguém dessa forma, justamente numa sociedade onde a mulher se desvaloriza cada vez mais.

A história de amor entre Bella e Edward (Romeu e Julieta moderninho) resgata o flerte, o toque, o beijo, ou seja, o mínimo de uma relação para criar toda essa tensão e isso é genial!

Como é uma obra para agradar e entreter, é natural que em sua adapação fílmica utilize de todas as artimanhas para atrair espectadores, como expor corpos sarados (Jacob e Edward), abusar de cenas românticas e de ação. No contexto publicitário, interessado em persuadir e conquistar o cliente/espectador, o apelo ao sexo e ao humor são comuns. Essa é a fórmula do cinema industrial, aqui empobrecida por uma história que já é superficial nos livros, por conta de seu público-alvo.

Por essa razão, acho que analisar um filme como este e detonar seus defeitos é o mais fácil de fazer. Difícil seria apontar algo de bom! O esforço seria justamente de encontrar alguma qualidade em algo que se propõe ser tão atrativo e feito para corresponder expectativas.

Amanhecer - Parte 1 - uma nova vida!

Seguindo a trajetória da história de amor entre Bella e Edward, a primeira parte do livro e filme mostra o casamento entre os dois, celebração da união eterna, que será selada com a transformação de Bella em vampira, tornando o casal imortal.

Tudo corre dentro do planejado até que Bella se descobre grávida, algo supostamente inédito entre vampiros. Como um ser imortal poderia engravidar uma mortal?! Se usarmos a racionalidade não seria possível, mas desde quando ser racional respondeu a todos os mistérios da vida humana?! Quantos milagres não foram comprovados cientificamente, mas ainda assim foram milagres?! Contradizendo todas as possibilidades racionais, Bella engravida e tem uma gestação incomum, acelerada e imprevisível, onde toda sua energia é sugada por um bebê que ninguém sabe dizer o que é. Mortal? Imortal? Humano? Monstruoso?

Diante de suposições, Edward prefere não arriscar a vida de Bella e sugere o aborto. Jacob fica chocado e seu grupo de lobos resolve evitar o nascimento da criança-monstro. A família Cullen divide opiniões e Bella conta com a ajuda de Rosalie que sempre foi hostil com Bella, justamente por ser contrária a sua transformação, opção que não teve quando humana. Por haver essa possibilidade da vida, Rosalie é quem defende, protege e apóia Bella até o último momento.

Contrariando a todos e pondo em risco a própria vida, Bella está determinada em priorizar a vida da criança, tendo esperança que no último momento, seja transformada em vampira para evitar a própria morte. Com a sensação de impotência, Edward aceita a condição, sem nada poder fazer e correndo o risco de perdê-la.

Em determinado momento da gestação consegue usar seu dom de ouvir pensamentos e se comunica com o bebê. É a primeira vez que Edward aceita a nova vida em Bella e se desculpa por não ter dado o apoio que ela precisava. A união entre os dois se fortalece na formação de uma nova família, instituição valorizada pela religião cristã (e mormon).

Durante o parto a profecia se cumpre e Bella está fraca demais para enfrentar uma transformação, mas Edward desesperado em salvá-la, injeta seu veneno e a morde, com a esperança de que funcione. E funciona! Bella está imóvel, mas vemos a agonia de sua alma durante sua transformação física. O último plano é um detalhe de seus olhos e nos perguntamos, quando ela abrir, de que cor serão?! Pretos de fome? Amarelos de bondade ou vermelhos de sede?!

Neste sentido, diferente dos outros filmes, esta versão é mais mórbida e sarcástica, já que narra fatos tão incomuns. O romantismo dá lugar ao horror da transformação de Bella, agonizando em sua alma; da gestação acelerada que gera um intenso desgaste físico, revelando uma Bella cadavérica; da necessidade de Bella beber sangue para alimentar seu bebê; das conseqüências cruéis de se entregar a uma relação tão improvável como a de uma humana com um vampiro, simbolizadas com horror no pesadelo de Bella antes da cerimônia, onde todos estão mortos!

Se fosse na vida real, a história de amor improvável seria mais mórbida que romântica, é o que parece ser a mensagem do filme, mediada pelo diretor e sem necessariamente ser a do livro. Porém, o próprio livro parece ser uma ruptura com o romantismo ao apresentar todo esse show de horrores, mesclando valores da vida humana com a realidade cruel dos seres imortais. Não é um casamento qualquer, não é uma criança qualquer, nem uma família qualquer! São vampiros, bebedores de sangue, mortos-vivos, sedutores e sem alma. Vale a pena tudo isso?! É isso que Bella realmente quer?! E quais as conseqüências?!

A Saga Crepúsculo - amor incondicional


Eclipse - amor incondicional
 
No terceiro livro e filme da saga somos confrontados com a possibilidade de uma história de amor entre Bella e Jacob. Ainda que tudo gire em torno da parceria dos Cullen com os lobos nativos, que juntos lutarão contra o exército de vampiros criados pela vingativa Victória (parceira de James) para proteger Bella, o suposto triângulo amoroso entre Edward, Bella e Jacob confunde o leitor/espectador, que compartilha da mesma inquietação de Bella. Com quem ficar?! 
 
Edward mais uma vez abdica de si mesmo e permite que Bella escolha o que for melhor pra ela, se quiser ficar com Jacob. Sentimento nobre ou covardia? Poderia competir com Jacob sem ferir Bella?! Mas Bella silencia-nos quando diz que a escolha que ela tinha que fazer nunca foi entre Jacob e Edward, mas entre quem ela é e quem deveria ser.  
 
Bella diz que sempre foi estranha e deslocada entre os humanos e quando está com Edward se sente no lugar que deveria estar! Contra tudo e todos, Bella insiste em lutar pelo amor de Edward, porque é com ele que se sente completa. E para que possam ficar juntos eternamente, ela deseja tornar-se vampira e mais uma vez insiste em sua transformação. 
 
Edward aceita sua condição, desde que ela se case com ele. O desejo de tornar-se vampira significa abrir mão da mortalidade (fragilidade) e do contato com todos que ama para dedicar-se a nova vida. O casamento simbolizaria esta união eterna. Estaria Bella disposta a abrir mão de tudo pelo grande amor?! Valeria a pena?! Se pensarmos que não duramos para sempre enquanto humanos, apegar-se ao amor eterno não seria sedutor?!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo - o vazio insubstituível


Lua Nova - o vazio insubstituível!

O que Edward faria se soubesse que o amor entre os dois só faz mal a Bella?! É com este pensamento que ele resolve se afastar dela, na tentativa de ser esquecido e permitir que Bella tenha uma vida 'normal'. É um sentimento nobre, afastar-se da amada para protegê-la! É abdicar do amor-próprio em prol do outro! 

Mas Bella não consegue preencher o vazio que sente com a partida e suposta 'rejeição' de Edward, e sem a presença física dele, agarra-se à depressão, à amizade com Jacob, a busca pela adrenalina, à saudade, à dor e às lembranças. Se Edward é seu grande amor, Bella jamais conseguirá esquecê-lo. 

