quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"O som ao redor" de Kleber Mendonça Filho 2013 BRASIL


Quando um filme é super premiado, você acaba criando expectativas e esperando algo extraordinário, quando ele é justamente sobre o que não é extraordinário.
 
Um filme que não se propõe a ser poesia de nada, mas é a sua não-poesia que o torna interessante e inovador.
 
"O som ao redor" fala realmente sobre o som ao redor das coisas mundanas, principalmente das coisas cotidianas de personagens que ajudam a compor parte da classe média de um bairro do Recife. Histórias cruzadas, cada uma com sua particularidade, como um herdeiro de imóveis e seu avô com ar mafioso, as vizinhas que se odeiam, os vigilantes da rua, o casal que se beija escondido, os flanelinhas, entre tantos outros personagens passageiros ou fixos que ajudam a compor um período comum de vidas comuns.
 
Nenhum grande obstáculo ou objetivo de vida nos é mostrado, nem mesmo um personagem principal, mas apenas fragmentos de histórias, como a de um romance passageiro, o carro arrombado, o primo mau caráter, uma dona-de-casa que fuma maconha e se masturba com a máquina de lavar, o cachorro que não para de latir, o vigilante dorminhoco, a televisão nova de 42 polegadas, a reunião de condomínio, a aula de inglês das crianças, a festa de 15 anos da neta querida, o rapaz que traz a água, entre tantos personagens e acontecimentos da vida, quase nunca lembrados ou mostrados nas múltiplas histórias contadas no cinema.
 
Parece ser um filme sobre o vazio, sobre o nada, sobre o comum, articulado com os sons que narram nosso cotidiano.  Cada um desses fragmentos poderia se tornar uma história extraordinária, mas não é o que faz Kleber Mendonça. Ele parece realmente querer nos tocar através do nada, tal como a arte contemporânea consegue fazer. Tocar-nos para o banho de mar no meio da noite, para os olhos que piscam e não protegem, para o banho de cachoeira em família, para o menino que sobe no telhado, para os pesadelos na madrugada ou para os corpos nuns sobre a cama.
 
Um filme sobre as pessoas que se cruzam, todos os dias, mas nada de extraordinário acontece. Um filme sobre as nossas vidas, quando nada de extraordinário acontece. Um filme extraordinário (será mesmo?) sobre coisas que não são extraordinárias,  e que estão dispostas diante de nossos olhos e ouvidos diariamente. Basta ter um olhar (e ouvido) 'extraordinário' para compreender porque de vez em quando precisamos de filmes assim!

PS: E se você ler que o filme é sobre o impacto que um grupo de vigilantes provoca no bairro. Esqueça! Não existe impacto nenhum. Isso é o que o mercado cinematográfico (e os desinformados que perpetuam esse discurso) precisa dizer para tornar o filme mais interessante no circuito comercial. Cada personagem novo só integra esse cotidiano banal. Nada mais! =)

"Álbum de família" de John Wells 2013 EUA

 
Quem não tem uma família complicada?! Ou pelo menos, quem não teve algum conflito familiar na vida?! Se você já teve, prepare-se, ao assistir a este filme, você verá a maravilha que é sua família!! "Álbum de família" é um soco no estômago! Porque o que ele te dá de delicado, ele pega de volta e devolve com acidez e crueldade dobrada!
 
O filme abre com uma voz masculina dizendo esta frase: "A vida é muito longa!", combinada com um tom nostálgico. A voz masculina é do personagem Bev (Sam Shepard), escritor e aparentemente infeliz no casamento, que em seguida  emenda que muitas pessoas já vividas também pensaram isso, mas foi um autor, T.S. Eliot,  que a escreveu pela primeira vez, e agora, quando você quer pronunciar ou escrever esta frase, precisa citar o autor. Ele ri. Eu também.
 
