segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Minha lista de 10 melhores do ano - 2010

É difícil julgar um filme bom ou ruim quando somos indivíduos tão complexos e diferentes.

Nossas histórias de vida são recheadas de experiências únicas e todas elas contribuem para formar aquilo que podemos chamar de "eu" ou de "nossa personalidade".

Somos criados em famílias harmoniosas e/ou não, somos estudantes de escolas públicas e/ou não, moradores de cidades pequenas e/ou grandes, apreciadores de rock e/ou pagode, apaixonados por cerveja e/ou vodka. São muitas as opções, muitos os gostos e muitas combinações de "e/ou".

Por essa razão, não acredito em filmes ruins, mas em péssimos mediadores.
Acredito que muitos filmes julgados fracos, superficiais e dispensáveis, direcionados adequadamente para um determinado público-alvo em determinadas situações, podem servir como ponto de partida para discussões construtivas e produtivas.

Assim como muitos filmes clássicos, não poderiam ser apreciados como mero entretenimento ou obra de arte se não fosse considerado seu contexto. Portanto filme bom ou ruim é apenas uma opinião pessoal (muito pessoal, por estar de acordo com a experiência única de vida de cada um) e opinião é uma verdade relativa e questionável, jamais absoluta.

Não acho justo fazer determinadas listas, pois não poderia classificar todos os filmes que assisto em bons ou ruins, portanto listo abaixo os filmes que mais chamaram minha atenção em 2010, assistidos no cinema ou na locadora (no caso dos lançamentos), mas sem querer desmerecer todos os outros que foram feitos:

"A rede social" de David Fincher 2010


Escolho este filme por ser dinâmico em contar sobre a criação do Facebook, que tem sido um grande fenômeno financeiro e polêmico, mas principalmente por abordar um assunto tão atual como as redes sociais, relações virtuais, perpetuação da informação através da rede, uso de mídias crescente, e inclusive sobre os tão comuns e antigos problemas de relacionamento presenciais. Em rodas de conversa tenho citado bastante este filme para falar sobre minha pesquisa de mestrado em mídia-educação e o uso desenfreado das redes sociais sem aproveitamento educativo. Entre tantas passagens do filme, uma que me chamou a atenção foi num diálogo entre Mark e uma das suas advogadas, em que ele comenta que o facebook já havia chegado na Bósnia e ela diz "Não tem estradas na Bósnia, mas tem facebook!". Essa fase coroa o atual momento "pós-humano" em que vivemos. Uma era digital e extremamente virtual.

"Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro" de José Padilha 2010



O cinema nacional tem se destacado cada vez mais em recordes de público e quantidade de bons lançamentos desde a retomada na década de 90. Desde "Cidade de Deus", que aborda com sinceridade a violência urbana tão presente no país nos grandes sistemas de tráfico, alguns filmes tem se aprofundado em explicar este esquema tão bem consolidado e "Tropa de Elite" narrou com genialidade tanto no primeiro, quanto no segundo, a corrupção da polícia e a vinculação com políticos influentes. Uma grande sensação de impotência e revolta nos apossa ao final do filme. Que ótimo! Talvez só assim o povo abra os olhos e resolva se mobilizar por mudanças!

"Chico Xavier - O filme" de Daniel Filho 2010


Achei este filme mais uma boa contribuição para o cinema nacional, ainda que seja voltado para um público televisivo. Num país com tanto sincretismo religioso e tão esperançoso, parece natural se permitir acreditar no bem e que há vida após a morte. "Nosso lar" tinha uma boa proposta nesse sentido, mas pecou no roteiro e direção de atores, justamente itens que tornaram a vida de Chico no cinema tão bem contada.

"Toy Story 3" de Lee Unkrich 2010



Este foi o terceiro filme da seqüência que originou-se de um grande marco para os desenhos animados e história do cinema. "Toy Story" foi o primeiro desenho feito em computação gráfica. É com carinho que todos lembram do primeiro filme e daquela mesma fantasia infantil de misturar realidade com imaginação nas tardes divertidas entre brinquedos. Andy cresceu, como todos nós, mas os brinquedos e a imaginação continuam eternos.

"A origem" de Christopher Nolan 2010



Nolan é simplesmente genial quando precisa nos colocar em situações-limite. Ele nos joga contra nós mesmos, como fez em "Batman - O cavaleiro das trevas" com seu inesquecível vilão Coringa, e perturba nossa mente ao concretizar o inconsciente através dos sonhos. Inevitável não pensar que ele conhece psicanalista Jung e toda complexidade da mente humana.

"Enterrado vivo" de Rodrigo Cortés 2010



Segurei o sono para ver o filme inteiro. Terminei bem elétrica, meio insatisfeita, mas certa de valeu a pena ter visto. Para qualquer pessoa que entenda de bom roteiro e de direção, sabe quais são os grandes desafios de estabelecer relações entre os personagens nas ações dramáticas e das limitações da câmera na hora das filmagens. O diretor foi ousado e pecou no tema EUA X Iraque, mas pelo menos fugiu do estilo "Jogos Mortais" e tentou criar algo bem mais verossímil e atual, ao inserir o fenômeno das mídias.

"O segredo dos seus olhos" de Juan José Campanella 2009


Completamente engraçado e criativo. Fantástico como muitos filmes argentinos costumam ser. E nunca tinha visto um pênis tão nítido no cinema.

"Educação" de Lone Scherfig 2009



Contém a sutileza ideal para tratar de temas polêmicos e essenciais como educação, sexo, casamento, juventude e inocência.


"A estrada" de John Hillcoat 2009


Difícil não se esquivar do comentário coletivo "completamente apocalíptico". É um ótimo filme para discutir sobre a direção que o planeta e a espécie humana está tomando, enquanto continuar despreocupada com suas atitudes que agridem o meio ambiente. Lembra "Mad Max" da década de 70, mas consegue ser muito mais sombrio e apavorante por antecipar um futuro possível.

"Julie e Julia" de Nora Ephron 2009



Assistindo os extras do dvd, a diretora falava como as relações humanas costumam acontecer em torno de uma boa refeição e essa foi sua motivação para o filme. E de fato, a comida é apenas coadjuvante daquilo que chamamos de "vida". Está certo que neste filme se torna quase protagonista, mas a doçura da história está justamente nas duas personagens tão peculiares em suas motivações culinárias.

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