Quando Edward percebe a besteira que fez, acredita ser tarde demais. Por um desencontro, acha que Bella morreu e resolve dar fim a própria vida, já que não consegue e nem quer viver sem ela. Mesmo distante, acompanhava Bella e sofria em silêncio. E para que um vampiro seja destruído por vontade própria, ele precisa se expor para que o clã dos Volturi possa intervir na sua imortalidade, que elimina qualquer vampiro que ameace sua discrição e existência. É o típico drama adolescente, de não suportar lidar com a dor e desejar a morte.

Tão trágico como Romeu e Julieta, porém mais romântico, o amor dos dois é tão forte, que mais uma vez conseguem enfrentar juntos mais esta adversidade. Edward é 'salvo' no último momento por Bella e promete jamais deixá-la novamente. Esse amor que parecia não estar lá, sempre esteve e jamais se apagou! 

Além de tudo isso, nesta etapa da história, na fase depressiva, Bella se aproxima ainda mais de Jacob e ele se transforma em lobisomem, talvez outra metáfora da puberdade. Diferente de Edward, Jacob é quente e selvagem. Sua transformação não ameaça a vida de Bella e a possibilidade de uma história de amor entre os dois se contrapõe com o amor proibido de Bella. Porque não ficar com Jacob?! Tão caloroso, divertido e intenso?! Seria uma paixão passageira, diferente do amor eterno?! Jacob parece tão mais seguro, acessível e previsível. Mas não é o que Bella quer, ainda que parte do público queira!

A Saga Crepúsculo - o amor proibido

Há quase 2 anos conheci a saga Crepúsculo e ela ainda provoca em mim um sentimento de cumplicidade e anestesia. Em 2010 escrevi um texto apaixonado sobre a minha relação íntima com o filme e agora relendo, percebo que não tiraria uma vírgula do que 'desabafei'.

É comum este tipo de filme e livro, considerado blockbuster (cinemão, cinema comercial e coisa do tipo), preocupado em agradar e entreter o público (da massa) ao qual se destina, ser duramente criticado por quem não estabelece nenhum tipo de ligação sensível (os que se consideram cults ou 'verdadeiros' cinéfilos - uma grande besteira!). Sendo assim, se qualquer filme for analisado tendo um outro cinema em mente, não restará nada para falar da Saga Crepúsculo, que é tecnicamente e narrativamente fraco, não discordo. Porém, se houver sensiblidade o suficiente, é possível ver além e destacar 'pingos de singularidade' num filme que se mostra apaixonante para quem gosta.

Jamais fiz uma análise mais detalhada por escrito de toda a saga (livros e filmes) e acredito que este momento chegou. Assumo meu gosto pela Saga Crepúsculo como um prazer culpado ('O clube do filme' - David Gilmour) e hoje resolvi escrever e compartilhar minha visão sobre toda a saga, utilizando minha sensibilidade e ligação afetiva com o filme. Digo isto porque o filme sozinho não provoca nenhum tipo de reflexão ou aprofundamento sobre alguma questão subjetiva, sou eu quem dou sentido a ele, como fazemos com qualquer outro filme que nos toca de alguma forma (positiva ou negativamente). Se analisarmos apenas a superfície da narrativa veremos que é uma história de amor entre personagens estranhos e incomuns. Nenhuma novidade!

Considero essa ligação forte e por isso uma relação de punctum (Roland Barthes) onde nenhuma explicação lógica seria possível. Na tentativa de entender, sem jamais encontrar a conexão inconsciente com a história, compartilho aqui as impressões de toda saga, Iniciando com "Crepúsculo" e finalizando com foco especial no filme mais recente "Amanhecer - Parte 1".

Uma pequena análise sobre os títulos:
Crepúsculo é o momento em que o céu se torna gradiente (mistura de cores) no nascer ou pôr-do-sol, que poderíamos entender na história como o contraste entre mortalidade e imortalidade de uma humana e um vampiro (Bella Swan e Edward Cullen), que ao se apaixonar, ultrapassam as fronteiras, regras e limites de seus respectivos mundos. Essa mistura de sentimentos representa o amor proibido e na capa do livro, a mão que segura uma maçã fortalece a ideia de desejo proibido (maçã na história de Eva e Adão).

Lua Nova é fase onde a Lua não pode ser vista a olho nu, mas está lá! E Edward ama tanto a Bella, que por considerar-se um risco e para protegê-la, decide se afastar, o que causa ainda mais sofrimento a ela. Neste intervalo, Bella entra em depressão e tenta preenchero vazio que sente com a companhia de Jacob. Ainda que ele seja apaixonado por ela,  Bella não esquece Edward e na tentativa de atraí-lo se coloca em situações de risco, apegando-se a adrenalina e a dor da saudade, que é tudo que lhe resta.

Eclipse é quando um objeto celeste se sobrepõe temporariamente ao outro. Seria o amor por Edward igual ao de Jacob? Bella estaria indecisa? Ainda que um amor se sobreponha ao outro, é sentimento passageiro, pois Bella sabe exatamente de quem gosta, de quem permanece em seu coração.

Amanhecer é quando o sol aparece no horizonte, sendo um acontecimento diário (eterno?). O casamento é a celebração de uma união, e se entre imortais (vampiros), é a celebração de uma união eterna. É uma nova vida de cumplicidade e companherismo, que fará o casal amadurecer e aprender a enfrenter diariamente a vida a dois.

Irei recontar a história sob a minha perspectiva, detendo-me nos detalhes que acho relevantes. 


Crepúsculo - o amor proibido!

Bella Swan é uma jovem comum, insegura, que decide morar com o pai Charlie (policial) para dar mais liberdade a sua mãe (Renée) em seu segundo casamento. Tão fechada quanto o pai e com poucos amigos, não segue os padrões de beleza comuns de sua geração, mas por ser nova numa cidade pequena e sempre nublada, acaba chamando a atenção dos garotos, ainda que se sinta constrangida com esta atenção exagerada. 

Diante das novas amizades, ela observa um grupo de jovens excessivamente bonitos, bem vestidos e isolados dos outros alunos: a família Cullen (os casais Alice e Jasper; Rosalie e Emmet; e o solitário Edward). Edward Cullen chama sua atenção, que num primeiro contato (aula de biologia) a trata com desprezo. Isso a deixa frustrada e ela se encoraja em confrontá-lo, porém ele não aparece mais na escola.

Quando os dois tem seu segundo contato, ele age completamente diferente. É simpático, atencioso e interessado em Bella. Ela fica desconfiada, mas por se sentir atraída se aproxima dele. Rapidamente Edward se torna presente em sua vida e até possessivo. Bella se incomoda ao mesmo tempo que gosta.

Em certa ocasião, Bella quase é vítima de um acidente de carro na escola, porém Edward a protege. No hospital, ela conhece o pai de Edward, Carlisle e percebe que há algo de estranho na família Cullen e em Edward. Bella não entende como alguém tão bonito poderia notá-la e ao investigar sua 'estranheza' (pele fria, olhos caramelo, força incomum) desconfia que ele seja um vampiro e ele confirma sua suspeita.