Bev (de Beverly) é casado com a difícil Violet (interpretada com extrema competência pela magnífica Meryl Streep), diagnosticada com câncer de boca terminal, viciada em cigarros e remédios, e craque em fazer um cruel jogo psicológico com suas 3 filhas: Barbara (Julia Roberts), mãe e mulher traída; Karen (Juliette Lewis), 'periguete' depois dos 40, e Ivy (Julianne Nicholson), serena, mas cheia de rancores e dilemas.
 
O suicídio (discreto) de Bev unirá as 3 irmãs para decidir o que fazer com a mãe e com sua própria vida. E para que o circo fique completo, a irmã de Violet, Mattie Fae (Margo Martindale), com o marido Charles e o filho Little Charles (Benedict Cumberbatch) também aparecem. Além da presença do ex-marido (Ewan McGregor) e a filha adolescente (Abigail Breslin) da amarga Barbara e o noivo Steve (Dermot Mulroney), da periguete Karen.
 
Com tanta gente reunida, ficaria difícil não haver troca de farpas, desafetos e grandes revelações e conflitos, depois da morte do homem que parecia neutralizar aquele bando de 'loucos'.
 
 
O filme é baseado numa peça de Tracy Letts e mantém o caráter teatral com muito jogo de cena entre os personagens, com diálogos intensos, rápidos e ácidos, sempre confinados aos cômodos da casa, raramente transitando em outros espaços. E não existe lugar melhor para uma boa briga de família do que a mesa de jantar, onde as diferenças se tornam evidentes, e o riso pode rapidamente dar lugar a um comentário cruel e um prato quebrado.
 
E toda vez que você se deparar com certa doçura e delicadeza no filme, além do constante sarcasmo, prepare-se que em seguida, vem um soco no estômago!
 
 
Uma destas cenas doces é quando Little Charles ao piano canta uma canção de amor para Ivy, seu romance proibido, e sua mãe entra no recinto e rispidamente desfaz o clima. Ela está sempre o menosprezando, na verdade. As lágrimas que brotavam dos meus olhos, rapidamente secaram, diante da insensibilidade da mulher. E quando você acha que não poderia piorar, ela faz a revelação mais bombástica do filme. Outro soco horrível no estômago!!
 
 
Ao ver tanto desamor, senti até felicidade de ter uma família mais 'normal'. Às vezes precisamos do contato com o outro para perceber que a vida não é tão ruim quanto pensávamos. Mas, é claro que de vez em quando, fica difícil não pensar como a vida é loooooonga para aturar tanta baboseira! Viva a família, no amor e na dor! =)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Filmes do mês: dezembro 2013 & janeiro 2014

São atualizados no decorrer do mês. 

27V-"Truque de mestre" de Louis Leterrier 2013 EUA (2)
26V-"As bem armadas" de Paul Feig 2013 EUA (1)
25T-"Guerra é guerra" de McG 2012 EUA (1)
24T-"Um time especial" de William Dear 2011 EUA (1)
23T-"A procura da felicidade" de Gabriele Muccino 2006 EUA (4)*
22T-"Fora de controle" de Roger Michell 2002 EUA (2)
21T-"E se vivêssemos todos juntos?" REINO UNIDO (3)
20T-"Lua nova" de Chris Weitz 2009 EUA (P)*
19T-"Crepúsculo" de Catherine Hardwicke 2008 EUA (P)*
18T-"O idiota do meu irmão" de Jesse Peretz 2011 EUA (2)
17T"A hora mais escura" de Kathryn Bigelow 2012 EUA (2)
16T-"O fantasma da ópera" de Joel Schumacher 2004 EUA (3)*
15T-"Madagascar 3 - os procurados" de Eric Darnell 2013 EUA (3)
14T-"O exótico Hotel Marigold" de John Madden 2011 Reino Unido (4)
13C-"O lobo de Wall Street" de Martin Scorsese 2013 EUA (3)
12C-"A vida secreta de Walter Mitty" de Bem Stiller 2013 EUA (3)
11T-"O poderoso chefão 2" de Francis Ford Coppola 1972 EUA (4)*
10T-"Manhattan" de Woody Allen 1979 EUA (3)
09T-"O som ao redor" de Kleber Mendonça Filho 2013 BRASIL (3)
08C-"Álbum de família" de John Wells 2013 EUA (3)
07C-"O hobbit - a desolação de Smaug" de Peter Jackson 2013 EUA (3)
06V-"Uma família do bagulho" de Rawson Marshall Thurber 2013 EUA(1)
05V-"Kick Ass 2" de Jeff Wadlow 2013 EUA (3)
04V-"Amor sem pecado" de Anne Fontaine 2013 EUA (2)
03V-"O homem de aço" de Zack Snyder 2013 EUA (1)
02T-"Shame" de Steve McQueen 2011 EUA (2)
01C-"Os suspeitos" de Bryan Singer 2013 (3)
 
