quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Chaplin" de Richard Attenborough 1992


Duas palavras: Charles Chaplin!

Nem Lumière, Meliès, Godard, Truffaut, Glauber Rocha, Spielberg, Almodòvar,  Burton, Fincher, Meirelles.....ninguém consegue cativar tanto minha admiração como Chaplin!

 
É na sua simplicidade que reside a genialidade. Obras de mais de 50 anos para qualquer público, em qualquer lugar, com qualquer repertório, de qualquer idade, qualquer gosto... 

Criar algo capaz de abranger o 'mundo' como público é genial! Ver qualquer obra de Chaplin pode despertar o riso, mas também promover muita reflexão, combinação que ele sabia fazer brilhantemente. "Tempos Modernos" que o diga! Mas ainda que ele seja reconhecido, nunca tive uma aula sequer sobre Chaplin, uma discussão e ele mal é citado nos livros teóricos. Uma pena! Mas com toda pessoa brilhante sempre há injustiças! Talvez a mesma injustiça que sofra Mazzaroppi, o Chaplin brasileiro!

Nesta cinebiografia, baseada no romance de sua autoria, com participação de Geraldine, neta de Chaplin, Robert Downey Junior personifica um homem inesquecível, com passado pobre e difícil, sonhador, determinado e ousado. Sua vida é mostrada desde os 5 anos de idade em Londres, em uma espontânea apresentação musical, até a ocasião em que finalmente é reconhecido pela 'Academia' e recebe o Oscar honorário pelo conjunto da obra em 1972, após anos de exílio na Suiça.


...e a peça termine sem aplausos!

Chaplin foi pioneiro e lutou por um cinema independente, e ouso dizer, um cinema autoral e único na época, ao criar o personagem que o consolidou como astro, Carlitos ou 'O vagabundo'. Através da cinebiografia descobrimos a dificuldade em lidar com a pobreza e a loucura da mãe, sua vida de mulherengo, a ausência de um pai, o início da carreira no teatro e depois no cinema, quando ainda era mera atração de trabalhadores e não se acreditava no cinema como arte.

Sua vida foi dedicada ao cinema nas mais diversas funções, comprometendo diversos casamentos e relações sociais, além da fortuna lhe render processos de paternidade e 'golpes do baú'.

Chaplin foi pioneiro na arte de fazer rir, de entreter, de falar afetuosamente com o (grande) público em tempos de guerra e crise econômica, ainda que suas críticas sociais não fossem tão explícitas e engajadas 'politicamente', como prefere Godard. Talvez um ousado 'senso comum' expresso em imagens e peripécias, que acabaram o rotulando de 'comunista' e o condenando ao 'exílio' após anos de carreira e sucesso nos EUA.

Chaplin foi muito injustiçado e talvez ainda seja, mas suas obras criadas (ator, diretor e escritor) em tempos técnicos bem limitados (sem cor e som, por exemplo) ainda provocam risos de qualquer geração. Incontestavelmente, um gênio! 

Um "Adriano" do cinema talvez, diria Freinet. Seu viés artístico estava na teimosia em não aderir ao som por anos, argumentando que o cinema falava pelas imagens. Talvez ele não tenha teorizado sobre isso e nem discursado, mas nessa época o cinema ainda engatinhava e se consolidava como indústria (antes do estatuto de arte, conquistado na década de 60), onde foi reconhecido e disseminado pelo mundo. Que bom! Sem o cinema-indústria, talvez hoje não existisse cinema nenhum!

Para conhecer e entender Chaplin não basta ver sua tímida cinebiografia, 'veja meus filmes' diria ele! "O garoto", "Tempos modernos" (meu favorito), "Luzes da cidade", "O circo, "O ditador" e outras obras-primas! =)

  
Chaplin só queria ser amado! Mas quem não quer?! =)

Museu Chaplin aqui.

Ps.: Nesta cena é possível entender o processo de montagem no início da história do cinema!

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