Ainda assim, Bella continua se sentindo atraída e aceita o amor proibido. Edward tenta desencorajá-la por ter medo de não controlar seus instintos de vampiro (morder e beber seu sangue - ou sugar sua vida e mortalidade), mas fraqueja porque se entrega ao amor e desejo que sente por Bella. Ela o intriga, porque ele tem o dom de 'ouvir' os pensamentos dos outros, menos os de Bella. Para ele, ela é imprevisível e ele nunca saberá o que de fato se passa na sua cabeça. Essa sensação de insegurança e incerteza seduzem Edward, que luta contra o desejo, metáfora da puberdade, talvez - descoberta do amor, atração e tensão sexual, desejo, descontrole emocional

Em paralelo a tudo isso, Bella faz amizade com Jacob, um jovem de origem indígena, nativo da cidade, que não gosta da família Cullen e conta uma lenda sobre lobisomens e vampiros para Bella. Além disso, estranhos ataques aos moradores acontecem na cidade, deixando a família Cullen atenta aos acontecimentos.

Bella e Edward começam a namorar e esse amor proibido, ainda que apoiado pela família Cullen, que são vampiros do bem e não bebem sangue humano (apenas de animais), coloca a vida de Bella em risco ao se deparar com um clã de vampiros visitantes, sedentos por sangue humano, caracterizado pelos olhos vermelhos (o casal Victoria e James; e Laurent). O cheiro de Bella e a superproteção de Edward instigam James ao desafio de caçá-la e a família Cullen se une para protegê-la. Diferente do clã, os Cullen são vampiros do bem, tem olhos caramelo quando saciados da fome (ou os olhos ficam pretos). 

James é morto e Edward consegue enfrentar o instinto de vampiro para protegê-la. Com isto, Bella decide que quer se tornar vampira para ficar eternamente com Edward, jamais envelhecer e não correr mais riscos. Porém Edward não gosta de ser vampiro e se considera um ser de natureza cruel, já que acredita na alma humana. Os dois suspendem a conversa de Bella se tornar vampira por um tempo, enquanto Victoria, parceira de James decide vingá-lo.

São muitos detalhes para descrever, mas as características principais do primeiro livro e filme são:

-O amor proibido entre um ser mortal e imortal - bem e mal. Porém todo humano é do bem e todo imortal é do mal? A história dos dois vai revelar a fragilidade dessa relação e o paradoxo humano (que é bom E mau!). Além dos contrastes entre a mortalidade e imortalidade, que ameaça a união dos dois. Bella pode envelhecer ou morrer, mostrando-se extremamente frágil. Edward pode se descontrolar e ser incapaz de protegê-la.

-O desejo e tensão sexual entre os dois, típico da adolescência (durante o filme só rolam dois beijos - tensão sexual presente também no livro que seduz o leitor/expectador);


-Edward representa os valores da religião cristã mormon (religião da autora), que acredita na alma humana, luta contra o mal presente em si mesmo e no outro, acredita no casamento e no sexo somente depois do casamento, acredita na instituição da família e no respeito e cortejo à mulher.

-Além disso, a autonomia e iniciativas de Bella demonstram uma mulher moderna, dona do próprio nariz.

Assim acredito que a autora Stephenie Meyer conciliou a ideia que tem de ser mulher hoje com os valores da sua religião cristã mormon numa história simbólica e paradoxal, como a vida humana é.

É pelo ponto de vista de Bella Swan que conhecemos a história, destinado ao público feminino, que facilmente irá se identificar com a protagonista e com suas angústias, inseguranças, emoções e sentimentos. A sensibilidade e romantismo são típicos da mulher e a história de Meyer une as duas coisas com precisão.

No filme, o ponto de vista é onisciente, na tentativa de ampliar seu público, mesclando o romance com o suspense e ação dos ataques do clã de vampiros visitantes.

Os elementos que atraem o espectador são justamente o amor proibido (Romeu e Julieta), a busca pela imortalidade (eterna juventude e eterno amor), a redenção e o amor inconseqüente, além do suspense e tensão criados pela ameaça a vida de Bella e do amor dos dois. (Sem Bella, não há romance!) Quem não torceria pelos dois juntos e não iria querer descobrir o que irá acontecer?! 

Filmes inspirados em músicas

João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira) desembarcando em Brasília.

Com a expectativa da estreia em 2012 do filme "Faroeste Caboclo" de René Sampaio, inspirado na música de mesmo título composta em 1979 pelo grande Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana, onde narra a trajetória sofrida de João de Santo Cristo, resolvi pesquisar sobre outras músicas super conhecidas que inspiraram filmes ou vídeos.


Considerando que algumas músicas do Renato Russo são super narrativas, outra composição sua muito conhecida é "Eduardo e Mônica", história de amor entre dois jovens com idades bem diferentes, que foi recentemente (2011) adaptada para uma campanha da Vivo em homenagem ao dia dos namorados, voltada para o público da web e salas de cinema. 

Outra versão da música foi realizada há 10 anos (2001) pela Claro (antiga ATL) fortalecendo indícios de um possível plágio. Será?!


Chico Buarque é outro mestre compositor brasileiro de letras fortes, conhecidas e super narrativas e teve sua cançãoOlhos nos Olhos” adaptada no filme O Abismo Prateado" de Karim Aïnouz, que conta a história de uma mulher (Alessandra Negrini) abandonada pelo marido. Aclamado em Cannes, sua estreia comercial possivelmente será em 2012.


E nem só de cinema vive a música de Chico Buarque. No início de 2011, algumas de suas composições: "Mil perdões", "Ela faz cinema", "Construção", "As Vitrines" e "Folhetim" inspiraram e idealizaram a microsérie de 4 episódios "Amor em 4 atos" da Rede Globo. 

  
Além das canções brasileiras, outros projetos pelo mundo buscam inspiração nas músicas, como é o caso da adaptação para o cinema de "American Idiot" do Green Day, que já é um musical da Broadway. O longa será dirigido por Tom Hanks e narra a vida de três pessoas que moram no interior dos Estados Unidos com histórias totalmente diferentes, contribuindo para questionamentos sobre o governo americano. O galã Robert Pattinson está cotado para fazer parte do elenco.

Além destas, adoraria ver algumas outras canções transformadas em filmes como "Cotidiano" de Chico Buarque, "Não é fácil" de Marisa Monte, "Felicidade" de Marcelo Jeneci e outras do tipo. Porém não podemos negar que muitos videoclipes hoje são super narrativos e dão conta da música, mesmo em pouco tempo. Basta pegar o exemplo de "The one that got away" de Katy Perry, super emocionante em tão pouco tempo. (mas que também daria um bom filme!)  


Depois de ver essa pequena lista de canções fantásticas e celebradas com adaptações no cinema, fica difícil imaginar hits sertanejos/funkeiros em alta como "Eu sou foda" ou "Ai se eu te pego" e coisas do tipo em filmes. Já pensou que baixaria?!

"The one that got away" de Katy Perry


 
Fiquei muito emocionada com este videoclipe! Achei super narrativo e verossímel! Sofri com a personagem idosa e o vazio que sente ao perder seu grande amor na juventude! E ao mesmo tempo me identifiquei com o companherismo e sintonia do casal de jovens amantes. 

Eu já encontrei meu grande amor e me identifiquei com o pavor da perda e com a fragilidade das nossas vidas, muitas vezes marcada por situações irreversíveis. É por isso talvez que precisamos "amar como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há!" (Renato Russo) Nunca sabemos o dia de amanhã, então é bom curtir o hoje, sempre! Com nossos amores, amigos e familiares!!