*Filmes Revistos
**Clube do Professor
***Curta no Intervalo
 
Organização: Ordem crescente - em números.
Nome do filme + diretor + ano + país
Códigos: X (internet), B (baixado), C (cinema), D (dvd acervo pessoal), L (locadora), T (tv), M (mostra), A (aula), V (avião)
 
Notas:
(0) dispensável
(1) ruim ou fraco
(2) razoável
(3) bom - técnica ou emocionalmente
(4) muito bom - rolou um punctum
(5) excelente - marcou minha vida
(P) prazer culpado (tecnicamente ruim, mas adorei)

"A vida secreta de Walter Mitty" de Ben Stiller 2013

 
Nos últimos anos, Hollywood parece ter decidido contar histórias atreladas às grandes marcas e o universo virtual (como era de se esperar. a cultura espelha o meio e vice-versa), como Facebook, Apple, Google e agora, a Revista Life. Que ótimo! Porque com o filme A Rede Social, (de David Fincher, 2010) pudemos conhecer melhor os bastidores da criação de uma rede social, o Facebook, na perspectiva de seu criador e o universo virtual que o envolve, além do atual conceito de 'nuvem na rede' (as informações ficam sim armazenadas num espaço físico, ok?! que no filme, começa num quarto de estudante universitário), que ajuda a compreender alguns dos impactos sociais que as novas mídias vem causando. Tem que ver!
 
No ano passado fomos premiados com o filme Jobs (de Joshua Michael, 2013), e pudemos compreender a criação de um ícone, a Apple, por seu idealizador, Steve Jobs (Ashton Kutcher) e uma maneira diferente de ver e fazer as coisas. Compreendemos melhor o conceito de economia afetiva, ao comprar uma ideia e não apenas um produto, como acreditava Jobs. Apple não é só uma marca que vende produtos, é uma ideia, uma ideologia, e quem se identifica com ela, torna-se fiel, não importa quanto isto custe. Considerada a empresa mais valiosa do mundo, o filme nos apresenta parte do universo empreendedor de Jobs e como a habilidade de 'saber vender' é a chave para o sucesso.  
 
Os estagiários (de Shawn Levy, 2013), é uma comédia mais superficial, mas que aborda o universo criativo do Google e apresenta o conflito de gerações, através de dois personagens quarentões, Billy (Vince Vaughn) e Nick (Owen Wilson), ótimos vendedores de lojas físicas, que precisam se adequar a uma nova maneira de vender e pensar virtualmente, no universo Google. O novo perfil de profissional nos é apresentado como alguém criativo, dinâmico, multitarefas, representando no filme pelas novas gerações, mas que precisa aprender a vivenciar experiências (para além da fantasia e imaginação) e dominar a habilidade da comunicação, mas não só a virtual, como bem representam os quarentões do filme.  
 