Apesar da música estar sendo relacionada ao sentimento de sofrimento e perda do primeiro amor, típico da adolescência, possível público-alvo de Katy, acho que as pessoas podem se identificar de inúmeras maneiras com a letra e com o videoclipe, principalmente. 

Às vezes a separação de um casal pode ser metafórico. Um casamento que se desgastou e o casal já não é aquele mesmo do passado, mas continua junto. Um casamento infeliz, pautado na riqueza material que foi priorizado diante de um grande amor.  Uma relação que parecia durar para sempre, mas se desgastou, provocando seu fim. A perda em vida na juventude de um grande amor, seja namorado ou até marido.

Enfim, mais do que um primeiro amor na adolescência (confirmado pela letra da música), acho que o videoclipe remete a mais do que isso. Só pelas imagens (cores quentes e apagadas no 'passado', cores frias e vivas no 'presente') podemos pensar que a música fala da separação de casais, de um amor que não foi eterno, mas poderia ter sido, pela perspectiva da mulher. E no lugar do amor ficou a dor, o sofrimento, o vazio. Nada foi capaz de substituir esse grande amor. O homem desse relacionamento permaneceu jovem como uma boa e dolorosa lembrança.

Há pouco de abstrato em sua adaptação, típico dos videoclipes. E por ser tão cinematográfico e narrativo (Michael Jackson foi o pioneiro com Thriller) é que se torna emocionante, como um bom filme, ainda que dure menos de 5 minutos!

Obs.: "The One That Got Away" é uma canção da compositora e cantora estadunidense Katy Perry, para o seu segundo álbum de estúdio de música pop, intitulado Teenage Dream. A música foi escrita por Perry, Lukasz Gottwald e Max Martin, tendo sido produzida pelos dois últimos. Foi lançada pela Capitol Records como o sexto single oficial do disco em 28 de setembro de 2011 e recebeu opiniões mistas da crítica. Trata-se de uma canção midtempo dos gêneros pop, dance-pop e teen pop e, liricamente, fala sobre um amor adolescente perdido. Fonte aqui.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"O palhaço" de Selton Mello 2011

"O gato bebe leite, o rato come queijo, e eu sou um Palhaço!"

Selton Mello escreveu (em parceria com Marcelo Vindicatto), estrelou e dirigiu este filme belíssimo sobre a crise de identidade de Benjamin, eterna busca humana retratada em um jovem palhaço (Pangaré), filho de palhaço (Puro-Sangue - Paulo José), que só possui uma certidão de nascimento surrada e passou a vida no 'Circo Esperança'

Vida difícil, meio 'nômade', sem residência fixa ou condições normais numa sociedade tão apegada ao 'material' como a nossa, porém cercada de pessoas do afeto, que tão aventureiras quanto, dedicam-se a viver com certa liberdade, brincando com a arte. Uma metáfora de quem faz um cinema 'livre' talvez?! É difícil, dá trabalho, mas no fundo, vale a pena!!

Assim como o circo, esse cinema delicado, de ritmo lento e com uma direção de arte belíssima, 'quase' atemporal, é cada vez mais raro e valorizado por um público inserido numa sociedade midiatizada, sedento por frenesia e êxtase. Filmes-anestesia não faltam, mas "O palhaço" distancia-se do lógico e narrativo, para ser um devir, um acontecer.

É um longa trajado de curta, pois se constrói em ações, silêncios, olhares e recortes. Explora o conflito interno de um Palhaço que não ri, através de seus olhos vagos, ombros caídos e sono inquieto. Pouco sabemos sobre o passado dos personagens, pouco vislumbramos seu futuro, parecem todos, congelados no tempo, mas o filme carrega ingenuidade e profundidade, própria de personagens que cresceram protegidos pela fantasia do circo, ainda que disposto de uma dura realidade do desapego material.

Benjamin encontra-se numa encruzilhada e o ventilador que tanto deseja, sugerido pela amante do pai, torna-se um cego objetivo, uma busca por identidade. Porém sem dinheiro e sem documento, como adquirir algo numa sociedade exigente por provas de existência?! Em nosso mundo, a palavra não tem mais valor, apenas o papel. Papel que nos identifica, que compra, troca, explora, violenta. RG, CPF, comprovante de residência, dinheiro!

Em certa altura do filme, em mais uma passagem do circo por uma cidade pequena, Puro-Sangue (Paulo José), pai de Benjamin, conversa com um forasteiro, que diz que o homem deve fazer o que nasceu para fazer e com a mais singela das frases, cativa qualquer coração sensível, com a sabedoria de um viajante: "O gato bebe leite, o rato come queijo e você deve fazer o que sabe fazer!" Um jeito simples de aconselhar o outro a fazer o que se gosta de fazer, o que se sabe fazer de melhor, ainda que valha a pena arriscar-se, só para descobrir o que realmente se gosta.

Puro-sangue repete essa frase para Benjamin no auge de sua crise de identidade, mas completa com '...e eu sou um Palhaço filho!" pois é tudo que lhe restou na vida, que é apaixonado e sabe fazer. Pangaré não sabe, então vai procurar numa vida estável, com emprego e residência fixa, sua verdadeira paixão. Como era de se esperar, resta-lhe tédio, mas ao ouvir os colegas do trabalho rindo, Pangaré finalmente sorri. E se antes questionava "Quem vai fazer o palhaço rir?!", percebeu que fazer os outros rirem é seu combustível, sua grande paixão.

Contente e com o novo ventilador debaixo do braço (sua identidade recuperada) volta para o circo, certo de quem é e do que gosta de fazer!

Um filme singelo, doce, delicado, que timidamente se contrapõe com os monstruosos blockbusters que se acumulam nas salas de cinema! Não que eu não goste deles, anestesiar a mente de vez em quando faz parte de uma vida em ritmo acelerado, mas quem não gosta de um 'circo' para sempre relembrar as raízes de uma 'doce infância'?!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Maria Montessori - uma vida dedicada às crianças" de Gianluca Maria Tavarelli 2006


Há quase 2 anos estou fazendo Mestrado em Educação e iniciei atualmente meus estudos em Pedagogia. E confesso (supreendentemente) que nunca havia ouvido falar da 'Pedagogia Montessori', mas de certa forma conheci seu método indiretamente através de outras pedagogias e leituras, que tem como foco principal, a valorização do desenvolvimento natural da criança e o professor como guia.

Esta cinebiografia de 3h10 de duração é emocionante e conta a história de Maria Montessori (Paola Cortellesi), uma mulher persistente, sonhadora, teimosa e corajosa numa época onde o papel principal da mulher era ser submissa, mãe e dona de casa. 

Montessori foi a primeira mulher a se formar em medicina na Itália, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Roma em 1896 e foi lá que iniciou um trabalho com crianças especiais na clínica da universidade, onde ajudou a alfabetizá-los.

Também dedicou-se a experimentar procedimentos em crianças que ainda não tinham idade para frequentar o ensino fundamental, revolucionando a educação em todo mundo, onde contribuiu para criar métodos de ensino para a educação infantil

Devido a seu reconhecimento, participou de um projeto onde criou a 'Casa das Crianças', priorizando a autonomia da criança, já que os alunos vinham de famílias pobres e sem instrução, e noções de limpeza e higiene se faziam necessários naquele contexto.

Montessori criou um método de aprendizagem, conhecido como "Método Montessori", que fazia com que a criança aprendesse com seus próprios erros. Em sua pedagogia os princípios fundamentais eram a atividade, a individualidade e a liberdade. Era contra a violência física e psicológica (como palmadas e castigos). Seus escritos contribuíram bastante para a educação infantil e sua pedagogia se reflete no movimento das Escolas Novas e pedagogia Waldorf, opondo-se aos métodos tradicionais que não respeitam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento da criança.

No filme é possível acompanhar suas motivações e contextos de trabalho, bem como a relação secreta que teve com seu professor de psiquiatria Dr. Montesano e o filho Mario, fruto desse amor. Maria foi obrigada a abrir mão do filho, mas jamais deixou de acompanhar seu desenvolvimento e sempre foram muito íntimos. Quando adulto, revelada a verdade, passaram a morar juntos e posteriormente, quando ele se formou em Medicina, passaram a trabalhar juntos. Foi ele quem continuou disseminando o método da mãe, após sua morte aos 84 anos.

Durante o fascismo italiano, Maria foi intimada a participar das modificações nas escolas italianas, já que seu método se disseminou pelo mundo e interessava ao governo, adaptá-lo e disseminá-lo também nas escolas italianas. Porém, chantageada, Maria fugiu com o filho, recusando a se esquivar e distorcer seu método para finalidades políticas!

Maria acreditava que para mudar o homem do futuro era precisar trabalhar com a criança do presente. Somente assim poderia haver uma verdadeira transformação! Através da educação!

Filmes do mês: novembro


São atualizados no decorrer do mês.

09C-"Amanhecer - parte 1" de Bill Condon 2011 (P)
08C-"O palhaço" de Selton Mello 2011 (4)
07L-"Água para elefantes" de Francis Lawrence 2011 (2)
06L-"Caça às bruxas" de Dominic Sena 2011 (1)
05L-"A informante" de Larysa Kondracki 2011 (3)
04L-"Eu sou o número 4" de D.j. Caruso 2011 (2)
03L-"Maria Montessori - uma vida dedicada às crianças" de Gianluca Maria Tavarelli 2006 (4)
02L-"Um novo despertar" de Jodie Foster 2010 (2)
01L-"Sem limites" de Neil Burger 2011 (2)

*Filmes Revistos 
Organização: Ordem crescente - em números.
Nome do filme + diretor + ano.
Códigos: B (baixado), C (cinema), D (dvd acervo pessoal), L (locadora), T (tv).

Notas:
(0) dispensável
(1) ruim ou fraco
(2) razoável
(3) bom - técnica ou emocionalmente
(4) muito bom - rolou um punctum
(5) excelente - marcou minha vida
(P) prazer culpado (tecnicamente ruim, mas adorei)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Inscrições abertas - Festivais e concursos

 
 Prêmio para roteiros audiovisuais ligados a museus.
 
Inscrições abertas até 26 de novembro.

O Prêmio Ibram de Roteiros Audiovisuais 2011, que faz parte do Programa de Fomento aos Museus Ibram 2011, tem como objetivo premiar 18 roteiros inéditos para produção audiovisual, com 60% de ambientação em museus brasileiros e produções de mídias digitais com argumentação museológica. Serão premiados: três roteiros de longa metragem; cinco roteiros de curta metragem; cinco roteiros de documentário; cinco roteiros para Cine-TV  e vinte produções de mídias digitais. Os prêmios variam de R$ 5 mil a R$ 100 mil. As inscrições devem ser feitas através do SalicWeb, disponível no portal do Ministério da Cultura e no site do Instituto Brasileiro de Museus.
 
É Tudo Verdade continua com inscrições abertas!

Continuam abertas até 17 de dezembro as inscrições para documentários brasileiros e internacionais para o 'É Tudo Verdade' 2012 – 17º Festival Internacional de Documentários. O festival será realizado entre 23 e 31 de março, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os longas-metragens precisam ser inéditos e os curtas não tem essa mesma exigência. O prêmio para melhor longa é de R$ 100 mil.

Mais informações e inscrições no site.  
 
Festival de Cinema da Língua Portuguesa recebe inscrições.

Em 2012 será o ano do Brasil em Portugal e o festival de cinema Itinerante da Língua Portuguesa vai prestar uma homenagem ao Brasil com uma mostra especial. A seleção do evento recebe inscrições até o dia 31 de janeiro e o festival está programado para 9 a 20 de maio. Inscrições no site oficial do evento. 


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Festival de nano minuto


Faça um nano minuto! Envie seu video de no máximo 10 segundos e concorra a um prêmio de R$ 500,00 + troféu minuto. Inscrições até 30 de novembro de 2011!

Mais infos aqui.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Criação" de Jon Amiel 2009


O filme é baseado no livro “Annie’s Box” de Randal Reynes (tataraneto de Charles Darwin)  e faz um recorte da vida de Darwin durante seus estudos de elaboração da teoria da evolução, onde luta para encontrar um equilíbrio entre suas teorias revolucionárias sobre evolução e seu relacionamento com sua esposa, cuja fé religiosa contradiz seu trabalho. A perda da filha mais velha Annie, aos dez anos, passou a influenciar a visão de Darwin sobre a religião.

Mais uma vez, a ciência e a religião parecem se confrontar diante dos 'mistérios' da vida humana.  Darwin (Paul Bettany), com 40 anos é cercado pela família, e se apresenta num grande conflito entre a perda da fé religiosa, ao observar, estudar e evidenciar intensamente as estruturas físicas das mais variadas espécies de seres vivos e suas relações em comum.

A cada descoberta, uma grande sensação de pavor e culpa toma conta de Darwin, que projeta no fantasma da filha mais velha, suas fugas e frustrações. Na tentativa de controlar suas emoções e contornar a culpa da perda, tranca em um baú, tudo que escreveu e pesquisou ao longo dos anos. A culpa o consome de uma maneira, que ao não ter controle sobre a vida de quem mais prezava, Darwin se afasta da esposa, dos outros três filhos e da própria pesquisa, desiludido com as surpresas da vida humana, muitas vezes as grandes responsáveis pelas perdas de fé religiosa. Seria um medo da perda?! Seria sentir segurança com o distanciamento?! Seria um último apego a fé religiosa?!

As inquietações e inseguranças de Darwin relacionadas à fé religiosa o enfraquecem diariamente, dificultando cada vez mais sua relação familiar e a clareza necessária para escrever sobre sua pesquisa. Quanto mais estuda, mais perde a fé, mas quanto mais perde a fé, mais se culpa e se pune, vivendo um círculo vicioso de desequílibrio emocional, que o impede de escolher no que acreditar. Seria sua perda da fé a grande responsável pela perda da filha?! Teria faltado fé para salvá-la?!

A medida que ele estuda e testa hipóteses para a evolução das espécies, entrando em contato com outras percepções e experiências, percebe que sua relação genética de primo-irmão com a esposa foi a grande causa da 'fraqueza' física da filha emocionalmente forte e considerada por ele, 'perfeita'. Um problema genético e não um castigo divino, devolvendo a força emocional e física que Darwin precisava para começar a escrever sua teoria e lidar com as conseqüências dela.

Ao 'abrir o baú' e libertar-se da fé religiosa, liberta também pensamentos, ideias e hipóteses, com a consciência de que ao publicá-los, causará uma grande revolução na História da Humanidade, tão centrada naquele contexto nas explicações divinas para diversos fenômenos da natureza.