E é com essa simpatia, humor e delicadeza, que temos Walter Mitty, um funcionário da Revista Life (prestes a se transformar em mídia digital), responsável pelos negativos da versão impressa e com uma mente fértil, mas com pouca história pra contar. Baseado no conto de James Thurber (1894-1961) e dirigido e estrelado pelo engraçado Ben Stiller, A vida secreta de Walter Mitty é um filme que exige sensibilidade para ver a delicadeza que possui, além de ser engraçado e até clichê.
 
Walter é um homem comum, aprisionado a sua zona de conforto, de não ter a coragem para viver as aventuras que imagina. Quantos de nós somos assim, não?! Quando a revista anuncia a migração para a plataforma digital, Walter é responsável pela foto da última versão impressa. Este é o pontapé inicial, a chamada (real) para aventura que ele estava precisando. E a jornada em busca dessa última foto, com o aventureiro fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn),  provocará profundas transformações no personagem. Até aí, há muitas histórias parecidas e previsíveis como essa, afinal a jornada do herói é sempre essa: cumprir uma jornada e se transformar ao final, com ou sem final feliz. Mas com sensibilidade suficiente, é possível ver mais.
 
A cena mais singela do filme, é quando Sean (que me lembra Sebastião Salgado, em suas múltiplas aventuras pelos confins do mundo) se prepara pacientemente para ver o leopardo das neves (gato-fantasma) e Walter o encontra e o questiona "Você não vai tirar a foto?". Sean, que esperou pacientemente pelo precioso momento, diz que não, porque às vezes o momento onde ele se encontra é tão bom, que ele não quer ser distraído pela câmera. Ele prefere vivê-lo, já que é passageiro. Viver o que não pode ser registrado, viver o que não pode ser imaginado. A fotografia do instante não daria conta do instante vivido!
 
Esta foi umas das passagens mais sensíveis e leves que já vi e acaba por ilustrar alguns dos nossos dilemas de vida. Deixar a imaginação de lado e se arriscar mais a viver ou parar de esvaziar nossas vidas com os registros, apenas eles, tão comuns e bombardeados ultimamente (não me excluo dessa!) para realmente apreciar o momento, tão passageiro, tão efêmero e delicado.
 
Certo dia, me peguei dizendo 'ei tem que ter FOTO do brinde' e meu marido disse 'não. tem que TER o brinde!". Já pensamos em formato de imagens. Eu penso. Construímos nossa vida visualmente, como numa timeline mental, e às vezes, momentos que parecem irrelevantes para um bom álbum (virtual), deixam de ser vividos e apreciados, porque não dariam uma boa foto, um bom registro.
 
Conheço várias pessoas que se entregam ao mau humor e tédio por não ter acesso à internet em determinados lugares, sejam eles com vistas belíssimas, pessoas interessantes e experiências diferentes. Se não pode ser registrado, parece que não foi vivido. E às vezes eu realmente tenho esse sentimento,. Mas às vezes também nem desperdiço meu tempo tentando tirar a foto de um pôr-do-sol, ou de um sorriso, porque a foto é incapaz de captar o que sinto e vejo naquele momento.
 
Esta passagem singela do filme me fez pensar sobre isso. Sobre o vazio do instante e sobre aquilo que não é mostrado. Precisa ser? Pensei sobre a beleza que ainda existe no mundo, nem sempre revelada, mas talvez seja bom que seja assim. Que o que é intocado, permaneça intocado. Que cada um possa enxergar a beleza dentro de si, no instante em que estiver, num momento que não queria deixar de estar. São preciosos e passam rápido.
 
Mas talvez só eu veja tudo isso no filme. Não importa. Ele me trouxe leveza, alegria e sorriso. E a certeza de que Ben Stiller adora a palavra little em tudo, como se fosse realmente engraçado.
 