Estudar 'bilhões de anos de evolução em apenas 8 anos' não é suficiente para explicar todos os fenômenos existentes e talvez nunca exista o tempo suficiente para avaliar todas as transformações que sofremos ao longo de tanto tempo, mas é tempo suficiente de enfraquecer discursos religiosos baseados em explicações divinas, sem abertura para questionamentos e estudos de hipóteses. Para a fé religiosa, basta acreditar!! Para a ciência, é preciso testar, comprovar, argumentar e questionar!! E para que não haja extremos, talvez a filosofia (pensar sobre o pensar) seja uma grande aliada para qualquer tipo crença.

O que seria da Humanidade se não duvidasse dos fenômenos que a cercam?! E duvidar inclusive da própria fé, que muitas vezes precisa ser renovada para não enfraquecer as relações humanas e dificultar as sensações de perda e culpa. Se a 'teoria da evolução e seleção natural, resulta na adaptação de determinados indivíduos ao ambiente, frente a outros não adaptados' e por meio da 'seleção natural, preserva as raças favorecidas na luta pela vida', manter-se forte emocionalmente diante de qualquer tipo de perda física, como a morte possibilita, seria sobreviver ao mundo hostil?! Estaria a fraqueza emocional relacionada às fraquezas físicas?! Ou ambas independem entre si?! 

Se a filha de Darwin morreu por uma fraqueza genética, foi por pouco que Darwin não morreu por uma fraqueza emocional. Ambas parecem confrontar a espécie humana e forçá-la a se enfraquecer ou se fortalecer diante de qualquer tipo de dificuldade, para que possa sobreviver ao mundo, independente de como se apresente, buscando sempre se adaptar ao que for possível. Sendo ou não um ambiente hostil, parece que nós enquanto humanos, diferente dos outros animais, estamos condenados a sofrer testes de sobrevivência, seja físico ou emocional. Com tanto potencial intelectual, ainda que supere as limitações físicas de fragilidade, o homem parece ser de todas as espécies, o mais afetado emocionalmente.Que venham as perdas, as crises e instabilidades nos testar e viva o 'mais forte'!!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Curso de Licenciatura em Cinema e Audiovisual - um novo campo profissional

Eu me lembro claramente quando anunciaram a abertura de um novo curso de cinema, com licenciatura, lá na Universidade Federal Fluminense - UFF, postado no blog Cineducacao há mais de 1 ano. 
E quando fui na SOCINE este ano, lembro de dois professores interessados em experiências com cinema na escola, justamente procurando colaborações dos profissionais que já atuam na área, para pensar na formação da grade de professores e do próprio currículo do novo curso.
Não se pode mais negar a abertura deste novo campo de trabalho para o profissional do cinema, voltado para a educação, na tentativa de suprir uma demanda já existente.
Tenho certeza que será feliz aquele que direcionar seus caminhos para educação, e fico ainda mais feliz de ser uma destas pessoas!!! O que será que o futuro me reserva?!


 Seguem mais informações sobre o novo curso!!

Com a responsabilidade  em atender as demandas pedagógicas, acadêmicas, sociais e culturais da comunidade, do Estado e do país, o Departamento de Cinema e Vídeo criou a Licenciatura em Cinema e Audiovisual, que já está sendo oferecido no vestibular da UFF (http://www.vestibular.uff.br/2012/) como uma alternativa ao tradicional “curso de Cinema da UFF”, para aqueles que procuram uma formação acadêmica na área do Cinema e do Audiovisual.
Vivemos há pouco mais de um século a sociedade audiovisual, onde a imagem em movimento e o som têm experimentado janelas de diferentes tamanhos e diferentes locais para assistência. A sala de cinema se deslocou para a tela da televisão e mais recentemente para as telas dos computadores e celulares. A indiscutível presença do audiovisual na vida cotidiana tem ampliado a intimidade de todos com a sua linguagem sem que se faça uma reflexão cultural, estética e técnica dos modelos de representação social nos quais se insere essa vasta produção. É nesse contexto que apresentamos para a Universidade Federal Fluminense a proposta de um curso de licenciatura visando a capacitação docente no campo do Cinema e Audiovisual fundamentada na tradição do curso de cinema da UFF que esse ano completa 40 anos.
Acompanhando os esforços da UFF e do MEC, nossa proposta de Licenciatura consiste em um curso noturno, de quatro anos, com a oferta inicial de 21 vagas com uma única entrada por ano, cujo Projeto Pedagógico pode ser acessado no site do Departamento. Entendemos que esta opção trará para os estudos de cinema uma gama de futuros profissionais que hoje encontram severas dificuldades em cursar uma formação diurna. O curso de Licenciatura noturno torna-se também importante na medida em que permitirá que o aluno tenha o dia livre para iniciar suas atividades profissionais nas escolas. Assim, não é negligenciável o fator de inclusão social presente em um curso noturno.
O desejo de abrir as portas do curso de cinema para um curso noturno é antigo. Hoje, graças às ações ligadas ao REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), torna-se possível pensarmos na possibilidade de termos estrutura e pessoal para os laboratórios, biblioteca e secretaria em um terceiro turno. Além disso, a abertura deste curso se insere na política educacional do Governo Federal, de maximização de utilização dos espaços físicos, recursos materiais e infra-estrutura universitária.

Mercado de trabalho para o licenciado

É crescente o número de Escolas Livres de Cinema e Audiovisual. Experiências bem sucedidas como a escola de cinema do Vidigal, ligada ao Grupo Nós do Morro, a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, as oficinas de audiovisual na Maré e na CUFA (Central Única de Favelas), são exemplos da forte demanda por profissionais capacitados na educação e no cinema. Além dessas, existem inúmeras outras iniciativas direcionadas à formação em audiovisual, através de escolas livres, alcançando milhares de alunos em centenas de projetos distribuídos em todo o território nacional. Pesquisa realizada entre 1995 e 2009, registrou 132 entidades no território nacional em 17 estados mais o Distrito Federal com um total de 25.665 alunos atendidos e uma produção de 3.233 vídeos.
Normalmente essas escolas têm funcionado com profissionais formados em cinema ou áreas afins, mas sem formação específica como professor. Uma licenciatura em Cinema e Audiovisual capacitará profissionais para assumir os lugares de ensino nessas escolas e planejar seus cursos.
Também a administração dessas instituições de ensino demanda profissionais especializados, por envolver questões de produção, pedagógicas e acadêmicas. Entendemos também que uma estreita relação com essas escolas será importante para o curso de licenciatura, através de estágios nas diversas áreas que compõem o aprendizado e o ensino de cinema e audiovisual.
Recentemente, projetos para unidades dos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), passaram a incluir oficinas audiovisuais como caminho para a re-inserção social de seus pacientes. Em Niterói, o projeto Alice, prepara o gato tem como proponentes e oficineiros ex-alunos do bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFF. Acreditamos que, com a formação pedagógica que a licenciatura em Cinema e Audiovisual proporcionará, esse mercado pode ser ampliado. 
Outro mercado que se abre ao profissional que ingressa no mercado vindo de uma licenciatura em Cinema e Audiovisual, nos moldes que estamos propondo, vem da possibilidade de criar projetos pedagógicos para museus e centros culturais. É crescente a intenção de tais instituições de oferecer eventos que venham a iniciar crianças e adolescentes no mundo das artes e das ciências. Exemplo disso é o Museu da Vida, na Fundação Oswaldo Cruz, que recentemente abriu edital para profissionais do audiovisual que propusessem formas de ensinar para crianças, através da união entre imagem e som, os princípios básicos das ciências naturais.
Da mesma forma, outras ações de política pública como a criação de 1.600 salas de exibição digital, para difusão da produção cinematográfica brasileira através do Projeto Cine Mais Cultura, exige a formação de pessoal qualificado para revitalizar e ampliar os tradicionais Cineclubes, que apontam como princípio básico de atuação a sua vocação educativa para formação de novos públicos. Nesse cenário encontram-se projetos em municípios de 20 mil habitantes até os grandes centros urbanos, dos Territórios da Cidadania até as principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Nas Escolas