A vida secreta de Walter Mitty (sendo um filme sobre o universo - superficial - da fotografia) não pecou na excelente fotografia, mesmo que os espaços e lugares, como a Groelândia e a Islândia, contribuam pra isso. Ele tem um humor desnecessário, que poderia ser contornado com maior seriedade nos diálogos e construções das cenas, mas é Ben Stiller, gente! Vamos perdoar o cara! Ele tenta! Esse humor torna o filme mais superficial, porém a imaginação fértil de Mitty precisava criar o impossível, para que pudéssemos avaliar o que era real e o que era fruto de sua imaginação, tal como o conto parece ser.
 
Se vale a pena? Só você poderá dizer. =)

"O lobo de Wall Street" de Martin Scorsese 2014

 
Quando você procura levar a vida com mais leveza, (ou pelo menos eu) vai ficando difícil gostar de filmes com tramas tão pesadas e desnecessárias, ainda que inspiradas na 'dura' realidade da vida. Neste caso, realidade do universo sórdido (e ilegal) do mercado de ações e seu slogan de ganhar dinheiro, sem medir as consequências.
 
Um garoto pobre que queria ser rico e era esperto o bastante para atingir seu objetivo em pouquíssimo tempo. Aprendeu o suficiente para abrir o próprio negócio e conquistar gente desonesta o bastante para enriquecer e enganar os outros (endinheirados ou não) com ele. Diante de tanto dinheiro, sexo, e principalmente drogas contribuíram (como sempre) para o declínio dessa brilhante e ilegal trajetória.
 
Foi interessante (na condição de 'pesquisadora' curiosa) conhecer esse mundo 'sujo', mas não gostei do filme. Eu saí enojada. Isso é bom?! Se era o que Scorsese queria, conseguiu. Mas isso é bom?!
 
Em um parágrafo, eu poderia dizer que o filme foi esclarecedor (e exagerado) sobre o assunto (mercado de ações), tal como o pesado e inovador Cidade de Deus (Fernando Meirelles) foi sobre o mundo do narcotráfico. A combinação de humor e violência funcionou novamente. A atuação de Di Caprio foi excelente (mil personagens em um só. vale prêmio), mas detestei a figura feminina no filme, claro. As mulheres são retratadas como objetos, troféus e descartáveis, tanto nos papéis das esposas (traídas, fúteis, espancadas), como das 'milhares' de prostitutas que ajudam a ilustrar o mundo sórdido dos homens ambiciosos e sem escrúpulos. O filme já começa com Jordan Belfort (incorporado pelo premiado Leonardo Di Caprio) ganhando um boquete no carro. E é esse papel de submissão que a figura feminina vai desempenhar por todo o filme.
 
Eu já vi alguns filmes de Scorsese, mas ainda não soube identificar sua linha de raciocínio e estilo. Ação? Sarcasmo? Se existe algo de destaque no filme, é o humor e os diálogos depravados entre os personagens. O impossível e inesperado se torna engraçado, mesmo que seja um riso nervoso. Era pra ser engraçado? Di Caprio dá vida ao personagem, mas começa a revelar traços permanentes da parceria entre ele e Scorsese. O mais do mesmo, como diria meu marido. 
 
Mas porque continuo achando este, um filme tão desnecessário? Seria minha visão mais 'pollyana' da vida? Seria a repulsa pelo papel feminino no filme? Seria por ver um personagem que até simpatizei (porquê diabos!) não se dar mal no final? O que causaria este mal estar? Estaria aí, a tentativa de Scorsese? De provocar mal estar, chocar, escancarar um mundo superficial e cruel que é (ou pelo menos, um dos lados) o mercado de ações? Um misto de ambição, ingenuidade, confiança e gente traiçoeira?
 
Baseado no livro de memórias do verdadeiro lobo de Wall Street (sim, ele existiu!), a narração de Jordan dá dinamismo às cenas e ao filme, o que o torna peculiar, já que apresenta apenas o ponto de vista de quem aplica os golpes, mas nunca as 'vítimas' (ambiciosas, mas vítimas). Nem as vemos, portanto não nos identificamos com elas. Estaria talvez aí a explicação pra se identificar com o protagonista. Sórdido, mas divertido! Será?