Possibilitar à criança e ao adolescente uma cultura audiovisual e cinematográfica está na pauta do dia. Além da presença cada vez mais constante do audiovisual em sala, tramita no congresso o projeto de lei 185/8, de autoria do Senador Cristovam Buarque, que obriga as escolas exibirem filmes nacionais em sala. Mais do que apenas exibir, essa iniciativa propicia o surgimento de um amplo espaço acadêmico para a formação específica acerca da história, da estética e da teoria no cinema e do audiovisual, que é o cerne do projeto de lei e, que está sendo demandada. De certa forma, o Senador vislumbrou algo que há muito é demandado pelas escolas e que outras iniciativa do Governo Federal tem procurado atender com projetos como o TV Escola: a adoção da cultura audiovisual na sala de aula. Assim, esta proposta de licenciatura coaduna-se aos esforços do Governo Federal em fomentar uma melhor formação de professores do ensino médio e, consequentemente, avançar na qualidade do ensino de uma maneira geral.
O projeto Ensino Médio Inovador, também do Governo Federal, apoia dezenas de propostas oriundas das escolas visando a implementação da produção e da exibição audiovisual de maneira a integrar diferentes disciplinas abordando temas transversais, vinculados ao projeto pedagógico de seus currículos regulares. São experiências com cinema de animação, cineclubes, produção de vídeos, entre outros, onde o audiovisual contribui para proporcionar aos alunos ambientes de produção colaborativa e construção de conhecimento em condições de grande interação com os professores.
Outro aspecto importante a destacar é o barateamento das tecnologias ligadas ao audiovisual, que tem permitido às escolas adquirirem meios de exibição e produção com maior facilidade, tanto no espaço público como privado, com participação ativa dos alunos nessa ação. Dessa forma, um curso de Licenciatura em Cinema e Audiovisual abre diversas possibilidades de melhor se formar profissionais que possam utilizar plenamente tanto os filmes quanto os equipamentos, quer na sala de aula quer na sua vida social e profissional.
Espera-se que esse profissional seja também um agente multiplicador dentro da escola ao estabelecer um estreito diálogo com os outros professores sobre o uso do audiovisual na sala de aula, uma vez que a presença do cinema na educação é tema de debate e de iniciativas governamentais no Brasil desde os anos 20, e que nos anos 70 o vídeo chegou a ser visto por alguns como uma ameaça de substituição do professor. Superadas as fases de inovação revolucionária e tecnofobia a maturidade social impõe a necessidade do cinema ir para a escola não somente como texto ou como tema, mas como ato e criação, como uma maneira de formar estética, crítica e sensivelmente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Nossa seleção: 35º Mostra Internacional de Cinema em São Paulo

Durante duas semanas, de 21 de outubro até 03 de novembro, cerca de 250 filmes serão exibidos em 22 salas de cinema de São Paulo na 35º Mostra Internacional de Cinema. Entre eles, clássicos restaurados com exibições inéditas, como "Doce vida", "Laranja mecânica" e "Táxi Driver".


Seria um sonho poder ficar pelo menos uma semana vendo filmes de todo o mundo, com as mais variadas propostas, como nos tempos de acadêmica de cinema. É realmente um evento único para ampliar o repertório e perceber que o cinema é muito mais que os blockbusters de "Shopping Center".

Uma semana não é possível, mas um final de semana sim!! E sexta-feira, 28 de outubro, eu, meu maridão André e as sogrinhas, iremos embarcar para São Paulo para uma maratona de filmes

Não foi fácil selecionar quais filmes assistir em 3 dias, mas lendo sinopses, conferindo locais e horários, conseguimos!! Confira nossa possível programação abaixo:




PROGRAMAÇÃO 

Dia 28.10.11 – Sexta-feira 

Frei Caneca Unibanco Arteplex 4
14h - Para Poucos
16h - Carta para o Futuro (termina 17h10)

Para Poucos
A história de dois casais, aparentemente estáveis, que se encontram e se sentem atraídos uns pelos outros.
Nome original: Happy Few
País: França
Direção: Antony Cordier
Duração: 103 minutos Classificação: 16 anos.

Carta para o Futuro
Durante sete anos, o diretor Renato Martins e sua equipe acompanharam a vida de uma típica família cubana e de outros habitantes que ajudam a fazer um retrato do país.
País: Brasil/Alemanha/Portugal
Direção: Renato Martins
Duração: 70 minutos Classificação: Livre

Espaço Unibanco Pompeia 1 – Shopping Bourbon
19h20 - O Vira-Casaca
21h20 - Caverna dos Sonhos Esquecidos

O Vira-Casaca
A vida de quatro torcedores fanáticos se transforma quando o time de futebol deles deixa de existir.
Nome original: Skrzydlate Swinie
País: Polônia
Direção: Anna Kazejak-Dawid
Duração: 99 minutos Classificação: Livre

Caverna dos Sonhos Esquecidos
Nesse documentário filmado em 3D, o cineasta Werner Herzog penetra as cavernas do sul da França para capturar imagens das primeiras criações pictóricas da humanidade.
Nome original: Cave of Forgotten Dreams
País: Canadá/EUA/França/Alemanha/Reino Unido
Direção: Werner Herzog
Duração: 90 minutos Classificação: Livre

Dia 29.10.11 - Sábado

Espaço Unibanco Augusta 3 (decidir)
14h - Isto Não é um Filme
15h40 - Irmãs Jamais
17h50 - As Canções (termina 19h20)

Isto Não é um Filme
Relata as privações do cinema no Irã ao mostrar um dia na vida do diretor Jafar Panahi, que está em prisão domiciliar.
Nome original: In Film Nist
País: Irã
Direção: Mojtaba Mirtahmasb e Jafar Panahi
Duração: 75 minutos Classificação: 18 anos.

Irmãs Jamais
Dividido em seis episódios, o filme conta a história de uma jovem e as dificuldades de relacionamento com seus familiares.
Nome original: Sorelle Mai
País: Itália
Direção: Marco Bellocchio
Duração: 110 minutos Classificação: 18 anos.

As Canções
Neste documentário, o diretor Eduardo Coutinho ajuda 42 pessoas a escolherem uma música e a falarem sobre sua relação afetiva com ela.
País: Brasil
Direção: Eduardo Coutinho
Duração: 90 minutos Classificação: Livre

Reserva Cultural 1 (decidir)
00h10 - Girimunho
14h - The Mexican Suitcase
15h50 - A Casa
17h50 - Habemus Papam (termina 19h40)

Girimunho
No sertão de Minas Gerais, a trajetória de duas senhoras de 83 anos serve de base para reflexões sobre o tempo.
País: Brasil/Alemanha/Espanha
Direção: Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr.
Elenco: Maria do Boi, Bastu e Batatinha
Duração: 90 minutos Classificação: Livre

The Mexican Suitcase
Uma mala com 4.500 negativos da Guerra Civil Espanhola é entregue ao Centro Internacional de Fotografia, em Nova York. Considerada perdida desde 1939, as imagens mostram a fantástica trajetória dos fotojornalistas Robert Capa, Gerda Taro e David Seymor.
País: EUA/México
Direção: Trisha Ziff  Duração: 89 minutos

A Casa
Eva é uma garota inteligente, bela e engajada nas questões de sua vila. Um dia, ela precisa lidar com os problemas de sua família.
Nome original: DOM
País: República Tcheca/Eslováquia
Direção: Zuzana Liová
Duração: 75 minutos Classificação: 16 anos.

Habemus Papam
Nesta comédia, o papa recém-eleito é obrigado a fazer terapia para se livrar de uma depressão.
Nome original: Idem
País: Itália
Direção: Nanni Moretti
Elenco: Michel Piccoli, Jerzy Stuhr e Renato Scarpa
Duração: 102 minutos Classificação: 12 anos.

Espaço Unibanco Pompeia 1 (decidir)
20h50 - Kaidan Horror Classics (termina 23h30)
23h50 - Os 3 (termina 1h40)

Kaidan Horror Classics
Em quatro histórias, dirigidas por diretores diferentes, o horror é apresentado de forma não convencional, sob ângulos como inveja, luxúria e vergonha. Inspirado em contos populares japoneses de terror.
Nome original: Ayashiki Bungo Kaidan
País: Japão
Direção: Hirokazu Kore-eda, Masayuki Ochiai, Shinya Tsukamoto e Lee Sang
Duração: 160 minutos Classificação: Livre

Os 3
Jovens e inseparáveis, Camila, Cazé e Rafael transformam o triângulo amoroso que vivem num reallity show.
País: Brasil
Direção: Nando Olival
Elenco: Victor Mendes, Juliana Schalch e Gabriel Godoy
Duração: 80 minutos Classificação: 14 anos.

Frei Caneca Unibanco Arteplex 1 (decidir)
22h10 - Como Começar Seu Próprio País (termina 23h20)
24h - A Terra Ultrajada (termina 1h50)

Como Começar Seu Próprio País
O documentário mostra a situação de seis micronações independentes que não estão em nenhum mapa político.
Nome original: How to Start Your Own Country
País: Canadá
Direção: Jody Shapiro
Duração: 72 minutos Classificação: Livre

A Terra Ultrajada
O filme reúne várias histórias que acontecem logo após a explosão do reator da usina nuclear de Chernobyl, em 1986.
Nome original: La Terre Outragée
País: França/Alemanha/Polônia
Direção: Michale Boganim
Elenco: Olga Kurylenko, Andrzej Chyra e Nikita Emshanov
Duração: 108 minutos Classificação: Livre

Dia 30.10.11 – Domingo

Espaço Unibanco Augusta 3
14h - Veneza
16h10 - Labrador
17h40 - Mozzarella Stories (termina 19h20)
19h40 - Sudoeste
22h30 - Algumas Nuvens

Veneza
Durante a Guerra na Polônia, um garotinho sonha em conhecer Veneza. Quando sua garagem é inundada, ele imagina estar na cidade.
Nome original: Wenecja
País: Polônia
Direção: Jan Jakub Kolski
Duração: 110 minutos Classificação: Livre

Labrador
O marido de uma jovem grávida entra em conflito com seu sogro, que vive isolado com um cachorro em uma pequena ilha.
Nome original: Labrador
País: Dinamarca
Direção: Frederikke Aspöck
Elenco: Carsten Bjørnlund, Jakob Eklund e Stephanie Leon
Duração: 72 minutos Classificação: 12 anos.

Mozzarella Stories
Comédia à italiana sobre um importante produtor de mozarela de búfala, que vê o seu reinada desmoronar quando comerciantes chineses lançam uma marca de queijo mais barata.
Nome original: Idem
País: Itália
Direção: Edoardo de Angelis
Elenco: Aida Turturro, Luca Zingaretti e Luisa Ranieri
Duração: 97 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos.

Sudoeste
Em um dia, num vila litorânea onde o tempo parece suspenso, Clarice (Simone Spoladore) indaga sua relação com as pessoas.
País: Brasil
Direção: Eduardo Nunes
Elenco: Simone Spoladore, Júlio Adrião e Victor Navega Motta
Duração: 128 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos.

Algumas Nuvens
Nesta comédia italiana, Diego e Cynthia formam um casal que está prestes a oficializar o matrimônio. Diferenças de ideais, no entanto, se aproximam para interferir no que parecia certo
Nome original: Qualche Nuvola
País: Itália
Direção: Saverio Di Biagio
Elenco: Michele Alhaique, Greta Scarano e Aylin Prandi
Duração: 99 minutos
Classificação: Livre

MIS Auditório
14h - Movimento Reverso
15h50 - Vinte Dias sem Guerra
17h50 - A Casa (termina 19h10)
19:50 - A Lenda da Fortaleza Suram

Movimento Reverso
Mãe de soldado desaparecido resolve ajudar um jovem trabalhador imigrante sem abrigo depois de receber a notícia de que seu filho provavelmente foi morto em uma missão militar.
Nome original: Obratnoe Dvizhenie
País: Rússia
Direção: Andrey Stempkovsky
Elenco: Vladislav Abashin, Olga Demidova e Nikita Emshanov.
Duração: 93 minutos
Classificação: Livre

Vinte Dias sem Guerra
Durante a Segunda Guerra Mundial, acompanha a trajetória de um correspondente que vai a uma cidade soviética com o intuito de filmar uma de suas histórias para o cinema.
Nome original: Dvadtsat Dney Bez Voyny
País: Rússia
Direção: Aleksei German
Elenco: Yuri Nikulin, Lyudmila Gurchenko e Aleksei Petrenko
Duração: 101 minutos
Classificação: Livre

A Casa
Eva é uma garota inteligente, bela e engajada nas questões de sua vila. Um dia, ela precisa lidar com os problemas de sua família.
Nome original: DOM
País: República Tcheca/Eslováquia
Direção: Zuzana Liová
Elenco: Judit Bárdos, Miroslav Krobot e Marian Mitas
Duração: 75 minutos Classificação: 16 anos.

A Lenda da Fortaleza Suram
Baseado num conto do folclore grego, o filme traz a história de um garoto que tem de ser emparedado junto a uma fortaleza para impedir que ela desmorone.
Nome original: Ambavi Suramis Tsikhitsa
País: Rússia
Direção: Sergei Paradjanov
Elenco: Veriko Andjaparidze, Tamari Tsitsishvili e Dudukhana Tserodze
Duração: 88 minutos
Classificação: Proibido para menores de 18 anos.

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E aí?! Curtiram?! Ficaram curiosos?!! Se ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a Mostra, recomendo super!! E quem conhece, corre que dá tempo!!